Quanto custa viajar para Galápagos?

O arquipélago de Galápagos pertence ao Equador, e fica aproximadamente a 1.000km da costa sul-americana. Estivemos lá por 13 dias entre dezembro/15 e janeiro/16, e posso garantir que foi uma experiência incrível, intensa e extraordinária! Eu arriscaria dizer até que Galápagos é o meu lugar preferido no mundo até agora - ainda não conheci a Islândia nem a Nova Zelândia, que talvez batam esse recorde, mas orgulhosamente já conto 46 países no currículo e a viagem a Galápagos foi diferente de tudo o que eu já vi ou fiz!

Muita gente se pergunta quanto custa uma excursão ao arquipélago - eu mesmo me fiz essa pergunta uma centena de vezes quando estava planejando o roteiro (veja aqui), avaliando se tínhamos ou não tínhamos condições financeiras de fazer essa viagem. Prepare-se e não se engane: Galápagos é sim um destino relativamente caro, não adianta fugir disso - nesse momento está pior ainda, já que a moeda usada por lá é o dólar americano. Se você está com muito pouco dinheiro, recomendo que escolha outro lugar para passar as férias (uma ideia está neste post). Mas se tem uma modesta reserva e está disposto a investir em uma aventura única, continue lendo esse post e vamos em frente!

Existem alguns gastos obrigatórios em Galápagos, que são:

- Passagem aérea Equador-Galápagos: para chegar às ilhas, é necessário tomar um voo de Quito ou Guayaquil, as 2 maiores cidades do Equador. A passagem de ida e volta, incluindo as taxas, custa aproximadamente USD 400. Uma boa (ou má) notícia é que esse preço quase não varia - o que muda, claro, é a cotação do dólar!

- Taxa local: na chegada ao aeroporto em Galápagos, todo brasileiro deve pagar USD 50, independentemente de quanto tempo permanecerá no arquipélago. Se você está achando muito caro, saiba que pagamos a metade do preço porque somos do Mercosul. Europeus, americanos e etc pagam 100 dólares.

- Taxa de controle de trânsito: recentemente o governo equatoriano colocou ainda mais essa taxa, no valor de USD 20, paga no aeroporto de partida (Quito ou Guayaquil), antes mesmo do check in.

Até aqui, somamos quase 500 dólares - atualmente, mais de R$ 2.000 - que você terá que pagar sem escapatória, sendo mochileiro ou viajando com luxo. Agora vamos à parte que cabe a você definir os seus gastos! Existem 3 formas de conhecer e explorar as Ilhas Galápagos: gastando muito, gastando moderadamente ou (sim!!) gastando pouco. São elas:

Gastando muito: faça um cruzeiro!

Galápagos é um arquipélago com 13 ilhas principais e mais de 200 ilhotas, e a imensa maioria delas só pode ser alcançada por meio de um cruzeiro. Existem lanchas de todos os tipos e classes, das mais absurdamente caras às mais econômicas - que também são caras, isso porque existem diversas e severas restrições quanto ao número de turistas em cada ponto do arquipélago, o que exige que os grupos dos cruzeiros sejam sempre pequenos. Os pacotes de cruzeiros sempre incluem pensão completa (3 refeições), têm duração de 4, 5 ou 8 dias, itinerários diversos e partem da principal cidade de Galápagos: Puerto Ayora, na ilha de Santa Cruz.

E onde reservar um cruzeiro? Se você está com o tempo contado e preza pela segurança acima de tudo, melhor reservar na internet - você encontrará uma série de agências em uma pesquisa simples no Google. Mas se você quer tentar um preço um pouco melhor, viaje sem um pacote comprado e deixe para contratar um last-minute cruise - cruzeiro de última hora - na cidade de Puerto Ayora. Caminhando um pouco pelo centro, dezenas de agências lhe oferecerão cruzeiros por um preço muito mais em conta do que os da internet - o valor vai depender do tamanho do desespero da agência para colocar passageiros na lancha. O preço mais barato que encontramos foi USD 550 por pessoa - cruzeiro de 3 noites/4 dias, mas com um itinerário que não valia nem um pouco a pena, pois visitava ilhas que você pode conhecer por conta.

