segunda-feira, 25 de junho de 2018

Abismo Anhumas - o lugar mais incrível do Brasil

É impossível descrever a nossa experiência no Abismo Anhumas, mas vou tentar colocar todas as dicas possíveis neste post.

Fazer esse passeio foi uma das coisas melhores coisas que eu já fiz na vida, e sem dúvida, como diz o próprio slogan do atrativo, é "a maior aventura do Brasil".


Raio de sol que incide sobre o Abismo, de novembro a janeiro (Fonte: Viagem e Turismo)


A nossa história no Abismo, aliás, já começa com uma aventura. 

Eu já conhecia esse passeio há muito tempo, muito antes de planejar a viagem a Bonito, e, ao mesmo tempo em que queria muito fazê-lo, sabia que não ia ser possível (pelo menos não desta vez) porque era muito caro. Por sermos guias de turismo, conseguimos cortesia para visitar a maioria dos atrativos de Bonito. Porém o Abismo é diferente, pois não estamos falando de um passeio mais simples que custa R$50, R$100 ou até R$200, e sim de um esquema complexo, que envolve muito equipamento e custa quase R$1.000 por pessoa. De qualquer forma, como não custa tentar, fomos 2x ao centro de treinamento do Abismo, em Bonito, para ver se conseguíamos a cortesia, mas nunca encontrávamos a dona por lá, e os funcionários não tinham autonomia para nos ceder o passeio. 

Então, quando já tínhamos até desistido, estávamos na rua central de Bonito, às 8h da manhã, pedindo carona para ir a outro atrativo, e eis que parou um carro com uma senhora muito simpática, que nos convidou para entrar. Logo no começo da conversa ela se apresentou, e era justamente quem?? Ela mesma, Almira, a dona do Abismo Anhumas. Só de termos encontrado ela por acaso, nos dando carona, depois de nós termos procurado por ela várias vezes, já seria uma história incrível. Mas o mais inacreditável foi que, sem nem pedirmos nada, na mesma hora ela disse que nos deixaria fazer o passeio no dia seguinte pagando apenas R$150 por pessoa (o valor referente ao trabalho dos monitores e ao seguro), e ainda organizou nossas caronas de ida e volta, com a van dos funcionários. 


Foi uma daquelas coisas que a gente fica refletindo, muito tempo depois, e ainda não acredita que possa ter acontecido!


Mas vamos então às dicas práticas:


O que é o Abismo Anhumas

Trata-se de uma caverna enorme, inundada por uma lagoa verde que guarda, debaixo d'água, formações calcárias de cones gigantescos. Detalhe: a única entrada da caverna é por um buraco no "teto", uma fenda na rocha. Ou seja: nada de trilha, nada de escadas - o único jeito de entrar lá é fazendo uma descida de 72m de rapel.

* Infelizmente, é preciso equipamento profissional para tirar boas fotos durante o passeio. As nossas fotos tiradas do celular ficaram muito escuras, e as da Gopro debaixo d'água nem apareceram - então, além delas, incluí nesse post outras que peguei do google.



Onde fica

A 40min do centro de Bonito, bem perto da Gruta do Lago Azul. Mas é difícil combinar os 2 passeios, já que você nunca sabe quanto tempo vai ficar no Abismo (depende do número de pessoas no seu grupo e do seu ritmo para subir de rapel), e a Gruta só vale a pena até as 13h, para registrar a cor azul brilhante do lago. De qualquer forma, quando contratar os passeios, se informe na agência sobre essa possibilidade.





Quanto custa (2018)

Flutuação - R$910, e pode ser feita por qualquer um;
Mergulho - R$1.290, e exige o certificado de mergulhador.

Os preços não variam de acordo com a alta e a baixa temporadas.


É caríssimo, mas eu pensei: custa em média 5 ou 10x o valor de outros passeios em Bonito, e eu gostei 5 ou 10x mais do Abismo do que dos outros. Então, para os valores praticados em Bonito (que obviamente são fora de qualquer padrão de normalidade do mundo), compensa.



