segunda-feira, 2 de julho de 2018

Viajando de carona pelo MS - Roteiro de 2 semanas entre Campo Grande, Bonito e Pantanal

Aqui vai o nosso roteiro pelo estado do Mato Grosso do Sul, que inclui alguns dos lugares mais bonitos do Brasil. É o itinerário ideal para quem tem umas 2 semanas disponíveis e quer conhecer bem as regiões de Bonito e do Pantanal, na mesma viagem.

*Praticamente todos os nossos deslocamentos mencionados abaixo foram feitos de carona, e no geral foi bem tranquilo viajar assim pelo MS. Nos trechos que não fizemos de carona, eu falo qual foi o nosso meio de transporte.

*Nesse roteiro, nos hospedamos em 4 cidades diferentes, que foram nossas bases para fazer os passeios, e em todas usamos o Couchsurfing. Acontece que os nossos anfitriões em Bonito e Corumbá eram dono/funcionário de hostels, então acabamos nos hospedando de graça nesses hostels.


Gruta do Lago Azul, em Bonito

Mapa do nosso roteiro - clique aqui para abri-lo e ver de perto cada lugar que visitamos.





10/5 - Chegada em Campo Grande

11/5 - Campo Grande - Jardim

Passamos o dia conhecendo 2 atrações de Campo Grande: 

- o Parque das Nações Indígenas, que é enorme e tem pistas para caminhada; 








- e o Lago do Amor, que não é tão turístico mas é interessante por ser lar de aves, capivaras e até jacarés (só de manhã), no meio da capital do estado.




À noite, fomos para a cidade de Jardim, a 3h da capital. Como já era tarde, e sair de dentro de Campo Grande pedindo carona seria um problema, combinamos uma carona paga por um grupo de Facebook. Esse é o melhor e mais barato jeito de se transportar entre as 2 cidades, pois sempre há bastante oferta no grupo. Nós pagamos R$30 por pessoa (nos buscaram em casa e deixaram onde queríamos, em Jardim), mas parece que o preço normal é R$50 (fizeram esse desconto porque éramos 2 pessoas). De qualquer forma é muito mais barato que o ônibus, que sai mais de R$70 (e demora muito mais). Há também grupos de carona entre Campo Grande e Bonito.

Jardim é uma cidade onde quase nenhum turista vai. Nós quisemos dormir uma noite lá porque 2 dos passeios que queríamos fazer na região de Bonito, o Buraco das Araras e a Lagoa Misteriosa, ficam na verdade distantes do centro da cidade, no caminho entre Campo Grande e Bonito. E a cidade que fica mais perto da região onde ficam esses passeios é Jardim. 

Acho que o nosso roteiro é acertado para quem está viajando de carro próprio ou alugado. Saia de Campo Grande e, antes mesmo de chegar em Bonito (tendo dormido em Jardim ou não), faça esses 2 passeios no caminho. Porque, se você for antes a Bonito e depois fizer um bate-volta para a Lagoa Misteriosa ou o Buraco das Araras, vai ter que voltar 1h pelo mesmo caminho que você veio (2h contando ida e volta), gastando mais tempo e gasolina.

Porém para nós, que estávamos viajando pedindo carona, apesar de termos adorado nossa estadia em Jardim, reconheço que foi um erro ter organizado o roteiro dessa forma. A estrada que vai de Jardim em direção a Bonito, pelo menos naquele sábado de manhã, estava praticamente vazia. E a estradinha de terra que dá acesso à Lagoa Misteriosa, para quem vem de Jardim, não é usada por absolutamente ninguém, já que existe outro caminho (que o Google Maps desconhece), que liga a Lagoa direto à estrada para Bonito. Veja no mapa para entender melhor:



Isso torna muito difícil chegar, de carona, de Jardim à Lagoa Misteriosa. Para quem viaja dessa forma, recomendo conhecê-la num bate-volta desde Bonito - com certeza fica bem mais longe, mas a facilidade em conseguir carona compensa.

No nosso caso, deu tudo certo porque a nossa anfitriã em Jardim foi tão legal que nos levou de carro até a entrada da Lagoa - caso contrário, muito provavelmente teríamos perdido o passeio. Como não é possível remarcar para outra data, seriam mais de R$300 reais jogados fora e um dia perdido!



12/5 - Jardim - Lagoa Misteriosa - Buraco das Araras - Bonito

Essa dobradinha Lagoa Misteriosa - Buraco das Araras é sempre feita por todos os turistas, pois os 2 passeios ficam bem próximos um do outro, e afastados de todo o resto, então é bom fazer os 2 no mesmo dia.

