terça-feira, 21 de outubro de 2014

Primeiro dia em Ushuaia

No último post contei sobre a triste viagem de ônibus que fizemos entre El Calafate e Ushuaia, e do nosso arrependimento em não ter ido de avião.

Quando chegamos ao nosso destino, pelas 9h da noite, sentimos um frio que nos deu ânimo, depois de tantas horas de monotonia. Se em El Chaltén e El Calafate tínhamos pegado uns 10ºC de temperatura, sem dúvida agora estava abaixo de zero - o que eu acho ótimo!

Antes mesmo do início da nossa grande viagem pela Patagônia, já tínhamos reservado 4 noites de hospedagem em Ushuaia, no Hotel Mustapic - para os dias 18, 19, 20 e 21/2. Afinal, essa era a última cidade que visitaríamos, e pelo menos 4 noites queríamos passar lá - a ideia era ficar mais, mas, como eu já venho falando há muito tempo, flexibilidade é indispensável numa viagem pelo sul da Argentina. Como tivemos uma sorte absurda com o tempo (até então NENHUM dia de chuva), conseguimos aproveitar muito bem os nossos dias e chegar em Ushuaia em 15/02, antes do previsto. Quando percebemos que precisaríamos de mais 3 diárias no hotel, tentamos reservar pela internet e infelizmente já não tinha mais vagas! O jeito foi encontrar outro lugar para ficar essas 3 primeiras noites e, depois, ir de mudança com as malas para o Hotel Mustapic.

Esse outro hotel que reservamos foi o Antartida Argentina (não confunda com o Hostel Antartica), cuja diária do quarto duplo custou pouco mais de R$ 100. O dono e recepcionista é um japonês MUITO engraçado, daqueles que só de existir já estão contribuindo com o humor. Mesmo sorrindo de orelha a orelha, ele exigiu pagamento antecipado - coisa que até então não tinha nos acontecido na viagem. Depois, fez toda uma propaganda do hotel e prometeu que o nosso quarto teria vista para o mar. Quando subimos para ver a tal vista, lembramos na hora da pegadinha de El Chaltén, com a "janela" da pousada La Guanaca (relembre neste link). O máximo que se enxergava era um fio minúsculo de água no horizonte, entre vários outros prédios - e ainda tínhamos que nos debruçar na janela para ver!

Além disso, o quarto estava sujo! Eu nem sou de dar bola para isso, mas dessa vez achei exagerado - uma mancha marrom, de tamanho médio e aparência suspeita, bem no meio do chão do banheiro! É uma pena que eu perdi as fotos da sujeira e da vista, mas acredito que uma delas não seria tão agradável postar aqui. 

Também só para constar, as camas são horríveis - o colchão é fino e as molas embaixo incomodam demais!

A última peculiaridade do hotel é que na fachada está escrito bem grande: Hotel e Restaurante. Eles têm as mesas e tudo, e o espaço é bem bom. Como poderia ter algum desconto para hóspedes, perguntamos o que serviam e quais os preços para jantar. O japonês parecia não entender a pergunta, e no final falou que o restaurante do hotel já fechou há muitos anos, e as mesas postas são apenas para o café da manhã. Acho que nem ocorreu a ele substituir o letreiro!

Só sei que demos muita risada no hotel Antartida Argentina (até o nome é engraçado, desde quando a Antártida é da Argentina???). Se eu voltar lá algum dia certamente será para rir, e não para me hospedar!

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No dia seguinte, saímos pela manhã para conhecer Ushuaia à luz do dia. O frio intenso continuava!









Para a nossa surpresa, havia nevado muito durante aquela noite (mesmo no verão!!), e os picos das montanhas ao redor estavam todos brancos. 






No centro da cidade não havia neve no chão, mas estava tudo molhado. Passeamos muito pelas ruas centrais, chegamos à beira do Canal de Beagle e andamos por zonas residenciais. 








Fomos a pé até a zona leste, onde tem um campo muito bonito, com pastagens bem características da Patagônia:




Você não vai ter dificuldades para se localizar no centro de Ushuaia. As ruas são todas retas, com quadras em tamanho igual, como você pode ver pelos mapas:







A Av. Maipú, por ser a "beira-mar" da cidade, é a rua com menor elevação. Conforme você vai caminhando para o norte, a altitude aumenta a cada quadra - e muito! Ushuaia é uma cidade cheia de subidas, por isso ande de táxi se você não tem fôlego!

Pela tarde, já estava ventando mais forte e uma chuva fraca, mas insistente, começou a cair. Passamos nas "barraquinhas" turísticas que ficam no calçadão em frente ao porto - é ali que as mais diversas empresas tentam lhe vender seus passeios de barco. Logo de cara, decidimos contratar uma excursão: a da Isla H (Hache), oferecida apenas pela companhia chamada Três Marias. Vimos as fotos da ilha (uma das menos visitadas pelos turistas), e gostamos especialmente do roteiro do passeio, que incluía uma trilha - e não apenas navegação. 

Como as excursões pelo Canal de Beagle só saem com tempo perfeito, naquele dia (16/2) os barcos estavam todos atracados no porto, e tivemos que marcar a excursão para o dia seguinte, 17/2, às 15h. Pagamos adiantado (senão não fazem a reserva) o valor de 500 pesos (uns R$ 125) por pessoa. Muito caro se considerar que são só 4h de duração - mas infelizmente todos os passeios em Ushuaia são nessa base de preço, não tem mesmo como fugir!

Para o dia 18/2, reservamos (e pagamos) uma excursão até a Isla Pinguinera - onde, obviamente, tem pinguins! A empresa que opera o passeio é a Pira Tour e o preço é 650 pesos (cerca de R$ 170) para o tour com 6h de duração.

Nós também queríamos, durante a semana que ficaríamos em Ushuaia, conhecer o glaciar Le Martial e o Parque Nacional Tierra del Fuego, outras 2 atrações imperdíveis da região. Mas como pela primeira vez em quase 20 dias estávamos tendo problemas com a chuva, aquela tarde não estava pedindo um programa ao ar livre. 

A sugestão imediata do meu amigo foi conhecermos o mundialmente famoso Museu do Presídio de Ushuaia. Acontece que eu tenho certa relutância em relação a museus, pois nunca acho nada interessante nem bonito, e acabo sempre me entediando. Se não gostar de museu é não entender história e arte, então eu não entendo. Num museu de uma antiga prisão, ainda mais, achei que a possibilidade de eu me divertir era praticamente nula. Lembrei então que eu tinha lido em algum lugar sobre um tal Parque Yatana, uma espécie de bosque localizado ali perto, em área urbana. 

Convenci meu amigo de conhecer o lugar, torcendo para que fosse bom e não precisássemos passar a tarde trancafiados no museu! Chegando lá, ficamos sabendo que aquilo era uma atração especialmente voltada para o público INFANTIL, com um caminho de árvores enfeitado com desenhos de crianças. Tivemos que fazer um esforço monstruoso para não rir muito frente dos monitores do parque - imagine 2 adultos pagando para entrar num parque temático e ver desenhos infantis pendurados em árvores!

A solução não foi outra senão conhecer o Museu do Presídio de Ushuaia - mas isso já é assunto para o próximo post!





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