quinta-feira, 4 de março de 2021

Manaus: dicas e roteiro

Manaus é uma cidade que dificilmente entra na rota turística brasileira. Quem viaja ao Amazonas, com razão, em geral está bem mais interessado na Floresta do que na sua capital. 

A impressão geral que as pessoas têm de Manaus é de uma cidade grande, feia, caótica e com um calor sufocante. Eu não discordo 100% dessa opinião - mas, depois de 2 viagens para lá, não acho que Manaus esteja no ranking de piores capitais brasileiras, nem de longe. Não é uma cidade espetacular, mas achei bem mais bonita e interessante que muitas outras, como Goiânia, Vitória, Belém, Cuiabá, Campo Grande e até mesmo Natal.

No último post contei sobre o passeio de barco chamado Safári Amazônico, que fizemos em Manaus, e NÃO recomendamos - clique aqui para ler.

Agora, neste post, vou falar sobre as outras atrações da cidade e dar dicas sobre cada uma delas.



1. Ponta Negra

É o bairro mais nobre e a principal praia de Manaus, às margens do Rio Negro. O calçadão é amplo e bom para caminhada, embora tenha apenas 1,5km de extensão. É repleto de praças, quiosques e quadras esportivas públicas (joguei vôlei todos os dias). Fica lotado especialmente nos finais de tarde, pois oferece um bonito pôr do sol no rio.

Quando estive lá pela segunda vez, no ano passado, a praia da Ponta Negra estava interditada por causa da pandemia - só se podia caminhar no calçadão, mas não era permitido entrar na parte da areia. Obviamente, isso acabava causando mais aglomeração no calçadão, além de incentivar as pessoas a passearem nos shoppings da cidade, que permaneciam todos abertos.




A gente sempre dá um jeitinho!




O calçadão "de baixo" estava fechado também



Em Ponta Negra também está o Tropical, o melhor hotel de Manaus, com mais de 30 andares:


Ano passado, o terraço do hotel estava fechado e era proibido subir - porém, como nós não somos fáceis, entramos no hotel fingindo ser hóspedes, pegamos o elevador até o último andar, fomos abrindo umas portas... e chegamos lá! Foi tão tranquilo que acabamos fazendo isso 3 vezes, uma bem cedo de manhã, uma no fim da tarde e outra à noite. É certamente a melhor vista da cidade:








2. Centro histórico

O centro de Manaus, ao lado da área do porto, também não decepciona - é mais bonito que o de muitas cidades brasileiras:

Catedral Metropolitana

Praça em frente ao Teatro


Bares em frente ao Teatro

Relógio Municipal

Porto

Porto

Biblioteca Pública

Praça da República



Monumento dos continentes

Palácio da Justiça

Bar no centro

Monumento dos Continentes

Monumento dos Continentes


A grande atração do centro de Manaus é o Teatro Amazonas. Para conhecê-lo por dentro, é preciso fazer uma visita guiada em grupos, que custa R$20 por pessoa (R$10 a meia entrada) e dura de 40 a 50min. Durante a pandemia, está sendo necessário agendar a visita previamente pela internet - porém, quando chegamos lá, nos encaixaram em uma visita que já ia começar, pois vários inscritos não haviam comparecido.







Outro lugar legal para visitar no centro é o Palácio Rio Negro, um museu com entrada gratuita:







3. Praia da Lua

Uma praia do Rio Negro que só pode ser acessada por água, partindo da Marina do Davi, perto da Ponta Negra. O transporte de lancha até lá parte de hora em hora e custa R$8 por pessoa, cada trecho.

O passeio à Praia da Lua foi uma das experiências mais intensas que já tivemos em todo o nosso currículo de viagens.

Chegamos na Marina do Davi e perguntamos aos barqueiros se eles estavam operando, pois teoricamente todas as praias de Manaus estavam interditadas. Eles disseram que a Praia da Lua de fato estava fechada - porém, como não há nenhuma fiscalização lá, eles poderiam nos levar. Embarcamos junto com um grupo que estava indo para uma outra comunidade mais além (as lanchas funcionam como transporte público para essas pessoas), e só nós 2 descemos na Praia da Lua, que ficava na metade do caminho. Para voltar, acertamos que uma lancha passaria lá para nos buscar à tarde.




A Praia da Lua estava inteiramente vazia, com todas as barracas fechadas e ninguém por lá. Andamos vários km na areia e, em todo o trajeto, vimos apenas um casal, que morava numa casa ali perto. Surreal! 





Não achamos a Praia da Lua nada de mais. A parte mais interessante foi esta pequena área de falésias:





Fizemos um lanche, tomamos vários banhos de rio e a hora que tínhamos marcado com os barqueiros foi passando. Bem ao longe, víamos algumas lanchas indo e vindo, mas nenhuma vinha na nossa direção. Ficávamos gritando e acenando como se fôssemos náufragos, mas ninguém nos via. Conclusão: eles haviam se esquecido de nós, num lugar completamente deserto, sem sinal de internet e sem nenhuma conexão de carro com Manaus.

