Esta é, na minha
opinião, a mais valiosa entre as tantas atrações eslovenas. Enquanto todas
as placas, todas as pessoas e todos os sites parecem apontar para as cavernas
de Postojna, a menos de uma hora de lá (dirigindo) encontra-se (ou melhor,
esconde-se) a Krizna Jama (Jama, do esloveno, caverna).
Ela não é famosa, não
tem restaurantes, não tem trenzinho turístico, não tem bilheteria e, consequentemente,
não tem turistas. E por isso, entre outras razões, é uma experiência
imperdível, mas imperdível MESMO, para qualquer viajante que deseje realmente
conhecer um lugar, e não apenas posar de turista no meio de uma multidão desesperada.
A
melhor opção de hospedagem, para quem deseja dormir o mais próximo possível da
caverna, é na cidade de Cerknica, a cerca de 15 minutos de carro da entrada
da caverna.
O passeio inteiro é uma aventura, a começar pela primeira e mais
difícil etapa: encontrar a caverna. O único meio disponível de descobrir sua
localização é perguntar para os habitantes das redondezas de Cerknica, que de
modo geral falam apenas o esloveno. É preciso admitir que, já bem perto do
local, existe um restaurante em cuja parede externa está escrito “Krizna Jama”
com uma seta apontando a direção (mais tarde eu descobri que era o restaurante
do próprio guia que realiza os passeios na caverna).
Vencido esse desafio, estaciona-se
o carro diante da entrada (não conheço outra forma de chegar lá que não de
carro), e daí em diante o turista está pronto para desfrutar de uma vivência
emocionante.
O único jeito de conhecer a caverna é na companhia de um dos guias do local (pelo
que me foi informado, são 4 ao todo). Durante o verão (de maio a setembro),
época em que ainda existe um número razoável de interessados em visitar a
exótica caverna, existem passeios de 1h de duração todos os dias, e de 4h de
duração mediante agendamento prévio. Nas demais estações (de outubro a abril), é
necessário agendamento para qualquer passeio, e especificamente no inverno (de
dezembro a fevereiro), é possível agendar um passeio de até 7h de duração. Os horários,
preços e formulários de agendamento de cada tour encontram-se disponíveis no site oficial da Krizna Jama: http://www.krizna-jama.si/
De antemão, é preciso saber que não são baratos, mas ao final do
passeio é inegável que cada centavo investido valeu a pena.
A
caverna inteira é repleta de lagos, e por esta razão todos os passeios
turísticos são feitos em pequenos barcos, sempre remados pelo guia. Com isso, a
viabilidade das excursões depende sempre das chuvas, já que é necessário o
nível ideal de água para que o barco possa atravessar os túneis sem problemas.
Logo, quem agendou um dos passeios deve entrar em contato com o guia cerca de 2
dias antes (os contatos estão no site) para confirmar a disponibilidade do
tour.
O passeio de 1h só é aconselhável para quem não dispõe de mais tempo ou tem medo de sentir-se mal no ambiente interior da caverna, pois a economia é pequena e se vê pouca coisa. O de 4h de duração (que foi o escolhido por mim, já que era outono e eu não pude realizar o de 7h) atravessa 14 dos 22 lagos do túnel principal. Para esse tour guiado, que foi particular, paguei a alta quantia de 80 euros - preço que até me deixou na dúvida sobre fazer o passeio ou não fazer, mas felizmente fiz a escolha certa!
O passeio de 1h só é aconselhável para quem não dispõe de mais tempo ou tem medo de sentir-se mal no ambiente interior da caverna, pois a economia é pequena e se vê pouca coisa. O de 4h de duração (que foi o escolhido por mim, já que era outono e eu não pude realizar o de 7h) atravessa 14 dos 22 lagos do túnel principal. Para esse tour guiado, que foi particular, paguei a alta quantia de 80 euros - preço que até me deixou na dúvida sobre fazer o passeio ou não fazer, mas felizmente fiz a escolha certa!
É concedido todo o equipamento necessário para a exploração, que inclui
capacete com lanterna, vestimenta adequada, meias (deve-se usar no mínimo 3
pares para os passeios mais longos) e botas impermeáveis. A temperatura no
interior da Krizna Jama é constante, em qualquer estação do ano, ficando em torno
de 8 graus Celsius. Durante todo o tempo em que não estão sendo operados os
passeios, a caverna permanece fechada por um portão gradeado, para evitar que
turistas mais aventureiros do que o normal resolvam entrar sem supervisão.
Ao
contrário das famosas cavernas de Postojna, na Krizna Jama pode-se tirar
quantas fotos quiser e com flash – o guia inclusive auxilia nessa tarefa, mostrando os
melhores ângulos e tirando ele mesmo fotos do turista nos pontos mais
impressionantes, como na foto de capa deste blog!
Começamos caminhando pela primeira parte da caverna por cerca
de meia hora, enquanto eu ouvia as explicações entusiasmadas do guia, que é
geólogo com especialização em espeleologia (estudo das cavernas).
Surpreendentemente, ele conseguia me passar seu conhecimento falando um inglês
perfeito, de modo claro e sem exagerar nas explicações, tornando a excursão
muito descontraída e me oportunizando espaço para perguntas a qualquer momento.
Em meio às conversas, ele me explicou que o governo esloveno permite que apenas
um certo número de pessoas visitem a caverna anualmente, a fim de evitar deterioração, e este
é o motivo pelo qual é proibida no país qualquer sinalização que diga respeito
a este verdadeiro tesouro da natureza. Infelizmente não lembro qual é o número, e também não consegui encontrar essa informação na internet. O fato é que, com isso, nem os próprios eslovenos conhecem a Krizna Jama! Quando eu falei que era brasileiro o guia quase caiu para trás, já que em quase 60 anos (desde que a caverna foi aberta para visitação, em 1955) parece que apenas 3 ou 4 brasileiros já tinham aparecido por lá!
Como eu estava sozinho e por isso
havíamos economizado tempo, o guia abriu uma exceção e me levou até o 15º lago, nos
conduzindo por uma passagem tão baixa que tivemos que deitar dentro do
barco para não raspar o capacete no “teto” da caverna. A partir desse ponto
avança-se somente no inverno, no tour de 7h de duração, em que é possível se
chegar ao que apelidam de “Montanha de Cristal”, uma galeria imensa no final da
caverna, com estalactites e estalagmites brancas das mais variadas formas. Um dia ainda volto lá no inverno para conhecer o que faltou!
A
sensação de estar no interior da Krizna Jama é realmente indescritível, mas
posso adiantar que o silêncio e a escuridão são absolutos (exceto pelas nossas
vozes e pela luz das lanternas), e que cada paisagem parece mais fascinante do
que a vista anteriormente, com os lagos subterrâneos de água verde modelando as rochas.
Terminei
o passeio extasiado, com mais de 300 fotos belíssimas de recordação e a certeza
de que eu tinha conhecido o que há de mais interessante dentro do território da
Eslovênia.
Poxa brother, maravilhoso o blog, adorei o modo que tu escreves. Um dia, quando tiver condições, certamente tentarei conhecer a Eslovênia, não sabia que havia tanto assim nesse país.
ResponderExcluirUm abração e boa sorte com o teu projeto.
Rafael Finger
Valeu Rafael!! Obrigado pelos elogios ao blog! A Eslovênia vale muito a pena e não é tão cara como a gente pensa!
ResponderExcluirAbração!!