terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Como viajar pela África: Nomad Adventure Tours




Muita gente sonha em conhecer o grande continente africano, repleto de belezas exóticas, animais selvagens e culturas curiosas. Para quase todo mundo, isso realmente não passa de um sonho, já que, para conhecer a África, é preciso ter uma dessas duas coisas: espírito de aventura ou dinheiro.



Se você tem dinheiro, esqueça qualquer tipo de preocupação e embarque imediatamente! Você pode ficar hospedado em alguns dos resorts mais luxuosos do mundo que (sim!) ficam bem na África, em geral dentro de parques nacionais, locais estratégicos para um bom safári. Se você não está com essa bola toda, vai precisar de uma boa dose de aventura – mas fique tranquilo, nada é impossível para um viajante cheio de disposição!






Desde criança, eu sempre sonhei em conhecer a África. Em 2011, quando eu tinha 20 anos, decidi que não podia mais adiar essa viagem e comecei a pensar seriamente sobre o assunto. Minha primeira ação foi convidar todos os meus conhecidos para viajarem comigo – mas, como já era esperado, ninguém aceitou (ou pensaram que eu estava brincando). Diante da falta de companhia, não me restou mais nada a não ser embarcar em uma viagem solitária para aquele que eu considero o continente mais perigoso para fazer turismo.



Indo sozinho para a África e sem ter nunca dirigido antes no exterior, achei que alugar um carro não seria a melhor ideia – e pegar ônibus, muito menos! O que me restou foi pesquisar na internet agências que fizessem roteiros em grupo por lá, e o resultado mais uma vez foi aquilo que eu já temia: preços altos e pouco tempo de viagem. Minha ideia era ficar mais ou menos um mês fora, e nenhum dos circuitos das grandes e conhecidas agências brasileiras tem essa duração – no máximo, o que você consegue encontrar é um “grande tour” de 15 dias pela África do Sul – o que definitivamente não me interessou. Fora isso, os preços também não ajudam em nada: esses pequenos grandes tours custam caro, e de fato não podia ser diferente! Afinal, não são estudantes aventureiros o público-alvo dessas agências, e sim aposentados que querem se hospedar em hoteis confortáveis e só conhecer o lado fácil, turístico e cômodo da África (não estou criticando quem faz isso, mas não era o que eu estava procurando!).



E foi aí, quando eu já pensei que meus planos não iam dar muito certo, que milagrosamente cliquei num link e encontrei a solução perfeita e que preenchia todas as minhas exigências! Essa solução se chama Nomad Adventure Tours – uma agência sul-africana que opera viagens de caminhão (!!!) por todo o continente, com roteiros em grupo que variam de 2 dias a 2 meses de duração! Olhei os preços e me agradaram (e muito!). 

 Vamos então ver como funcionou exatamente essa viagem que salvou as minhas férias!





1. O MEIO DE TRANSPORTE


Como eu já falei, os grupos Nomad se locomovem com um caminhão adaptado. Por fora, é um caminhão normal – por dentro, é mais parecido com um ônibus de turismo. No caminhão em que eu fui (acho que são todos do mesmo tamanho) havia 24 assentos – 4 na frente, de lado, e 2 fileiras de bancos duplos, com 5 bancos em cada uma. No centro, um corredor com espaço suficiente e uma enorme caixa térmica onde se pode guardar alimentos e bebidas que precisam ficar refrigeradas. Nos fundos, diversos armários com muito espaço para guardar as malas – um armário para cada passageiro, que pode fechá-lo com seu próprio cadeado. Também, acima dos bancos, há um bagageiro para as mochilas.




Obs.: nas excursões Nomad, só é permitido levar malas não-rígidas (ou seja, leve um mochilão/sacolão).




2. O GRUPO


Os grupos de viagem da Nomad são compostos de 1 motorista, 1 guia e (se eu não me engano) um máximo de 21 passageiros. Mas não se assuste: segundo o que o próprio guia me disse, é muito difícil atingirem esse número tão elevado. No meu grupo, que foi de tamanho médio, havia 11 pessoas no começo – eu, 2 australianas, um casal de suíços que mora no Chile, um casal de suecos, 3 alemãs (2 amigas e 1 viajando sozinha) e 1 holandesa. Na metade da viagem, uma outra alemã se juntou ao grupo e, depois, uma das australianas deixou o grupo. A Nomad é tão flexível que permite isso – você pode contratar a excursão só pela metade, ou só até o ponto que desejar. Com esse número de pessoas a viagem foi excelente – cada um tinha direito a usar um dos bancos duplos do caminhão, de modo que todos tinham espaço de sobra para suas mochilas e pertences de mão. Até dava para deitar nos bancos quando o trajeto era muito demorado!