   

Gastando moderadamente (foi o que nós fizemos): base nas ilhas principais + day tours

Existem 3 ilhas principais e habitadas em Galápagos: Santa Cruz, San Cristóbal e Isabela. Apenas as 2 primeiras contam com aeroporto. O transporte entre essas ilhas é feito em lancha, e custa USD 30 o trecho. Logo, se você planeja conhecer as 3 ilhas, deve comprar passagem de ida do Equador para um dos aeroportos (Baltra, em Santa Cruz, ou San Cristóbal) e de volta partindo do outro - assim você economiza um trajeto de lancha. Santa Cruz fica entre as outras 2 ilhas, e não existe transporte entre Isabela e San Cristóbal. Dessa forma, seu roteiro de viagem vai ser, invariavelmente, (a) Santa Cruz - Isabela - Santa Cruz - San Cristóbal ou (b) San Cristóbal - Santa Cruz - Isabela - Santa Cruz. Seu gasto com transporte será de USD 90 (nós conseguimos por USD 75, barganhando, pois compramos 3 trechos cada um com a mesma agência).

Essas 3 ilhas contam com uma imensa rede hoteleira - pode acreditar que existem muito mais quartos de hotel do que turistas para preenchê-los! A ideia de viajar gastando moderadamente é que você estabeleça sua base nessas 3 ilhas e conheça as demais ilhas em day tours - passeios contratados em Puerto Ayora (Santa Cruz), que começam de manhã cedo e terminam no final da tarde. Seus gastos entre hotel e passeios poderá ser muito inferior ao que você pagaria para fazer um cruzeiro.

A grande dica para reserva de hotéis é: não reserve! Como eu já expliquei, há muita oferta de hospedagem em Galápagos, e reservar um quarto antecipadamente significa quase sempre pagar mais caro (mesmo que seja pelo booking.com). Ainda que você seja do tipo quase neurótico que necessite segurar uma reserva de hotel impressa ao viajar, acredite: não vale a pena! Nós chegamos lá em altíssima temporada, perto do ano novo, e encontramos muito espaço disponível em todas as ilhas.

Na ilha de Santa Cruz, por onde chegamos, ficamos no Hostal Gardner, localizado bem no centro. Como éramos 2 pessoas e íamos ficar 8 noites, negociamos com a dona um bom preço: USD 11 por pessoa, por noite, em um quarto compartilhado de 4 camas - o preço original era USD 15. Esse hotel é realmente muito bom, altamente recomendado: ficamos em um quarto muito peculiar onde tudo era gigante: as camas (cada uma era quase uma cama de casal), o espaço entre elas e até o banheiro, que era do tamanho de uma sala de estar (sério!). Além disso havia 4 ventiladores (um para cada hóspede), ar condicionado (que funcionou muito bem), televisão a cabo e mesas de cabeceira. No piso superior há uma cozinha de uso compartilhado, também gigante, completa e muito limpa, junto com uma área de uso comum, com mesas, cadeiras, espreguiçadeiras e redes para descansar. O hotel também oferece toalhas, cobertas, água de graça (um galão na recepção onde todos enchem suas garrafas, pois a água da torneira não é potável em Galápagos), serviço diário de limpeza do quarto, serviço de lavanderia (com um custo extra) e café da manhã (custo extra). A internet wifi é gratuita e funciona bem, dentro do possível - em Galápagos, internet boa mesmo não existe! Outra qualidade do Gardner é que você pode deixar suas malas no hotel, de graça, enquanto está viajando para a ilha Isabela, para não ter que levar consigo todas as suas coisas. Para finalizar, a dona do hotel, Janina, é muito simpática, prestativa e flexível.