De manhã fizemos a flutuação na Lagoa Misteriosa (R$158 por pessoa). É uma lagoa de água bem azul, isolada no meio da floresta. Sua profundidade é desconhecida (daí o nome "misteriosa"), e o máximo que um mergulhador já chegou foi a 200m.

No passeio, você pode optar por flutuação ou mergulho com cilindro. No nosso passeio de flutuação estávamos só nós 2 com o guia, e mais um casal estava fazendo mergulho na mesma hora. Pelo que vimos, a profundidade do mergulho deles não foi tanta, e não tem muita coisa para ver debaixo d'água (na verdade é só a cor que é bonita), então acho que não compensa pelo preço, que é o dobro da flutuação.

Não há roupa de neoprene incluída no preço - se você quiser, pode alugar à parte. 









Gostamos muito do passeio na Lagoa Misteriosa, mas não considero que seja dos mais imperdíveis, entre todos que fizemos em Bonito.

O passeio durou aproximadamente 2h, contando o transporte de veículo 4x4, a pequena trilha até a lagoa e a flutuação.

O que eu achei interessante foi a área do parque onde está a Lagoa - vimos ali vários animais e uma paisagem bem típica do cerrado:







Saímos da lagoa pela estrada que leva a Bonito, e paramos em uma ponte de madeira para tirar fotos. Infelizmente, havia chovido no dia anterior e a cor da água estava turva, e não verde, como habitualmente é.




Em seguida fomos para o Buraco das Araras (R$68 por pessoa), onde fizemos o passeio entre 15h30 e 17h. Trata-se de uma grande dolina (um buraco mesmo, uma cratera), que tem o fundo inundado por uma lagoa verde e onde se pode ver dezenas de casais de araras. Porém, o melhor horário para fazer esse passeio é de manhã cedo, e no fim da tarde havia poucas araras - de qualquer forma, só pela paisagem já vale muito a pena!

O passeio é uma caminhada por uma trilha circular, de 1km, e você pode ver o buraco de 2 mirantes, um de cada lado.








No fim da tarde seguimos para Bonito, e tiramos essas fotos da estrada: 




Em Bonito, ficamos hospedados por 7 noites no São Jorge Hostel Pub, bem no centro da cidade, a uma quadra da praça principal. Nossa estadia por lá foi perfeita, e escrevi um post sobre o hostel:

13/5 - Bonito: Nascente Azul

Passamos o dia inteiro fazendo o passeio da Nascente Azul, que foi o melhor passeio "normal" (o Abismo Anhumas é surreal) que fizemos em Bonito. Leia o post sobre esse passeio, que inclui trilha, flutuação, cachoeira, lazer na lagoa, esportes radicais e um almoço delicioso:





14/5 - Bonito: Boia-cross no Parque Ecológico Rio Formoso

Passamos o dia todo aproveitando esse parque, que fica bem pertinho do centro de Bonito. Fizemos um passeio de boia-cross que recomendamos muito - leia abaixo o post:



15/5 - Bonito: Gruta de São Miguel, Gruta do Lago Azul e Sítio Ybirá-Pe

Começamos o dia bem cedo, pois nosso primeiro passeio do dia, o da Gruta de São Miguel (R$50), começou às 8h. Chegamos ao receptivo e, antes de iniciar o tour pela caverna, ficamos por ali observando dezenas de araras numa árvore e as seriemas pelo jardim.




O passeio começa com uma trilha pela mata. Logo, entramos na caverna, fazemos um circuito lá dentro, e em seguida saímos pelo outro lado, retornando no fim para o receptivo. 







Gostamos bastante do passeio, mas uma coisa me deixou com uma impressão muito negativa. Havia um turista coreano no nosso grupo, e o guia, que não falava inglês, teve a maior cara-de-pau e pediu que um dos turistas brasileiros, que falava inglês, fosse traduzindo tudo o que ele falava ao longo do tour, para que o coreano pudesse entender! É ou não é um absurdo? Não sei quem estava em pior situação, se o coreano que pagou o mesmo que qualquer um pelo passeio e não teve a devida explicação do guia, ou se o coitado do turista-tradutor, que ficou o passeio inteiro trabalhando de graça. Cobrar caro dos estrangeiros eles sabem, mas contratar um guia bilíngue (que é o MÍNIMO que se espera) não precisa.