3. A ACOMODAÇÃO


Em geral, existem duas opções de acomodação nos grupos Nomad: a mais rústica e a mais confortável. Se você quer pagar um pouco mais caro, pode ficar em pequenos alojamentos durante quase todo o roteiro – exceto naqueles lugares em que não for possível. Mas a especialidade da Nomad são mesmo os acampamentos, e foi assim que eu viajei. Ao final de cada dia, o caminhão para em algum ponto e cada dupla monta a sua barraca (não é preciso levar uma, a barraca já está incluída no preço da viagem). Cada barraca suporta 2 pessoas - por isso, se viajar sozinho, a chance de você dormir com um estranho é bem grande. Mas no meu caso, como havia 11 pessoas no grupo, acabei tendo a sorte de ficar sozinho (afinal, os únicos homens que viajavam no grupo estavam com suas esposas). Em 2 pessoas, monta-se a barraca em menos de 5 minutos – mas não vou mentir: sozinho, essa tarefa é quase impossível! Nessa hora é que eu sofria, sempre tinha que esperar alguma dupla terminar de montar a sua para me ajudar com a minha. O guia e o motorista também ajudam, e no primeiro acampamento eles ensinam passo a passo como fazer toda a montagem. Algumas vezes dormimos em campings, com estrutura de chuveiros, banheiros, restaurante, etc. Outras vezes, o acampamento é isolado de tudo e de todos – e aí você vai precisar suportar a ideia de passar um dia sem tomar banho!






4. A ALIMENTAÇÃO


As refeições do grupo já estão incluídas no preço da viagem, e são todas preparadas pelo próprio guia. A parte de baixo do caminhão se abre, e dali sai uma grande mesa. A comida é comprada pelo guia ao longo da viagem, em supermercados, e é esquentada em fogueiras nos acampamentos. 

Antes de embarcar, o meu maior medo era justamente dessa parte: não gostar da comida e não ter mais nada para comer! Inacreditavelmente, os jantares do guia eram ótimos (um milagre comer um prato quente delicioso no meio do deserto), e não deixou a desejar em nenhum dia. E se você pensa que eram coisas pré-prontas e simples, está muito enganado: refeições bem elaboradas, de 2 ou 3 pratos, e sempre acompanhando salada. Ao longo da nossa excursão comemos todo tipo de carne, arroz, batata, massa e tudo o que comeríamos em um restaurante normal. E eles ainda se preocupam tanto em agradar aos turistas que podem inclusive preparar pratos especiais para cada um, quando necessário. No meu grupo havia uma vegetariana, e todos os dias o guia cozinhava alguma coisa para ela que não incluísse carne - afinal, se não fizesse isso, ela passaria 20 dias comendo só salada. Eu, como não gosto de peixe, também ganhei uma refeição especial no dia em que foi necessário.

Isso tudo que eu estou falando se refere aos jantares. Quanto aos almoços, esses realmente são mais simples - até porque, na maior parte dos dias, almoçamos no meio da estrada, no deslocamento entre uma cidade e outra. De qualquer forma, não faltaram sanduíches cheios de manteiga, maionese, mostarda, queijo, presunto, alface, tomate, temperos e às vezes até salsicha e bacon. No café da manhã sempre tem café e leite, além de bolachas doces e sanduíches à vontade. 

 
Caminhão parado no acostamento da estrada para almoço



Agora, o único ponto negativo quanto à comida: para aqueles que, como eu, estão comendo o tempo todo, o intervalo entre as refeições se torna grande demais. Como acordamos muito cedo quase sempre (por volta das 5h30 em média) o café da manhã é servido pelas 6h, o almoço não sai antes das 12h e o jantar só às 19h. Eu não aguento 6h sem comer, e a má notícia é que eu não encontrei em lugar nenhum na África esses típicos lanches que nós temos aqui (empadas, pão de queijo, pastel, um sanduíche de queijo ou qualquer outra coisa que mate a fome e não faça tão mal para a saúde). O jeito foi comer salgadinhos Elma Chips todo dia, um pacote de manhã e um de tarde – devo ter voltado da viagem com o estômago podre, mas ninguém merece passar fome!

Um ponto importante que você precisa saber: depois das refeições, cada um lava a sua louça em 2 baldes de água (um com sabão e outro com água para enxaguar) e depois seca.




5. OS PREÇOS


Por último, o principal: quanto você vai pagar por essa aventura? 

Os preços da Nomad não são nem um pouco caros, se você analisar o custo-benefício de todos os serviços que eles proporcionam. Eu contratei o pacote no site nomad.pt, uma espécie de filial da empresa sul-africana em que tudo é escrito em português. Durante a viagem, fiquei sabendo que meus colegas todos haviam reservado no site nomadtours.co.za, o site da Zâmbia, onde os preços são MUITO menores – praticamente a metade dos preços do site português! Fica essa dica valiosa para você: na hora de contratar o seu passeio, faça tudo por este site: nomadtours.co.za.


