quarta-feira, 30 de março de 2016

San Andrés - 10 perguntas e respostas

Em dezembro do ano passado, no meio da nossa viagem de quase 2 meses pelo noroeste da América do Sul, reservamos alguns dias para curtir a ilha de San Andrés, que cada vez mais é procurada pelos brasileiros! Com certeza esse foi um dos pontos mais altos de todo o roteiro, junto com Galápagos e o sul da Colômbia. 

Seguem algumas perguntas e respostas cheias de dicas para quem quer conhecer esse paraíso caribenho:




1. Onde fica? 

Apesar de pertencer à Colômbia, San Andrés fica em pleno mar do Caribe, próximo à costa da Nicarágua.




2. Como chegar lá? 

Você pode comprar uma passagem de ida e volta desde o Brasil (sempre há promoções para San Andrés, mas não voos diretos). Mas, se quiser fazer uma viagem mais completa pela Colômbia, pode alcançar a ilha de uma maneira mais barata do que imagina: em um vôo da companhia VivaColombia - a low cost colombiana, que tem tarifas por um preço realmente muito bom. Nesse caso, é recomendável que compre ida desde Cartagena e volta para Bogotá, ou vice-versa. Atenção: o site não permite que você compre passagem só de ida para San Andrés. E não esqueça de, quando emitir a passagem, já pagar também pela sua bagagem - se deixar para pagar no aeroporto, será bem mais caro.

No aeroporto de partida (na Colômbia), você terá que pagar uma taxa para a visitação da ilha, no valor de 50.000 pesos colombianos (mais ou menos R$65). 

E mais uma informação sobre viagem à Colômbia: pela primeira vez na minha vida, me pediram no aeroporto de Porto Alegre que eu mostrasse a minha passagem de volta (que no caso era da Bolívia, e aceitaram numa boa). Se você comprar a passagem, claro que terá a volta - mas se emitir com milhas, saiba que precisa emitir a passagem de volta antes da data da sua ida, para apresentar no aeroporto.



3. Quando ir?

A época de chuvas vai de maio a dezembro, então evite esse período (mas nós fomos em dezembro mesmo e só pegamos dias bons).



4. Qual moeda levar?

A moeda local é o peso colombiano, mas não troque no Brasil reais por pesos, pois a cotação é desvantajosa. Por mais que o dólar esteja caro, leve dólares e troque em San Andrés por pesos. Se for também a outras cidades na Colômbia, não há necessidade de trocar muito dinheiro antes de chegar em San Andrés, pois encontramos lá uma cotação mais favorável do que em Bogotá, Cartagena e outras cidades do país.



5. Quanto dinheiro levar?

San Andrés é cara se comparada a outros destinos na Colômbia, que de modo geral é um país barato. Você pode se hospedar em locais bem baratos (como o que nós ficamos, veja abaixo) ou em resorts all-inclusive - tem para todos os gostos. Pode fazer comida no hostel ou sair para jantar, tudo vai depender do quanto você quer gastar. Os únicos custos dos quais não se pode fugir são a taxa de visitação e os passeios de barco (veja nos próximos itens).



6. Onde se hospedar?

Nós tivemos muita sorte com a hospedagem em San Andrés. Como estávamos junto com duas tias minhas nessa parte da viagem, escolhemos uma pousada que oferecesse quarto com banheiro privativo. Reservamos 2 quartos duplos por 5 noites na Mom Mariella, pelo Booking.com, e o valor que pagamos foi 80.000 pesos (menos de R$ 100) por quarto, por noite - um excelente custo-benefício. 

