segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Uma aventura pelo oeste esloveno

             Sem dúvida o canto mais bonito do país, o oeste da Eslovênia merece uma viagem calma, sossegada e cheia de tempo. Impossível não parar inúmeras vezes pelo caminho para fotografar o rio Soca (pronuncia-se Sotcha), cujas águas são as mais cristalinas da Europa, ou para conhecer a mística cachoeira Kosjak (pronuncia-se Kosiak), um tesouro escondido dentro de uma caverna.

          Surpreendente, como eu já citei no título do post anterior, é a palavra exata para descrever a Eslovênia - a cada passo que você dá, a cada quilômetro que dirige, mais uma beleza vai se revelando. 



             Kranjska Gora é uma cidade do extremo noroeste esloveno, encravada nos Alpes, bem perto das fronteiras com a Áustria e com a Itália. Vale a pena ficar lá pelo menos um dia, escolher uma das diversas trilhas nas montanhas e caminhar, caminhar, caminhar! Eu escolhi o caminho nº 2, com 4h de duração, que serpenteia pelas montanhas e também passa por algumas propriedades rurais. É uma cidade para apreciar o campo, relaxar e sentir a atmosfera acolhedora dos moradores do local, que inspiram uma tranquilidade profunda.




                    O que eu não esperava era que teria um BODE solto no meio da trilha, olhando para mim com cara de poucos amigos. Para não enfrentá-lo tive que invadir uma propriedade privada e contornar o caminho!




                Um pouco mais ao sul, chegamos ao Parque Nacional Triglav (pronuncia-se "Triglau"), o único do país e que cobre boa parte do território esloveno. No Trenta Valley, nasce o rio Soca - que corre por entre os Alpes até desaguar no Mar Adriático. E é na simpática cidade de Bovec que se encontra reunido o maior centro turístico para quem deseja algo a mais do que apenas contemplar as águas transparentes que correm mansamente entre pedras e pescadores. Lá é o ponto de partida para esportes radicais e trilhas que acompanham o curso do rio e nos levam até a nascente.





             A oeste de Bovec, o minúsculo povoado de Pluzna, que tem apenas 2 ruas (!!!) também merece uma visita. A atração é essa cachoeira da foto abaixo: Virje Waterfall, acessada por uma trilha de 10min (ida e volta).



            Descendo um pouco mais no mapa, chega-se a Kobarid, outra pequena cidade (todas são pequenas na Eslovênia), onde se pode conhecer outra cachoeira - essa realmente incrível, e com certeza a mais bonita que eu já conheci: Kosjak Waterfall!

             O acesso à cachoeira é facílimo, tanto de carro como a pé, e a trilha exige pouco esforço físico. De carro, o estacionamento fica a menos de 10 minutos do centro da cidade. O caminho da trilha é bem sinalizado, ao contrário de muitas outras no país. Na internet, há informações indicando como 1h45min o tempo de caminhada, incluindo ida e volta - mas não se engane! Talvez leve esse tempo caso o turista fique tão maravilhado com a beleza da cachoeira que resolva ficar mais de uma hora olhando para ela sem parar, o que também não é uma ideia descartável. Do contrário, em 40min pode-se ir, apreciar o local, tirar muitas fotos, e voltar com muita tranquilidade. 

                O caminho possui algumas decidas e subidas, porém tudo com escadas e sem apresentar nenhum perigo. Ao ficar frente à frente com a cachoeira, caso tenha o privilégio de estar sozinho, como eu tive, é aconselhável respirar fundo e prestar atenção em cada detalhe da maravilhosa paisagem que se desenha em volta da cachoeira. A combinação da água verde, com as pedras altas se erguendo em volta, numa espécie de caverna, por si só já são um espetáculo. Kosjak Waterfall só completa o cenário.



                 Ainda mais para o sul, a última parada da aventura pelo oeste da Eslovênia: a cidade de Tolmin, que nos presenteia com as Tolmin Gorges (ou Gargantas de Tolmin). Trata-se de um parque onde, após pagar o ingresso de 4 euros (há descontos para idosos, estudantes, crianças e grupos de excursão), você fica livre para transitar por passarelas de madeira sobre os rios Zadlaščica e Tolminka, pelo interior de um cânion. É imperdível!



                Deixando Tolmin, saímos do Parque Nacional Triglav e encerramos a aventura pelo oeste da Eslovênia. Como tudo no país é muito perto, em todo esse trajeto andamos apenas incríveis 80km!!!

                Até agora só falei da parte boa: tudo é lindo, tudo é fácil, tudo é perto. Mas existem 2 passeios que não posso deixar de criticar, pois só me fizeram perder tempo e exigiram muito esforço físico:

1. Boka Waterfall - a maior cachoeira da Eslovênia, e por isso também a mais famosa. Porém, ela só pode ser avistada de longe, da estrada que liga Bovec a Kobarid. Existe uma trilha para subir ao topo da cachoeira, que tem 144m de altura, e é claro que a minha curiosidade não me permitiu ignorar isso e seguir viagem! Subi praticamente sem descansar durante mais de 1h, pois já estava quase anoitecendo. Ao chegar lá em cima, a decepção total - não se consegue ver absolutamente nada da queda, só o rio que corre no topo. O caminho também é muito perigoso e escorregadio, além de ser mal sinalizado em algumas partes.

2. Castelo de Tolmin - situado no topo de uma colina, este castelo apresenta uma vista interessante da cidade - mas também não é nada de mais. O problema é chegar até lá! A trilha, uma subida em caracol pelo meio do mato, apresenta MUITAS opções de caminho, na verdade parece um labirinto, e você cada vez se perde mais! Parece até que foi feito de propósito para os turistas se perderem, pois não existe nenhuma indicação. O que deveria levar no máximo 1h, ida e volta, acabou levando quase 3h para mim!


            Para terminar, confira então no mapa o trajeto de 80km, começando em Kranjska Gora e terminando em Tolmin, atravessando o Parque Nacional Triglav:



                O ideal é fazer isso de carro e com MUITA calma, parando quantas vezes forem necessárias! Eu recomendo tirar de 2 a 3 dias, no mínimo, para aproveitar bem esse caminho.

               Como vocês podem ver, estamos muito perto da Itália, e algumas atrações muito interessantes podem estar do outro lado da fronteira - mas isso já é assunto para um outro post!



 







 

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