quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

O contraste de Swakopmund




No último post falei sobre a região do Deserto do Namibe, que compreende grande parte das atrações da Namíbia. Continuando nessa área, a cidade de Swakopmund é quase como se fosse a capital do deserto, uma parada absolutamente obrigatória. O contraste é tanto a ponto de essa ser a única cidade do mundo encravada na areia, à beira do mar e que nos faz sentir como se estivéssemos Alemanha. Parece incrível, mas tudo isso é verdade – e por essa razão Swakopmund é uma das cidades mais interessantes que eu já conheci.


Aventuras no deserto em Swakopmund




Mas, antes de chegar lá, algumas fotos da estrada por onde passamos, vindo da fazenda do Sr. Boesman, perto de Solitaire:









Região da Duna 7, a mais alta duna de areia do mundo:








Moon Landscape, uma paisagem que, de tão surreal, lembra a lua:










A marcação da linha imaginária do Trópico de Capricórnio (que também passa pelo estado de São Paulo):







Chegamos em Walvis Bay por volta do meio-dia, após 4h horas de viagem de caminhão. Fizemos um rápido passeio a pé pelo calçadão, à beira de uma grande lagoa onde, bem ao longe e de binóculo, pudemos avistar os famosos flamingos, que são o símbolo dessa cidade (impossível fotografá-los daquela distância!).


Caminhada pelo calçadão

Mansões onde os famosos de Hollywood passam suas férias de verão

Praia de Walvis Bay, com a areia do deserto

De um lado da estrada é mar, do outro deserto


Almoçamos cachorro-quente em Walvis Bay e em seguida completamos nossa viagem até Swakopmund, em cerca de meia hora.


Chegando lá, fomos direto para uma agência de aventura – afinal, como eu já tinha dito em outros posts, Swakopmund é um grande polo turístico para praticantes de esportes radicais. Depois de assistirmos a um breve vídeo sobre as atividades propostas (paraquedismo, sandboard, cruzeiro com golfinhos, entre outras), cada um do nosso grupo decidiu como preencher o seu dia seguinte, que seria livre (uma folga para o guia e o motorista). Tudo era caro, e eu optei por fazer apenas uma excursão de quadriciclo pelas dunas, com duração de (segundo a minha memória) aproximadamente 2 horas.


Meu grupo nesse passeio tinha 5 pessoas, sendo uma delas minha colega de excursão e outros 3 que não conhecíamos, uma irlandesa e 2 americanos. Nós dirigíamos sempre em fila, seguindo o guia. De vez em quando fazíamos paradas para fotos ou para ouvir alguma explicação sobre as dunas.











Uma dica valiosa: tenha MUITO cuidado ao dirigir um quadriciclo! Eu acelerei demais numa curva e voei (literalmente) do carrinho, sendo arremessado a mais de 5 metros de distância dele. E, como eu era o último da fila, ninguém me viu cair e eu fiquei ali uns 2 minutos atirado na areia esperando que dessem pela minha falta e viessem me resgatar! No final deu tudo certo e não me aconteceu nada de mais, mas bati com força minhas costelas e fiquei com elas doendo até o dia seguinte!



No mais, vale muito a pena fazer essa excursão – é fantástica a sensação de dirigir um quadriciclo no deserto!
 








Mesmo que você não seja um esportista radical, uma visita a Swakopmund compensa por muitos outros motivos. Por ser uma das pouquíssimas colônias alemãs em plena África, tudo na cidade lhe fará sentir-se como na Europa, praticamente num vilarejo alpino (é sério!). Os nomes das ruas são todos em alemão, a arquitetura é alemã, todos falam alemão, o cardápio dos restaurantes é em alemão e, por todos os lados, víamos alemães que fazem de Swakopmund seu recanto sossegado de férias, para escapar do rigoroso inverno europeu. No meu primeiro post no blog, sobre Victoria Falls, eu critiquei a cidade e citei a seguinte frase:
 
"O fato é que a cidade é bem feia, e estar no meio da África não é desculpa para isso, pois conheço outras cidades africanas, menos turísticas, que souberam aproveitar muito melhor o espaço que têm.".



