Depois de 4 dias intensos e muito bem aproveitados em El Chaltén, desembarcamos na rodoviária de El Calafate à tardinha no dia 12/2.
Como não tínhamos conseguido acesso à internet em El Chaltén, assim que chegamos em El Calafate usamos o wi-fi (internet livre) da estação para reservar algum lugar para dormir. Optamos pela Hostería Los Gnomos, que era ligeiramente afastada do centro mas bem mais barata que qualquer hotel, pousada ou albergue melhor localizado. Não lembro exatamente quanto era a diária, mas acredito que não era mais que R$ 100 pelo quarto duplo. Acho que estava barato porque eles tinham recém inaugurado - hoje em dia, segundo o booking, o preço já está mais compatível: R$ 165. A condição para nos hospedarmos lá era que o pagamento só fosse feito na hora do ckeck-out (você já deve imaginar o motivo).
Fomos de táxi até Los Gnomos, e ao chegarmos lá fomos muito bem recebidos pelas duas irmãs que comandam a pousada. O quarto era bem aquecido, confortável, limpo e com um banheiro muito bom. A área coletiva da pousada era excelente, com muito espaço e internet gratuita e de qualidade. Tivemos muita sorte em receber todo esse conforto pagando menos de R$ 50 por pessoa - nada como se hospedar em algum lugar novo! Se você está procurando um recanto tranquilo, aconchegante e familiar para ficar em El Calafate, a Hostería Los Gnomos é definitivamente o seu lugar!
Logo depois de acomodar a bagagem no quarto, saímos a pé da pousada em direção ao centro - e posso dizer que finalmente pegamos o FRIO! Devia estar alguma temperatura bem próxima de 0 graus àquela noite (que ainda era dia, pois lá escurece muito tarde no "verão").
Andamos um pouco pela avenida central e compramos um lanche que seria a nossa janta (triste não ter dinheiro!). Era uma pizza em formato de cone (da mesma família daquela que vendem ou vendiam em Capão da Canoa), cujo sabor era albahaca. Comprei sem ter a menor noção do que seria isso, só sabia que era verde pela foto do cartaz. Na primeira mordida já vi que era manjericão, e acabei gostando, e muito, do nosso jantar barato e alternativo.
Flagrado pelos paparazzi jantando em El Calafate |
Agora que já fiz a propaganda da pousada e da pizza em cone (não recebi nada pra isso!!), vou falar um pouco sobre a minha primeira impressão dessa cidade um tanto clichê quando se fala em Patagônia. Para poupar palavras, já vou ser bem franco e direto: não fui com a cara de El Calafate.
Até tem uma coisa que pode explicar esse meu descontentamento inicial - talvez eu ainda estivesse extasiado com El Chaltén, que foi a grande revelação da viagem, e por isso descontei em El Calafate a raiva de ter ido embora de lá. Mas o fato é que não gostei mesmo, achei uma cidade feia, com um centro cheio de gente e aparência cinzenta - até levemente parecida com Esquel, a outra cidade que poderíamos ter cortado do nosso roteiro.
Fomos ao posto de informações turísticas ainda na noite em que chegamos, e na mesma hora já decidimos o que fazer durante o tempo em que ficaríamos lá. A primeira e mais evidente atração não poderia deixar de ser o mundialmente famoso Perito Moreno - uma geleira com uma frente de 5km de extensão e 60m de altura. Ficamos sabendo que, assim como no Glaciar Viedma, no Perito também é possível fazer o icetrekking, porém a caminhada dura menos tempo e não vai muito longe. Além disso, o passeio é mais caro! Demos graças a Deus de ter feito essa excursão já em El Chaltén, pois certamente foi bem melhor.
Outra coisa que nos chamou a atenção foi um passeio num veículo 4x4 até o topo de uma montanha (o Cerro Frías), de onde supostamente teríamos vistas lindas sobre o Lago Argentino e o Parque Nacional Torres del Paine, que fica em território chileno.
Combinamos então de conhecer o Perito Moreno no dia seguinte, 13/2...
... e no dia 14/2 fazer a excursão ao Cerro Frías.
Mas mal sabia eu que a melhor parte de El Calafate não seria nenhum desses dois passeios, e sim outro lugarzinho sem clichê, desconhecido de todo mundo, que descobrimos por acaso mas que sem dúvida foi o que eu mais gostei de conhecer: a Laguna Nimez, que parece uma pintura a óleo:
Só que, acima de absolutamente tudo, o lugar que mais queríamos visitar mesmo em El Calafate era a agência dos correios - para que no dia seguinte finalmente pudéssemos retirar o dinheiro que tinha sido depositado em Porto Alegre numa agência do Western Union. Afinal, se não conseguíssemos meter a mão na grana,
(1) como pagaríamos a hospedagem na Hostería Los Gnomos?
(2) como iríamos ao Perito Moreno?
(3) como faríamos o passeio de 4x4 no Cerro Frías?
(4) como almoçaríamos no dia seguinte?
(5) e o que seria de nós pelo resto da viagem???
A verdade, feia, nua e crua, era que não tínhamos dinheiro para mais nada!!!!
Eu sei que no último post prometi que responderia à pergunta que não quer calar: pegamos ou não pegamos o dinheiro?? Só que já escrevi tanto que acho melhor não cansar o leitor, e vou deixar essa dúvida para o próximo post, ok?
E ainda, de brinde - descubra o Perito Moreno, um dos glaciares mais famosos do mundo!
Nenhum comentário:
Postar um comentário