Quando ir

O Abismo é um dos únicos atrativos de Bonito que opera todos os dias, faça chuva ou faça sol, então você pode deixar esse passeio para os últimos dias do seu roteiro, já que não corre o risco de ele ser cancelado e você não conseguir remarcar.

A melhor época para visitar o Abismo é de novembro a janeiro, o único período do ano em que um raio de sol incide sobre a caverna, e você vê essa imagem, que mais parece uma abdução alienígena:



Fonte: Agência Sucuri

Porém, de novembro a janeiro não é uma época boa para visitar todos os outros atrativos de Bonito, já que é estação chuvosa, além de ser alta temporada, com passeios lotados e preços bem mais caros.



Com que roupa ir

Para que as cordas do rapel não lhe machuquem, é bom não ir de regata. Uma camiseta normal de mangas-curtas está ok, mas se você quiser se garantir também pode ir com um casaco (desde que não seja muito quente, pois na subida você vai suar). Também não é bom ir de bermuda, e sim com uma calça de moletom, para não ficar assado na região da virilha.



Treinamento

No dia anterior ao que você agendou o tour (ou com mais dias de antecedência), você precisa comparecer ao Centro de Treinamento do Abismo Anhumas, que fica no centro de Bonito, entre as 17h30 e as 19h. Lá você faz um treinamento do rapel, subindo até uma plataforma a 9m de altura e depois descendo, para ver se você leva o mínimo de jeito para a coisa. Se for aprovado você está pronto para enfrentar o passeio no dia seguinte. Se for reprovado (pessoas muito grandes e pesadas às vezes são, pois não conseguem subir impulsionando o corpo), pelo menos você terá todo o seu dinheiro de volta!


O treinamento

Nós fomos aprovados rapidamente - somos ambos bem leves, então para nós foi muito fácil a subida com o rapel (até apostamos uma corrida até a plataforma).

Depois, você passa para a seção do equipamento, em que você experimenta o sapato e a roupa de neoprene do seu tamanho e verifica se serviram e se estão confortáveis.




Como é o passeio

No dia seguinte, fomos com a van dos funcionários até o Abismo (mas, assim como qualquer outro passeio em Bonito, o transporte não está incluído, você precisa ir de carro ou contratar um transfer). 4 monitores nos acompanharam, e só havia 3 pessoas fazendo o passeio nesse dia: nós 2, para a flutuação, e mais 1 para o mergulho - ou seja, tinha mais guias que turistas!


A estrutura montada na entrada do Abismo é bem básica: apenas a plataforma de madeira onde fica o equipamento, com alguns bancos para os turistas sentarem. Não tem onde comprar comida, então não esqueça de levar lanches.



A fenda por onde se entra - parece grande mas não é!

Colocamos então o equipamento de rapel, e por sorte os guias tinham o suporte para acoplar a nossa Gopro ao capacete. Isso não adiantou nada, pois, como eu comentei, todas as nossas fotos da Gopro foram inutilizadas. Mas os guias são tão legais que se ofereceram para tirar fotos nossas, com o nosso celular, durante a descida (as mochilas vão numa corda separada, depois que a gente desce).

Tanto a descida como a subida são feitas em duplas - se você está sozinho, o guia irá com você. Cada pessoa controla a sua própria corda, por um freio, mas existe outra corda unindo as 2 pessoas. Então, uma não pode descer mais rápido que o outra, tem que ser as 2 no mesmo ritmo.






Por essas fotos dá pra ter uma ideia de como é estreita a única entrada da caverna - tem que ir bem devagar e cuidando para não se bater nas pedras:







Mas passando essa parte inicial, logo se abre um salão gigantesco e você pode descer apreciando a vista de toda a caverna.

A descida leva de 5 a 10min - a velocidade é você quem decide, apertando e soltando o freio. 

Chegando lá embaixo, a estrutura também é mínima, para deixar o lugar o mais natural possível - apenas uma plataforma de madeira com um banheiro improvisado.