Swakopmund é um belo exemplo de cidade que sabe, como ninguém, explorar o que tem de melhor. O centrinho de compras é igual aos europeus (ou ao de Gramado), tudo é muito bem cuidado, todas as ruas são asfaltadas e bem sinalizadas, a cidade é arborizada, o povo é educado, as praias são limpas... isso sem falar do grande calçadão de Swakopmund, de frente para o mar, por onde eu passei umas 3h caminhando. Falando do mar, foi lá que eu mergulhei pela primeira vez fora do Brasil!



Casarões de veraneio à beira-mar

O calçadão

Centro histórico de Swakopmund

Pôr do sol

A praia, bem parecida com as nossas





Todo esse post foi para dizer que Swakopmund não é a coisa mais bonita que tem na África, nem na Namíbia, mas sem dúvida é uma das mais surpreendentes. É primeiro mundo, só isso!




Nos próximos posts continuamos nossa viagem pela Namíbia – não deixe de acompanhar!





quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Duna 45, Deadvlei e a incrível fazenda do Sr. Boesman

Logo que eu contratei a excursão de caminhão com a Nomad Adventure Tours, pela internet, e li o roteiro completo, já soube que a grande atração da viagem, que supera todas as outras, seria a imponente Duna 45.




As dunas alaranjadas do Deserto do Namibe (por causa da forte presença de ferro na areia), dentro do Namib-Naukluft Park, recebem números em vez de nomes. Entre todas, sem dúvida a de maior prestígio é a grande Duna 45, alegada por muitos (inclusive pelo site da Nomad) como sendo a maior duna de areia do mundo. Chegando lá você vê que não é bem assim - existem algumas outras bem mais altas que a 45, sendo a Duna 7 a campeã, com incríveis 383m de altura (praticamente um prédio de 130 andares, algo que nem se consegue imaginar!).

Quanto à Duna 45, com seus reles 170m de altura, apesar de não ser a mais alta, leva o título de mais turística por ser aquela que apresenta a melhor vista panorâmica do deserto. Enquanto nos outros pontos que tínhamos visitado na Namíbia até então não havia mais nenhum turista além do nosso grupo, aqui na Duna 45 eu pude perceber que não, a Namíbia não é tão desconhecida assim! Para os europeus ela é tão comum quanto a Austrália é para nós, brasileiros. Diversos grupos de turistas se aglomeravam ao redor da duna, pelas 5h da manhã, ansiosos para iniciar a sonhada subida, o que me surpreendeu e muito. Nunca imaginava que a Duna 45 poderia alcançar tamanha popularidade.




Outra característica surpreendente da Duna é que - preste bem atenção - ela possui um estacionamento!!!! Sim, no meio do nada, em pleno interior do Deserto do Namibe, é possível chegar de carro (e até de caminhão) à Duna 45. É ou não é primeiro mundo? 




E mais uma vez vou reiterar: nada parece ser pago na Namíbia, todas as atrações são gratuitas (exceto, é claro, a entrada ao grande Parque Nacional de Etosha, mas sobre isso vou falar em um post específico mais tarde).

Voltando à logística da Duna, chegamos lá de caminhão pelas 5h, horário ideal para evitar o calor do deserto e a areia quente sob os pés. 


Antes de iniciar a "escalada"


O guia da Nomad nos aconselhou que, mesmo assim, subíssemos de tênis - o que se revelou uma enorme indiada! A areia não estava nem um pouco quente àquela hora da madrugada, e subir 170m de areia fofa usando tênis não foi uma das atividades mais fáceis e prazerosas. De qualquer forma, não é tão difícil assim devido à grande inclinação da duna - e certamente o percurso pode ser feito por pessoas de qualquer idade, desde que tenham um mínimo de preparo físico.

Chegando ao topo a tempo de ver o nascer do sol, posso concluir que de fato chegamos ao clímax da nossa viagem! É uma sensação incrível ver o deserto de cima, não enxergar nada a não ser montanhas de areia até a linha do horizonte. Certamente a subida ao topo da Duna 45 foi uma das coisas mais incríveis que eu já fiz!








 Depois de passarmos um bom tempo sentados admirando o espetáculo da aurora no deserto, descemos correndo pela duna (muito bom, mas entupiu meu corte de areia) e voltamos ao estacionamento, onde o caminhão nos esperava com sua mesa posta e repleta de café, pães, biscoitos, manteiga, queijo, frutas, etc, etc. 