Na ilha Isabela, onde tudo é um pouco mais caro que nas outras ilhas, ficamos na Posada del Caminante - USD 34 pelo quarto de casal com banheiro privado. Nada de especial, mas o preço é justo para o que oferece.

Em San Cristóbal, ficamos em outro hotel excelente, familiar, que abriu não faz muito tempo: Estación del Viajero - USD 25 pelo quarto de casal com banheiro privado, muito confortável, espaçoso, com ar condicionado, internet e café de graça o dia todo. Possui uma cozinha compartilhada e oferece traslado gratuito na chegada (do porto ou do aeroporto). O único defeito é ser um pouco longe do centro, mas é perto da Praia da Loberia, um dos pontos mais turísticos da ilha.

Com relação aos day-tours, a dica é: barganhe, e muito! Jamais contrate um passeio pelo primeiro preço que lhe for oferecido na agência. Seja convincente e fale que conseguiu um preço bem menor em outra agência, e não deixe o dono perceber que você está muito interessado em algum passeio - faça sempre ele pensar que precisa de você mais do que você dele. E não tenha nenhuma pena de mentir, porque eles mentirão o tempo todo para você!

Escolhemos a agência Mocking Bird para contratar 4 day-tours, já que reservando todos com a mesma agência conseguimos um maior desconto. Pagamos o valor total de USD 490 por pessoa, pelos 4 passeios - um absurdo, sem dúvida, mas foi o mais barato que conseguimos. Os passeios em Galápagos têm esse preço fora do normal por causa das restrições quanto ao número de pessoas, e também porque as agências gostam de explorar os turistas, já que, via de regra, quem viaja para Galápagos está com dinheiro no bolso, disposto a gastar não importa quanto! E uma dica importante: leve bastante dinheiro para pagar os passeios em cash, pois se pagar com cartão de crédito há um acréscimo de 12%!

Apesar de nós termos tido uma ótima experiência com o hotel, não demos muita sorte com a agência Mocking Bird. Passamos por situações estressantes em absolutamente todos os 4 passeios - claro que tudo foi superado graças à beleza dos lugares visitados, mas ficamos com uma impressão super negativa dessa agência. No tour Pinzón, nos prometeram que as fotos debaixo d'água estariam incluídas, e no fim não estavam - para conseguir as fotos tivemos que fazer um escândalo e pagar por fora para que o guia tirasse as fotos com a câmera pessoal dele, muito a contragosto! No tour North Seymour os guias ficaram de nos recolher no hotel, e não apareceram no horário. Tivemos que ir até o porto para encontrar os outros passageiros, e o tour ainda sofreu um atraso de 1h porque outras pessoas do grupo também tinham sido mal informadas e estavam esperando no hotel. No tour Túneles, venderam nossos lugares para outros turistas, provavelmente por um preço mais caro, e queriam cancelar ou então reagendar o nosso passeio - simplesmente inacreditável!!! Teriam feito isso mesmo, não fosse nossas ameaças de processo e discussões intermináveis - a agência acabou telefonando para a administração do Parque Nacional Galápagos e pedindo autorização para colocar mais passageiros na lancha do que o número permitido. E na reta final do tour Islas Plaza, quando tudo ia muito bem, a Adriana (minha esposa) teve o corpo inteiro queimado por uma água-viva durante o snorkel, e os guias não tinham o menor preparo para resolver a situação - não tinham sequer vinagre na lancha -, e ficavam andando de um lado para o outro sem saber o que fazer. Tivemos que voltar para o porto, com ela desmaiada de dor, e ir direto para o hospital!

Vou falar com mais detalhes sobre cada tour nos próximos posts, mas já adianto que cada um deles valeu muito a pena e conseguimos ter um apanhado muito bom do arquipélago fazendo apenas esses 4 passeios.