Nosso segundo passeio do dia foi para a Gruta do Lago Azul (R$50), que fica perto da Gruta de São Miguel. Esse é o passeio mais famoso de Bonito, é o cartão-postal da região, e também é um dos que fica mais lotado. De todos os 10 passeios que fizemos em Bonito, esse foi o único que estava cheio de gente - eram hordas de turistas para todos os lados - só no nosso grupo, havia mais de 30 pessoas.

O passeio em si (sem contar toda a enrolação até começar mesmo) dura cerca de 1h30. É uma caminhada pela mata até a entrada da gruta, e depois a descida de uma longa escadaria, até chegarmos ao famoso lago azul. Sem dúvida é espetacular, e vale muito a pena os R$50 investidos - não é nem um pouco barato, mas para os padrões de Bonito é quase uma bagatela. Para quem está com o orçamento apertado, é o passeio mais imperdível.








Voltamos então ao centro de Bonito, onde almoçamos. 

Em seguida, fomos para o último passeio do dia: um circuito de arvorismo no Sítio Ybirá-Pe, que ainda nos presenteou com trilhas, tirolesas, banho de rio, stand-up paddle e os macacos mais fotogênicos que eu já vi. Valeu muito a pena e recomendamos demais esse passeio, que ainda é pouco conhecido. Leia aqui o post sobre o Ybirá-Pe:




16/5 - Bonito: Estância Mimosa

Passamos o dia inteiro fazendo outro dos passeios mais famosos de Bonito: o circuito de cachoeiras da Estância Mimosa (R$104).

Dos 10 passeios que fizemos em Bonito, esse foi o que menos gostamos. Tudo bem que o dia estava nublado e havia chovido na madrugada, então a água não estava muito verde - mas, de qualquer forma, não consegui achar na Estância Mimosa nada que valha a metade do valor que se paga.

O tour dura de 3h30 a 4h e é uma trilha (ida e volta pelo mesmo caminho) que passa por diversas cachoeiras no caminho. Só é legal para quem curte MUITO cachoeiras, pois nenhuma é espetacular, são todas quedas normais.







Por outro lado, a área do receptivo é legal, pois tem um lago onde há jacarés e algumas aves - então, quem está viajando só por Bonito e não vai ao Pantanal também tem a chance de ver esses bichos. Não acho que compense, mas se você quiser só ir até o receptivo e não fazer o passeio (vimos um casal fazendo isso), não paga nada.







E no fim da tarde, na estradinha de terra voltando para Bonito, ainda vimos um tamanduá-bandeira:




17/5 - Bonito: Abismo Anhumas

Passamos o dia fazendo o melhor passeio pago do país, em um dos lugares mais surreais que eu já visitei. Inclui descida e subida de 72m de rapel, por uma fenda na rocha, para visitar uma caverna, com flutuação/mergulho e passeio de barco num lago de água verde cristalina com formações subaquáticas de outro mundo. Se tiver condições, não deixe de fazer! Leia o post:

Abismo Anhumas - o lugar mais incrível do Brasil


Site oficial do Abismo Anhumas




18/5 - Bonito: Boca da Onça

Outro dos melhores passeios de Bonito, que conta com o mais alto rapel de plataforma do MS - mas o preço também vai quase no céu: R$218 só a trilha e R$464 a trilha + o rapel.


Também é um dos passeios mais distantes - pertence na verdade à cidade de Bodoquena, e fica a 1h10 do centro de Bonito. Marcamos a Boca da Onça para o nosso último dia porque nossa ideia era sair de manhã de Bonito, fazer o passeio e já dormir em Bodoquena, para no dia seguinte seguir viagem rumo ao Pantanal. Acontece que no meio do passeio conhecemos uma família que ia voltar para Bonito no fim do dia, e na manhã seguinte seguir para a Fazenda San Francisco, no Pantanal, e eles nos ofereceram carona em todos os trajetos. Então por isso acabamos voltando para dormir mais uma noite em Bonito - mas foi um caso bem excepcional. A melhor forma de organizar o roteiro é com certeza dormir em Bodoquena ou já seguir para a região do Pantanal no mesmo dia, se der tempo.


Chegue cedo na Fazenda Boca da Onça Ecotour, pois antes do passeio é servido um delicioso café da manhã com chipas (uma espécie de pão de queijo), queijo e requeijão coloniais, bolos, pães, etc.