 
Nossos colegas de café da manhã



Comemos ali mesmo, na porta de entrada da duna, e em seguida iniciamos a segunda parte da nossa visita ao deserto, e que, se não superou a primeira, ficou num empate técnico. Trata-se do não menos famoso Deadvlei - ou Dead Valley, ou Vale Morto.

Do estacionamento da Duna até o Deadvlei são aproximadamente 15min, mas esse percurso não pode ser feito de carro nem de caminhão, pois a areia é muito fofa e os veículos atolam. Como esse passeio não estava incluído no pacote da Nomad, eu e todos os outros integrantes do grupo fomos até o vale de jipe, com tração 4x4, pagando (se eu não me engano) 10 dólares namibianos (aproximadamente R$ 2,25). Pode ser que eu esteja me enganando e o preço seja USD 10, mas acho que não era tão caro assim. E pelo que eu vi é bem tranquilo fazer esse trajeto com o jipe, pois o tempo todo eles ficam indo e voltando com os turistas.

Chegamos rapidamente ao nosso destino, e mais uma vez fomos tomados de surpresa pela incrível paisagem que se abriu à nossa frente. 


Chegada ao Deadvlei

 
O Deadvlei antigamente era um pântano, que acabou secando, transformando-se em um solo de argila branca e matando suas árvores (daí o nome: vale morto). O resultado desse processo é uma paisagem que lembra uma pintura japonesa, com seu contraste de tirar o fôlego. Um dos lugares mais fotogênicos que eu já visitei, com suas cores exuberantes e bem marcadas - o marrom dos troncos, o branco do chão, o vermelho das dunas e o azul do céu. Dá vontade de ficar horas por lá só tirando fotos criativas e dos mais diversos ângulos. 
 





 


As possibilidades eram infinitas, mas nosso tempo infelizmente não - e por isso só ficamos no Deadvlei por pouco mais de meia hora. Depois disso voltamos de jipe até o nosso caminhão, onde embarcamos para seguir mais uma viagem, desta vez rumo à região de Solitaire (cerca de 1h30 de viagem). Nosso destino era uma grande fazenda, pertencente à família Boesman, que vive principalmente do turismo, recebendo grupos da Nomad e, acredito, também de outras agências. 

Chegamos à fazenda no meio da tarde, montamos nosso acampamento e em seguida partimos para um passeio numa caminhonete 4x4 conduzida pelo Sr. Boesman em pessoa, pelos interiores da imensa propriedade. 


Nosso acampamento na fazenda

O Sr. Boesman explicando que antigamente a região era bem mais árida

A caminhonete 4x4 desbravando a paisagem



Um escorpião no nosso caminho

Passamos por muitas zebras, mas elas fugiram e não deixaram ser fotografadas - o jeito foi registrar a pobre zebra morta e destroçada


Extremamente culto e entusiasmado, o Sr. Boesman nos explicou, ao longo do tour, sobre a importância do clima desértico para algumas espécies que não sobreviveriam em diferentes condições. Também contou sobre os hábitos e costumes do povo ancestral que habitava a Namíbia - o povo "San", que vivia da caça de pequenos animais. 

Por fim, ele nos conduziu a um dos ambientes mais bonitos da viagem: o alto de uma colina onde misturam-se a areia do deserto, a vegetação rasteira amarelada característica da Namíbia e as montanhas ao fundo, tão bem desenhadas que parecem ser de brinquedo. Uma paisagem harmônica e inesquecível!



O formato triangular perfeito de algumas montanhas





Depois de muito andar e de muitas explicações (o passeio levou um bom tempo!), voltamos para o nosso acampamento, onde o guia e o motorista da Nomad haviam ficado preparando o jantar. Tinha sido um dia muito bem aproveitado, que incluiu 3 das atrações mais incríveis que a Namíbia oferece: a Duna 45, o Deadvlei e (por que não?) a fazenda do Sr. Boesman, que me surpreendeu demais pela beleza do lugar.

No próximo post, seguimos ao norte para Swakopmund, um pedacinho da Alemanha no meio da Namíbia e que é o paraíso africano dos esportes radicais!