É uma pousada bem simples, familiar, com apenas 4 quartos, comandada por uma senhora chamada Glória e seu irmão. Eles fazem de tudo para ajudar os hóspedes: dão todas as informações possíveis, providenciam aluguel de carrinho de golfe (leia nos próximos itens), fazem câmbio de moeda (pela mesma cotação das casas de câmbio, ou até melhor), vendem galões d'água a um bom preço, e o principal: vendem excursões de barco por preços muito mais baratos do que em qualquer outro lugar! Isso porque as agências de turismo comissionam os donos de hotéis/pousadas que vendem os tours, só que Glória abre mão da sua comissão e cobra dos clientes exatamente o valor que ela repassa à agência (leia mais sobre isso no tópico "excursões", mais abaixo).

Os quartos da Mom Mariella são bem espaçosos e têm ar condicionado (o que é importante em San Andrés, mas não tanto quanto no norte da Colômbia). Os banheiros são privativos, mas não tem água quente no chuveiro, ela sai na temperatura ambiente, que é morna - mas acredite, você não vai precisar de água quente em San Andrés! Há uma cozinha bem equipada (não tão limpa, mas ok) onde você pode preparar suas refeições - mas lembre-se de que a água da torneira em San Andrés é meio salgada, imprópria para beber e cozinhar. A sala de estar da pousada também é compartilhada pelos hóspedes e a internet wifi funciona bem em toda a casa, inclusive dentro dos quartos. 

O único pequeno inconveniente da pousada é a sua localização - em cima de um morro, não tão próxima do centro (uns 20min caminhando). Mas um amigo da Glória, chamado Jorge, é taxista e leva os hóspedes para o centro, aeroporto ou qualquer outro lugar, por um valor menor do que os outros taxistas (mais ou menos 70% do preço tabelado).

Em resumo: vale muito a pena ficar na Mom Mariella! Não conheci outros hotéis em San Andrés, mas posso garantir que é furada ficar em qualquer all-inclusive. Como tudo o que tem para fazer na ilha fica obviamente fora do hotel (praias, passeios de barco, etc), você provavelmente não vai estar lá durante o dia para aproveitar as mordomias!



7. Como é a estrutura da ilha? 

Considerando que fica no meio do Caribe e pertence à Colômbia, é até razoável a estrutura de San Andrés - ruas bem pavimentadas, relativa segurança para caminhar, sinalização ok, transporte público ok. Mas para uma ilha que cobra taxa de cada turista que pisa lá, com a suposta alegação de usar esse valor na manutenção do local, algumas coisas são intoleráveis - principalmente no que toca ao aeroporto.

O aeroporto de San Andrés parece ter sido tirado de um livro de piadas de mau gosto. Num lugar que faz calor de 40 graus, não tem nem ar condicionado no térreo (onde se faz o check-in, que com sorte demora 2h), e apenas 2 ventiladores! A fila da VivaColombia demora um século, mesmo se tiver pouca gente, e nos disseram que é sempre assim, todos os dias - um funcionário (sem nenhuma pressa) para atender mais de 200 passageiros, e se formam 3 filas ao mesmo tempo e ninguém entende a ordem do atendimento. É claro que o voo sempre atrasa! O nosso era para sair de San Andrés às 12h10, e acabou decolando depois das 15h, em um dia de perfeitas condições climáticas.

As vozes que falam no auto-falante do aeroporto remetem ao filme "Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu" - falam todas ao mesmo tempo, se interrompem com frequência e às vezes até discutem entre si. O mais engraçado foi quando (com todos os passageiros estressados com o atraso inexplicável) a voz anunciou o número do nosso voo e falou: "Atenção passageiros do voo x (pausa de uns 5 segundos) - permaneçam sentados!". Tem que rir pra não chorar!



8. O que fazer por conta própria em San Andrés?


A primeira coisa é alugar um carrinho de golfe - o meio de transporte oficial dos turistas em San Andrés, que é facílimo de dirigir não passa de 30km/h. Nós pagamos 160.000 pesos, que é o valor da diária - recebemos o carro no começo da manhã, na nossa pousada, e o devolvemos no mesmo lugar, às 18h. Quem providenciou tudo foram os donos da pousada, e eles exigiram que eu apresentasse a carteira de motorista.