No meio dessa situação tensa, o céu escureceu e uma grande tempestade se armou. Antes mesmo de começar a chover na Praia da Lua, as nuvens foram se dissipando e nós vimos no céu um fenômeno impressionante, que me lembrou a aurora boreal. Eu não fazia a menor ideia do que era, mas depois pesquisei no google e descobri que se tratava de "nuvens iridescentes" - leia sobre isso neste link. Infelizmente, a câmera do nosso celular não conseguiu captar as luzes muito bem:






Após a passagem do fenômeno, voltamos a nos preocupar com a nossa situação. Foi então que, por milagre, chegou uma lancha particular na Praia da Lua - era um grupo de amigos que faria um passeio para uma ilha mais além, mas, devido à iminência da tempestade, tinham decidido parar na Praia da Lua. Foi a nossa salvação, pois assim eles nos deram uma carona de volta para Manaus. 

No fim foi ótimo os barqueiros terem esquecido de nós, pois só assim presenciamos o fenômeno das "nuvens iridescentes".


4. MUSA - Museu da Amazônia

Uma das atrações mais superestimadas que eu já visitei. Em qualquer relato sobre Manaus, na internet, as pessoas recomendam visitar o MUSA. O ingresso é bem caro para padrões amazonenses - R$30 a visita livre e R$50 a visita guiada.

O MUSA fica numa zona mais afastada da cidade, e chegar até lá custa caro também - nosso Uber de ida, partindo do bairro Planalto (próximo à Ponta Negra) saiu R$25, de manhã. Para voltar, depois do meio-dia, simulamos a corrida e deu quase R$50. Para economizar essa grana pegamos um ônibus, mas foi uma experiência horrível - o veículo estava absolutamente saturado de gente, e parava a cada esquina. O calor era tanto que a gente ficava pingando suor dentro do ônibus, ainda mais devido ao uso da máscara. O trajeto até o centro durou mais de 1h, e depois ainda tivemos que pegar outro ônibus para a Ponta Negra.

E o pior foi que fizemos tudo isso para um passeio que, na nossa opinião, não valeu nem um pouco a pena (felizmente nosso ingresso foi uma cortesia). O museu é na verdade um jardim botânico, com algumas poucas áreas fechadas de exposição e uma trilha pela mata com painéis informativos sobre as árvores locais. Também tem um serpentário (nos disseram que as cobras são todas provenientes de cativeiro, porém mesmo assim eu não gosto de ver animais presos), um borboletário e um laguinho artificial com vitórias-régias. 










A única atração do MUSA que eu realmente gostei foi a torre de observação, que tem 42m de altura. Passamos uma meia hora lá em cima só olhando para as imensas copas das árvores:



Na verdade, eu acho que o MUSA tem tantas avaliações positivas na internet porque representa uma fração da Floresta Amazônia numa área bem próxima ao centro de Manaus, o que facilita a vida dos turistas menos aventureiros. Porém para nós, que tínhamos acabado de voltar de uma estadia de 11 dias em Balbina, uma área selvagem no coração da floresta, visitar o MUSA foi uma experiência artificial e bem dispensável. Não vou dizer que é um passeio ruim, mas com certeza não vale os R$30 ou R$50 do ingresso, muito menos o perrengue para chegar lá (ou você paga caro no Uber, ou passa sufoco no ônibus).


5. INPA - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

Funciona como uma espécie de museu, com algumas áreas fechadas de exposição e outras abertas, de contato com a natureza. Também há diversos animais que foram resgatados e estão passando por tratamento, antes de serem soltos novamente. 

Eu visitei o Inpa em 2013, antes de ele passar por uma grande reforma. Dizem que agora está bem melhor do que era naquela época, mas não conseguimos visitá-lo desta vez pois estava fechado devido à pandemia. 

O ingresso custa R$5.








6. Encontro dos rios

O famoso encontro das águas escuras do Rio Negro com as águas mais claras do Solimões acontece bem próximo de Manaus.

A melhor forma de conhecer o encontro é contratando um passeio de barco no Porto da Ceasa - custa cerca de R$20 por pessoa, a partir de 4 passageiros. Nós não fizemos este passeio.

Em 2013 visitei o encontro dos rios no final de um cruzeiro de 8 dias pelo Amazonas, e em 2020 no passeio "Safári Amazônico", sobre o qual escrevi um post - leia aqui. Não recomendo nenhum dos 2, por isso acho que o passeio que parte do Porto da Ceasa é uma ótima opção para quem está em Manaus e faz questão de conhecer essa atração.



O encontro



Nossos roteiros por Manaus


2013

20/7 - Chegada em Manaus

21/7 - Centro e INPA

22/7 - Embarque no cruzeiro pelos rios Negro e Solimões

29/7 - Retorno do cruzeiro / Ponta Negra

30/7 - Saída de Manaus


2020

24/10 - Chegada em Manaus à noite

25/10 - Passeio "Safári Amazônico" / Ponta Negra

26/10 - MUSA / Ponta Negra

27/10 - Centro / Ponta Negra

28/10 - Praia da Lua / Ponta Negra / Centro à noite

29/10 - Saída de Manaus



Grandes amigos que tornaram nossa viagem muito melhor!


O que fazer no AM, além de Manaus

Sem dúvida nenhuma, a melhor dica que eu posso dar é: vá para a região de Presidente Figueiredo, a terra das grutas e cachoeiras. O acesso é super fácil, os passeios são baratos e as paisagens espetaculares. Vale muito a pena!!

Passamos 11 dias nessa região, hospedados na Vila de Balbina, e falei tudo sobre esse destino neste post:

Presidente Figueiredo, AM - dicas e roteiro



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Sobre nossas outras viagens econômicas pelo Brasil, leia abaixo:

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