segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Bariloche sem neve - a beleza do Cerro Otto


No nosso último dia em Bariloche, depois da fatigante e traumática experiência da Rota dos Sete Lagos, decidimos não contratar passeio nenhum! 

Tomamos um ônibus do centro até a base do Cerro Otto, uma das montanhas mais visitadas da cidade no verão. Esse trajeto é bem curto (apenas 5km) e existem ônibus de meia em meia hora que levam até o Cerro. Se você comprar o ticket do teleférico antecipadamente, nos postos do centro da cidade, recebe transporte gratuito até a montanha. Mas, como você logo vai ver, nossos planos eram outros!





Quando não há neve em Bariloche, o esqui dá lugar ao trekking - e nisso, o Cerro Otto consegue superar até mesmo o badalado Cerro Catedral! Eu já tinha estado lá em 2003, e era um dos lugares dos quais eu mais me lembrava. Ao revê-lo, tudo parecia igual a 10 anos atrás - os mesmos bondinhos vermelhos e o mesmo restaurante giratório no topo da montanha!

Fartos de andar de ônibus, devido ao monótono dia anterior, estávamos ansiosos por um bom exercício! Decidimos então encarar uma "escalada" - subir a montanha a pé e depois só descer de teleférico!




(Na verdade fizemos isso para não pagar o preço de ida e volta do teleférico, já que havíamos gastado muito dinheiro nos outros passeios!)

Existe um posto da polícia na base do Cerro Otto, e foi lá que nos informamos sobre a possibilidade de subir a montanha com as nossas próprias pernas. Fomos informados por uma policial muito simpática de que existiam 2 rotas para a subida: uma convencional, onde outros turistas também costumavam transitar, e outra mais "selvagem", passando por caminhos estreitos e com alguns trechos um tanto perigosos. Ela nos recomendou muito que usássemos o caminho normal, pois se fôssemos pelo outro, por ser mais remoto e vazio, ainda teríamos muitas chances de ser assaltados!

Seguimos a orientação da policial para o caminho dos turistas, e lá fomos nós!
 
É uma aventura certamente proibida para quem não tem um bom preparo físico, e, para os que têm, também não é MUITO recomendável. É interessante subir caminhando porque você vê o cenário se modificando um pouco à sua volta, conforme a altitude - mas tirando isso, dá no mesmo que pegar o teleférico. A diferença é só no preço e no cansaço!

Não preciso nem comentar que, se você decidir nos imitar, é muito importante que leve uma grande quantidade de água! Não há lagos nem rios no caminho para "abastecer", então eu diria que é necessário levar pelo menos uns 3 litros d'água por pessoa - especialmente se tiver quente, como foi o nosso caso. Protetor solar e um bom calçado também são indispensáveis!

Após pouco mais de 1h de subida - quase sem parar - você chega ao topo. Lá em cima é bem mais frio do que na base, então sempre leve um casaco em sua mochila, mesmo se estiver quente! A vista ao redor é impressionante - montanhas, lagos, cidadezinhas. Não há como contestar: o topo do Cerro Otto realmente é um dos pontos altos do verão na Patagônia.




Como eu já mencionei, a maior atração no cume da montanha é um restaurante giratório, onde você senta numa mesa e observa o cenário rodar à sua volta, até completar os 360° em cerca de 20min. Foi lá que nós almoçamos um pancho (cachorro-quente) antes de tirar muitas fotos da vista impressionante da montanha sobre o lago e a cidade. Se eu fosse de novo ao Cerro Otto, não comeria outra vez nesse restaurante. A comida não estava boa e o preço foi mais caro do que nos outros lugares onde já tínhamos almoçado. Mas como lá no topo não tem mais opções de alimentação, sugiro que você mesmo leve o seu sanduíche dentro da mochila.

Além do restaurante, o complexo do Cerro Otto oferece ainda uma galeria de arte - cuja entrada é gratuita - onde são expostas réplicas de famosas esculturas de Michelangelo. Para quem gosta de museus (o que definitivamente não é o meu caso) vale a pena dar uma conferida!

Na volta, teleférico para descansar as pernas! Ao contrário das outras montanhas de Bariloche, no Cerro Otto esse transporte é feito em cabines fechadas, com capacidade de até 4 pessoas. Muito confortável e útil para dias com muita neve ou chuva.

Com isso, nos despedimos do Cerro Otto. Quando voltamos ao hotel e contamos ao recepcionista sobre o nosso dia, descrevemos o trajeto por onde subimos a montanha. Foi aí que ficamos sabendo que o caminho que usamos não foi, na verdade, o convencional! Olhamos no mapa e constatamos que sim, a policial tão simpática e prestativa havia nos indicado o caminho perigoso! Por isso não tínhamos visto uma única pessoa durante todo o percurso, e por isso também que alguns trechos tinham sido tão complicados, com pedras altas que literalmente tivemos que escalar! Pelo menos tivemos a sorte de não ser assaltados, como nos disseram que era bem provável.

Por isso não esqueça: antes de começar sua aventura a pé no Cerro Otto, se informe MUITO BEM, com MAIS DE UMA PESSOA, sobre qual dos caminhos tomar!



Essa foi a nossa programação de 3 dias em Bariloche. Não quisemos estender por mais tempo porque ainda tínhamos muitos outros lugares para visitar durante nossa viagem à Patagônia. 

Tendo pelo menos mais uns 2 dias na cidade, eu gostaria de fazer mais 2 passeios: um ao Cerro Tronador, também um dos mais procurados pelo turismo de verão, e outro ao Puerto Blest, onde se pode admirar as águas verde-esmeralda do Lago Frías. Mas isso vai ficar para uma outra oportunidade!

Depois de ter estado 3 vezes em Bariloche, só tenho a dizer que mal posso esperar para voltar! Para mim, esse é um clássico exemplo daquelas cidades que nunca se esgotam - eu poderia viajar para lá todos os anos que não ia enjoar! Aliás, para a Patagônia inteira!




No próximo post, uma pequena e desconhecida cidade ao sul de Bariloche - El Bolsón!

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