Voltando a El Chaltén, vamos falar um pouco sobre essa maravilha da natureza que é a Laguna Torre, que nós conhecemos no nosso primeiro dia inteiro na cidade.
Como estava fazendo muito sol, a temperatura não estava tão baixa - e não demorou até
começarmos a sentir calor outra vez, infelizmente! Eram mais ou menos
11h quando iniciamos a caminhada, já que havíamos perdido quase toda a manhã indo no posto de informações e reservando nossos lugares na excursão do dia seguinte (navegação e icetrekking no Glaciar Viedma).
O
"sendero" até a Laguna tem aproximadamente 11km de extensão e é muito bem sinalizado. Não é
preciso dizer que requer preparo físico, é claro - além de roupas,
calçados adequados (botas de trekking, de preferência) e uma mochila
equipada com água e comida. Na primeira parte da trilha você não passa
por nenhum rio ou lago, e por isso não pode abastecer as garrafas
d'água. Leve o suficiente para andar pelo menos umas 3h, tanto na ida
como na volta.
A trilha surpreende, antes de mais nada, pela variedade de
natureza que a compõe. Primeiro estamos no centro da cidade, depois
começamos a subir por um caminho de vegetação rasteira entre paredões
gigantescos, depois estamos no meio de uma floresta, depois chegamos a
um mirante, a uma região com pedras, um lugar cheio de árvores secas, um
rio de água transparente, outra floresta, campos abertos - é uma
infinidade absurda de cenários e sensações!
Monotonia é uma coisa que
não existe em El Chaltén, já que a cada passo você descobre um novo
panorama.
Encontramos centenas de turistas pelo meio
do caminho, a grande maioria argentinos ou europeus. Não encontramos
NENHUM brasileiro - o que vou confessar que até me agrada, pois faz jus ao nome deste blog: Turismo sem Clichê.
A
chegada à Laguna Torre é inesquecível. Após uma leve subida num morro
cheio de pedrinhas, de súbito você dá de cara com a impressionante
lagoa de água verde, servindo de base para o imponente Monte Fitz Roy.
Sempre tem algum louco que não se contenta em olhar para a paisagem e se
arrisca a dar um mergulho, o que não foi o nosso caso!
Se no Lago Puelo
e no Lago Verde a água já era estupidamente gelada, o que dizer da
Laguna Torre, cuja temperatura é de cerca de 4 graus? Só pelos blocos de
gelo flutuando você já pode concluir alguma coisa!
Depois
de alcançar a Laguna, você ainda tem a opção de andar mais 2km até
chegar ao Mirador Maestri, um ponto mais alto de onde você também pode
ver a mesma paisagem.
Eu acho besteira ir até lá, pois a visão é igual
ou pior do que a que você tem olhando de frente para a laguna. Como eu já tinha andado 11km e queria conhecer tudo, acabei indo -
mas me arrependi e não aconselho ninguém a se cansar à toa!
Voltamos
pelo mesmo caminho, admirando de novo toda a mudança (às vezes
até brusca) de ambiente. Cruzamos com diversos trekkers que recém faziam o trajeto de ida, o que nos chamou bastante atenção. Logo vimos que eles levavam nas costas toda a parafernália para acampar e passar a noite junto à laguna ou ali perto, para só no dia seguinte retornar. Eu não vejo uma única razão para fazer isso, afinal é muito melhor ir de manhã, voltar de tarde e dormir na cidade. Imagina o frio desgraçado que não deve fazer de madrugada na beira do lago! Mesmo que eles pretendessem fazer o percurso completo do Fitz Roy, por que começar àquela hora, depois das 5h da tarde?? Não acho que pôr do sol na Laguna valha tanto a pena assim!
Chegamos novamente ao centro de El Chaltén pelas
19h, totalizando aproximadamente 8h de trilha, contando caminhada de ida e volta até o Mirador Maestri (distância total: 26km) e 3
paradas para lanche. Achei um tempo bem
razoável, pois andamos num ritmo normal - devagar o suficiente para
apreciar bem a paisagem e rápido o bastante para voltar ainda de dia.
O que é necessário levar para esta trilha:
- Água;
- Comida;
- Kit Sol (óculos escuros/boné/protetor solar);
- Câmera, é claro!
Fora esses 4 itens obrigatórios, dê uma olhada na lista do post anterior e complete seu equipamento com outros objetos opcionais!
Nós gostamos tanto de ter feito esse passeio até a Laguna Torre que o dia 09/02 bateu o recorde de melhor dia da viagem até então, superando até o 03/02 (quando fizemos a trilha do Cajón del Azul, em El Bolsón).
No próximo post, a navegação ao redor do Glaciar Viedma e a caminhada sobre a geleira - muito caro, mas imperdível!
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