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O pacote que eu contratei era de 20 dias, e incluía África do Sul, Namíbia, Botswana e Zimbábue. Eu acabei indo 5 dias antes e voltando 5 dias depois, para fechar o mês que eu queria passar na África. 

A partir dos próximos posts vou contar um pouco sobre a Namíbia, país onde passamos mais tempo (10 dias) e sem dúvida o que mais me impressionou pela grande diversidade. Não perca!



5 comentários:


  1. felipe, Parabéns! Adorei as tuas dicas, principalmente por se tratar de um continente desconhecido! Gostaria, se fosse possível, da conhecer quais foram as tuas sensações na chegadas destes lugares e se possível também de olhar mais fotos e comentários do ambiente fotografado. desde já muito obrigado pela paciência!

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  2. Oi Nara, muito obrigado!! A minha sensação foi ótima e sem nenhum choque cultural, pois cheguei à África pela Cidade do Cabo, que é praticamente uma Europa! Quando entrei na excursão, 5 dias depois, e fomos rumo ao norte, é que as coisas foram mudando, mas tão devagar que eu logo me acostumei. Para quem tem um pouco de medo da África uma boa dica é começar pela Cidade do Cabo e ir se aclimatando aos poucos antes de entrar nos países "mais africanos". Quanto às fotos, os próximos posts vão estar recheados delas (pena que a câmera que eu levei para a viagem não era de boa qualidade). bjs

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  3. Felipe, obrigado pelas postagens sobre a África. Decidi que será minha próxima viagem, e farei o mesmo tour Cape Town - Victoria Falls (talvez no sentido inverso, ainda não sei).

    Tenho algumas dúvidas, caso você possa responder eu ficaria muito grato:

    1) SEGURANÇA: Você sentiu segurança em todos os passeios? Exemplo: é seguro acampar assim, em áreas abertas, e não ser atacado por animais? É seguro andar de caiaque ou até mesmo nadar nesses lugares que você percorreu sem se preocupar com crocodilos ou hipopótamos?

    2) AR CONDICIONADO: Os caminhões da empresa Nomad possuem ar-condicionado?

    3) CLIMA: Como é o clima de noite nesses lugares? É tão quente que é difícil dormir nas barracas?

    4) VISTOS: Como você tirou os vistos para os países em que passou? Antecipadamente em embaixadas ou são visa-on-arrival?

    5) COMPRAS: Se eu quiser, por exemplo, beber cerveja no fim do dia, eu terei onde comprar? (ainda que anteriormente) Existem vários mercados no percurso? Ou vocês basicamente vivem de água e alimentos que o tour oferece?

    6) VOLTAR:? Acredito que você tenha ido para Joanesburgo depois do passeio, certo? Após Victoria Falls, você foi como para lá? Avião ou com o shuttle de dois dias oferecidos pela empresa?

    Obrigado!

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  4. Oi Arthur!

    1 - estando em uma área de parque de safari, por exemplo, como ficamos em Etosha, nunca há risco 0 de não ser atacado por animais, pq eles realmente estão ali em volta. Só que, pela experiencia q se tem, sabemos q muuuito dificilmente ele vai se aproximar de um grupo de pessoas num acampamento. Até 2012, quando eu fui, não houve nenhum caso de ataque de animais com a Nomad, entao eu considero bem seguro. O rafting em vicfalls é feito em uma área onde não tem crocodilos, mas é claro q, se tu cair do bote e pegar a correnteza do rio, vai achar um deles hehehe. mas esse rafting eu não recomendo MESMO, expliquei tudo nesse post: http://turismosemcliche.blogspot.com.br/2014/09/normal-0-21-false-false-false-pt-br-x.html
    Nadar e andar de caiaque nos rios é tranquilo, em áreas onde não tem animais!

    2 - nao tem ar, mas as janelas vao abertas e eu nao passei calor nenhuma vez

    3 - não é quente a noite, até faz frio!

    4 - vistos so precisa pro zimbabue, q paga na entrada do país. Se tu quiser ir a zambia (nao ta incluido no tour) tem q pagar na entrada tb.

    5 - tem mercados no percurso na maioria dos dias

    6 - o q é esse shuttle de 2 dias? voltar com o mesmo caminhao? eu fui de avião, comprei passagem vicfalls - porto alegre, com paradas em jnb e sp!

    Qualquer outra duvida é só perguntar!!
    abraço

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    1. tambem escrevi esse post, separado os outros: http://turismosemcliche.blogspot.com.br/2015/10/cape-town-dicas-e-roteiro.html

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