É importante frisar que, para fazer esse tipo de roteiro (base em hoteis + day tours), você precisa de tempo e flexibilidade, pois na contratação dos passeios você fica à mercê dos dias disponíveis que a agência lhe oferece, principalmente na alta temporada. Nós chegamos a Puerto Ayora dia 28/12, e só conseguimos marcar os tours para os dias 30/12, 01/01, 04/01 e 06/01. 13 dias/12 noites deu certo para nós, mas menos que isso seria complicado, e gostaríamos de ter ficado pelo menos mais uma semana!

Nossos gastos "moderados" ficaram então em:

  

USD 176 - hotel em Santa Cruz (8 noites)

USD 68 - hotel em Isabela (2 noites)

USD 50 - hotel em San Cristóbal (2 noites)

USD 150 - transporte de lancha entre as ilhas

USD 980 - day tours Pinzón, North Seymour, Túneles e Islas Plaza

Total = USD 1.424 para 2 pessoas = USD 712 por pessoa

Com relação à alimentação, optamos por comprar nos supermercados comida pré-pronta (lentilha, sopa, etc) e esquentar no fogão dos hotéis. Gastamos uma média de 3 dólares por pessoa, por refeição (bem farta!).

Gastando pouco: base nas ilhas principais, sem day tours

Se você realmente está com o orçamento apertado, mas quer muito conhecer Galápagos, e não faz questão de fazer os day tours de snorkel, mergulho ou simplesmente de caminhada nas ilhas desabitadas, uma boa notícia: sim, você conseguirá viajar gastando muito pouco!

Se nós não tivéssemos contratado nenhum passeio, teríamos gastado USD 712 - USD 490 =USD 222 por pessoa. Somando a passagem aérea (USD 400 desde o Equador, mais USD 400 do Brasil para o Equador - valores aproximados) e as taxas de Galápagos (USD 70), você gastará pouco mais de USD 1.000 para uma viagem de 13 dias! Super barato para um destino caríssimo, não é mesmo?

Conhecemos diversas pessoas que estavam experimentando essa modalidade de viagem - gastando tão pouco em tudo, elas priorizaram um tempo extra em cada ilha. Nossa companheira de quarto, uma americana, passou 1 mês em Galápagos gastando provavelmente menos que nós - não fez passeio nenhum e curtiu ao máximo cada uma das 3 ilhas habitadas. Um casal de ingleses que conhecemos decidiu alugar uma casa em Puerto Ayora, Santa Cruz, onde passaram 2 meses, também sem fazer passeios pagos e gastando bem pouco.

Pessoalmente, eu acho que não vale a pena arcar com despesas grandes como passagem aérea e taxas locais se você não vai fazer nenhum day tour. Considere que Galápagos é um dos melhores lugares do mundo para snorkel e mergulho, além do fato de que algumas de suas ilhas possuem animais e plantas únicos no planeta. Você vai chegar até lá só para ver os outros conhecerem esses lugares, fazendo passeios e cruzeiros? É claro que existem diversas atrações gratuitas nas ilhas habitadas, mas elas não são nem 1% de tudo o que o arquipélago pode oferecer.

Sobre essas atrações gratuitas, e também sobre os melhores day tours, vou falar nos próximos posts! Aguarde!

Para ler nossos outros posts sobre o Equador, clique nos links:

Cotopáxi

Chimborazo

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Quito

Baños de Água Santa

Otavalo

Galápagos - quanto custa

Galápagos - passeios gratuitos
Galápagos - passeios pagos

Roteiros - Colômbia, Equador, Galápagos, Peru e Bolívia

Roteiro de 22 dias - Equador e Galápagos

Galápagos - passeios gratuitos
Galápagos - passeios pagos
E aqui sobre o restante da América do Sul:

Roteiros - Colômbia, Equador, Galápagos, Peru e Bolívia  

Peru - roteiro de 7 dias
Nariño (Colômbia)

San Andrés

Cartagena

 Patagônia