A estrada que dá a volta na ilha


É recomendável que você alugue o carrinho já no seu primeiro dia em San Andrés, para dar toda a volta na ilha, que não é muito grande, e ter uma visão geral de tudo (também não fique parando demais porque senão não dá tempo!). Nos dias seguintes, você pode voltar às suas praias favoritas de ônibus (1.800 pesos), para não ter que alugar o carro novamente.

Nossas dicas de melhores atrações de San Andrés são:

* O centro, com diversas lojas, restaurantes, hotéis e um calçadão à beira-mar. É uma boa região para se hospedar. As praias próximas ao centro não são exatamente as mais bonitas, mas são uma boa pedida para um final de tarde. 







* A praia de Sound Bay, pequena mas muito boa para relaxar, pois é bem mais vazia que as outras. As cadeiras e espreguiçadeiras são emprestadas por quiosques (só tem uns 3), contanto que você consuma alguma coisa.






* A praia de Rocky Cay, onde o programa é fazer uma travessia até uma pequena ilha, que fica bem próxima a destroços de um naufrágio. Todos juram que dá para fazer o trajeto todo a pé, por bancos de areia no mar - mas acho que nós erramos o caminho, e tivemos que ir nadando mesmo.




* No extremo sul da ilha, longe do centro, está El Hoyo Soplador - traduzindo, um buraco que sopra. Já tínhamos visto algo exatamente igual no norte da Espanha, os Bufones de Pría. São fendas em rochedos próximos ao mar, e quando vem uma onda mais forte a água jorra com força de dentro do buraco.





* West View e La Piscinita - são 2 "parques" construídos sobre rochedos à beira do mar, na costa oeste de San Andrés. Oferecem tobogãs, trampolins, mesas para piquenique, bar, aluguel de pés de pato, de equipamento de snorkel, etc. Dizem que são os melhores lugares para enxergar a vida marinha dentro da ilha de San Andrés. Nós só fomos em um deles (West View), pois os 2 têm praticamente a mesma coisa, e a entrada é paga (4 pesos cada parque).





* E se sobrar um tempo não deixe de visitar a Old Baptist Church - é a igreja mais antiga de San Andrés, situada no ponto mais alto da ilha (o que não impede que você chegue lá com o carrinho de golfe). Para subir até a cúpula é cobrado um pequeno valor (3.000 pesos, se não me engano), e vale a pena: é de lá que se tem a melhor vista da ilha. A escada é muito estreita e não recomendável para crianças ou pessoas com dificuldade de locomoção!





9. E quais as excursões pagas em San Andrés?


As 2 melhores e mais pedidas pelos turistas são:

* Cayo Bolívar

Preço nas agências: 180.000 pesos
Preço na pousada Mom Mariella: 140.000 pesos 

Esse passeio dura o dia inteiro (principalmente porque a ida atrasa mais de 1h) e é caro, mas vale MUITO a pena! Cayo Bolívar é a praia mais paradisíaca onde eu já estive, com uma água em dezenas de tons diferentes de azul. Fica bem longe de San Andrés e o transporte até lá demora 50min e é feito em uma lancha rápida que joga para todos os lados - mas aparentemente é segura. O que pode acontecer é o tour ser cancelado de última hora, caso o mar esteja perigoso - nesse caso, eles devolvem o dinheiro ou reagendam o passeio. Por isso, tente ir para Cayo Bolívar o quanto antes - se deixar para o último dia, pode ficar sem!

Ao chegar na ilha, que é pequena e desabitada, o grupo fica livre para explorar, tomar banho de mar, praticar snorkeling por conta própria nos recifes próximos (eu vi 2 tubarões) ou só relaxar na areia. Bebidas e lanches ficam à disposição o tempo todo (por que será que o tour é tão caro??) e o almoço quem prepara são os guias do passeio - há 2 opções, peixe ou frango, que acompanham arroz, salada e "patacones" (uma espécie de banana frita). Nesse tour você jamais passará fome, a fartura é imensa.