Para começar, um dos guias levará você para um passeio de barco (que dura uns 30min), ao redor de toda a lagoa de água verde, que tem o tamanho de um campo de futebol. Ao longo do passeio o guia explica tudo sobre a história da caverna, sobre as estalactites e estalagmites e sobre o ecossistema lá dentro (sim, há vida na água, até peixes, que ninguém sabe como foram parar lá!). Tem várias paradas para fotos, mas realmente é muito difícil, pois além da escuridão ainda tem o balanço do bote, que dificulta. As únicas fotos boas foram as que o guia tirou:





As nossas mal servem para recordação:







Depois, é feita a flutuação ou mergulho. A água é gelada (17°C), mas a roupa de neoprene é de excelente qualidade, cobre o corpo inteiro e fez com que não sentíssimos absolutamente nenhum frio (só no rosto, logo ao entrar, mas depois de 2min na água já nos acostumamos).


Lá em cima, a entrada da caverna

Se a caverna por si só já é espetacular e valeria o passeio, debaixo d'água a coisa é ainda mais impressionante - você consegue enxergar incríveis formações calcárias de cones gigantescos, que parecem vindos de outro planeta. Em geral, o guia vai na frente do grupo segurando uma lanterna - porém no nosso caso, como éramos apenas nós 2, ele abriu uma exceção e deu uma lanterna para cada um de nós. Assim conseguimos aproveitar ainda mais o passeio, iluminando as formações que queríamos ver. 

A flutuação durou uns 45min, e foi tempo suficiente para dar uma boa volta em toda a área da lagoa.

As fotos abaixo são do mergulho, mas na flutuação se vê a mesma coisa - a diferença é que vemos de cima, e não de frente:


Fonte: Agência Viva Bonito

Fonte: Brasil Mergulho

E então chegamos à última parte do passeio, a mais temida por todos: a subida de volta à superfície. 

É difícil explicar exatamente como funciona o rapel (até falando não consegui me expressar, muito menos escrevendo), então só vou dizer que você precisa fazer muita força para subir. Como eu já comentei, a subida também é feita em duplas, e os 2 têm que manter o mesmo ritmo para que a corda que os une não se estique.

Na teoria parece fácil, mas a gente acabou fazendo tudo errado. A força para subir deve ser feita apenas com as pernas, mas no meu caso eu fiz com os braços também, por não dominar muito bem a técnica do rapel e por ser naturalmente desajeitado para essas coisas. Então no fim eu fiz o dobro do esforço necessário - a cada impulso que eu dava, eu voltava a metade depois, e assim a subida ficou muito mais lenta e cansativa. Também nos deixamos girar muito no ar, e nossas cordas se enroscaram várias vezes - teve momentos em que subimos grudados um no outro, e o coitado do guia teve que subir para nos desenrolar. Enfim, nunca tínhamos feito uma subida de rapel antes na vida (porque descer é muito fácil!), então acho que é normal esse tipo de coisa acontecer - o importante é agir com tranquilidade e não entrar em pânico. Como nenhum de nós tem medo de altura, levamos tudo numa boa e demos muita risada quando ficamos grudados cara a cara sem conseguirmos nos mexer.

Em média, os turistas levam 40min para completar os 72m de subida, e chegam lá em cima em nível de exaustão. Alguns, na verdade, nem conseguem subir, e os guias têm que dar um jeito de "guinchar" a pessoa. Nós costumamos praticar exercício físico todos os dias, e somos bem leves, então subimos tudo em 15min, mesmo com todos os contratempos que tivemos, e chegamos lá em cima super bem, ainda com bastante fôlego. Nas pernas eu não senti absolutamente canseira nenhuma, só nos braços (porque eu fiz força com eles e não devia). Mesmo assim, mal eu tirei o equipamento e já estava tudo ok. Mas muita gente se queixa de esgotamento, de fadiga extrema quando chegam lá em cima - tudo vai depender do seu condicionamento físico: se você for sedentário pode se preparar para ser um desses!

E aí termina o passeio, e você está livre para voltar a Bonito.


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Para mais informações, consulte o site oficial do Abismo Anhumas.

Leia também sobre outros lugares que conhecemos na nossa viagem de 32 dias pelos estados do MS e MT:






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