O passeio  dura o dia inteiro e consiste em uma trilha ecológica de 4km, feitos bem lentamente, em que você conhece 8 cachoeiras, 4 delas com parada para banho. 


Para chegar até a área onde começa o percurso, o grupo anda alguns km num veículo 4x4, com este cenário em volta:




Para quem contratou também o rapel, a descida é feita logo no começo da trilha, antes de visitar as cachoeiras. Enquanto o resto do nosso grupo descia por uma escadaria, nós economizamos as pernas e fomos pelo maior rapel do estado, com 90m de altura. 

Se você não for fazer o rapel, peça para ir até a plataforma onde começa a descida, para apreciar a vista (não sei se deixam, mas não custa tentar):





A descida de rapel é fantástica - não só pela paisagem da Serra da Bodoquena ao redor, mas também para ver a encosta do penhasco, cheia de ninhos de urubus.

Nós levamos de 10 a 15min para chegar até lá embaixo, indo bem devagar para aproveitar bem - a velocidade é você quem controla, apertando e soltando o freio.





Em seguida nos juntamos ao grupo novamente, e seguimos pela trilha para visitar as 8 cachoeiras. Dessas, 2 se destacam:

- a Cachoeira Boca da Onça, que dá nome ao passeio e é a maior do estado do MS, com 156m de altura - tão alta que nem conseguimos tirar uma foto dela inteira:





- e a cachoeira do Buraco do Macaco, que fica escondida dentro de uma caverna e para chegar lá você precisa passar por uma fenda estreita, dentro d'água. Para tirar fotos, só com câmera à prova d'água, e, apesar de o lugar ser incrível, as nossas da Gopro ficaram péssimas:



O acesso à cachoeira é por esse buraco - Fonte: TripAdvisor

Algumas fotos das outras cachoeiras, que também não ficam muito atrás:







Veja também alguns animais que encontramos ao longo do passeio:




Aranha Caranguejeira



E no fim da tarde, quando estávamos retornando para Bonito, uma surpresa triste na estrada:






19 a 22/5 - Pantanal


Publiquei nosso roteiro de 4 dias pelo Pantanal do MS neste post, com detalhes de cada um dos passeios que fizemos e muitas dicas de como fazer uma viagem econômica por essa região, que é a mais cara que eu já visitei no mundo:

Como viajar barato pelo Pantanal do MS e do MT

Mas aqui vai um resumão do que fizemos:

19/5 - Bonito - Fazenda San Francisco - Corumbá


Saímos às 5h30 de Bonito e chegamos às 7h30 na Fazenda San Francisco, no começo da região do Pantanal. Fizemos 2 safáris, um de manhã e um à tarde, e às 17h seguimos viagem para Corumbá, onde chegamos às 20h. Ficamos hospedados por 3 noites no Hostel Pantanal Corumbá, no centro.




20 e 21/5 - Corumbá

Passamos esses 2 dias conhecendo as atrações da cidade. Caminhamos bastante pelo centro e pelo porto, vendo os prédios antigos, fomos ao Cristo Rei do Pantanal, ao Mirante da Capivara e à exposição interativa Estação Natureza Pantanal. Mas o que mais gostamos, e que é realmente imperdível, é o passeio de barco pelo Rio Paraguai, que fizemos com a agência Zé Leôncio, com embarque no porto de Corumbá. O passeio com 1h de duração custa R$25 por pessoa.

Faltou conhecermos o Museu de História do Pantanal, que estava fechado nos 2 dias em que estivemos na cidade (domingo e segunda).



Prédios históricos de Corumbá

Pôr do sol no Rio Paraguai


22/5 - Corumbá - Estrada Parque - Campo Grande

Saímos bem cedo de Corumbá, e tivemos muita dificuldade para pegar carona na saída da cidade, devido à proximidade com à Bolívia e ao tráfico de drogas recorrente na região. Fomos até o Buraco das Piranhas, uma das entradas da Estrada Parque, e de lá até a Curva do Leque, que marca o meio da estrada. A ideia inicial era conhecer a estrada toda, num único trajeto, de Corumbá até o Buraco - mas, infelizmente, como estávamos ainda no final do período de cheia, metade dela estava interditada, então isso não foi possível.



De lá, seguimos direto para Campo Grande, onde chegamos às 23h.


23/5 - Campo Grande

Passamos o dia em Campo Grande, e no fim da tarde embarcamos no ônibus rumo a Cuiabá/MT, para a segunda parte da nossa viagem.




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