Logo que chegamos o céu estava bem escuro, e mesmo assim a água brilhava!


Procurando tubarões

O almoço, no meio da selva no interior da ilha


* Aquário Natural e Johnny Cay

Preço: não lembramos exatamente, mas na nossa pousada pagamos algo em torno de 20.000 pesos por pessoa (sim, é muito barato!).

Esse tour parte de San Andrés de manhã, e a primeira parada é numa ilha bem próxima, onde existe um "aquário natural" (um local próximo a uma barreira de corais, onde se pode avistar centenas de espécies de peixes, fazendo snorkel). Essa parte do passeio é meio irritante devido ao número imenso de turistas em uma ilha tão pequena, pois o tempo todo você está esbarrando em alguém.





A segunda parte do tour vai até a ilha de Johnny Cay - e essa sim é espetacular e tem muito a oferecer! Não sei se existe, mas você pode perguntar se há uma excursão que vá direto a Johnny Cay, sem a parada de 1h30 no aquário - acho que vale mais a pena. Você pode dar a volta a pé pela ilha, tomar banho de mar e também passear pelo seu interior, onde há muitos coqueiros, muito verde e até algumas iguanas! O almoço não está incluído no tour, e você pode comer em alguma das diversas barracas que vendem comida (aproximadamente 25.000 pesos por pessoa um prato bem servido). Para voltar a San Andrés, nos ofereceram 2 horários possíveis: às 13h30 e às 15h30. Nós, é claro, optamos por voltar mais tarde.


No interior de Johnny Cay








Além desses 2 passeios, existem alguns outros que não valem a pena - com destaque para o tour das "mantarrayas", onde você pode ver, tocar e tirar muitas fotos com raias, que são domesticadas e treinadas pelos guias. Nós sequer cogitamos fazer isso porque somos contra qualquer passeio que envolva animais - mesmo que aparentemente as raias também estejam "se divertindo", é óbvio que elas são submetidas a muito estresse para viverem uma vida de circo que definitivamente não é a delas. Quando for a San Andrés, não dê dinheiro para a exploração das raias!

E por fim, uma coisa que nós gostaríamos muito de ter feito - mas não pudemos, porque (pensamos que) era muito caro - é pegar um barco ou vôo para a ilha de Providência, perto de San Andrés e que também pertence à Colômbia (o nome do arquipélago é San Andrés e Providência). Pelas minhas pesquisas na internet, chegar lá de avião era caríssimo, e de barco também não era barato. E não é que chegando na nossa pousada tinha um cartaz oferecendo o transporte de catamarã até Providência por 130.000 pesos por pessoa, ida e volta?? Nos arrependemos de não ter separado mais dias para San Andrés, pois com o tempo curto que nós tínhamos não compensava fazer esse passeio.
 

 
10. E quanto tempo ficar?

Nós ficamos 4 dias inteiros em San Andrés, e foi suficiente para conhecer tudo com calma e fazer os principais passeios - isso porque não choveu nenhum dia e pudemos aproveitar o tempo todo. 

Nosso roteiro foi:

Dia 1 - Volta na ilha com carrinho / fim de tarde em West View
Dia 2 - Cayo Bolívar
Dia 3 - Aquário Natural e Johnny Cay / Old Baptist Church
Dia 4 - Rocky Cay, Sound Bay, caminhada pelo sul da ilha, Hoyo Soplador e fim de tarde nas praias do centro

Acho que eu gostaria de ter ficado 1 dia a mais só para curtir melhor as praias. O ideal seria ficar 6 dias inteiros, contando com a possibilidade de um dia de chuva. Se você pretende também conhecer Providência, no mínimo mais 3 dias são necessários (um para ida, outro para aproveitar a ilha e outro para voltar).








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Galápagos - passeios gratuitos
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Peru - roteiro de 7 dias



*** Os valores informados são referentes a dez/2015