Muita gente sonha em conhecer o
grande continente africano, repleto de belezas exóticas, animais selvagens e
culturas curiosas. Para quase todo mundo, isso realmente não passa de um sonho,
já que, para conhecer a África, é preciso ter uma dessas duas coisas: espírito
de aventura ou dinheiro.
Se você tem dinheiro, esqueça
qualquer tipo de preocupação e embarque imediatamente! Você pode ficar
hospedado em alguns dos resorts mais luxuosos do mundo que (sim!) ficam bem na
África, em geral dentro de parques nacionais, locais estratégicos para um bom
safári. Se você não está com essa bola toda, vai precisar de uma boa dose de aventura
– mas fique tranquilo, nada é impossível para um viajante cheio de disposição!
Desde criança, eu sempre sonhei
em conhecer a África. Em 2011, quando eu tinha 20 anos, decidi que não podia
mais adiar essa viagem e comecei a pensar seriamente sobre o assunto. Minha
primeira ação foi convidar todos os meus conhecidos para viajarem comigo – mas,
como já era esperado, ninguém aceitou (ou pensaram que eu estava brincando).
Diante da falta de companhia, não me restou mais nada a não ser embarcar em uma
viagem solitária para aquele que eu considero o continente mais perigoso para
fazer turismo.
Indo sozinho para a África e sem
ter nunca dirigido antes no exterior, achei que alugar um carro não seria a
melhor ideia – e pegar ônibus, muito menos! O que me restou foi pesquisar na
internet agências que fizessem roteiros em grupo por lá, e o resultado mais uma vez foi
aquilo que eu já temia: preços altos e pouco tempo de viagem. Minha ideia era
ficar mais ou menos um mês fora, e nenhum dos circuitos das grandes e
conhecidas agências brasileiras tem essa duração – no máximo, o que você
consegue encontrar é um “grande tour” de 15 dias pela África do Sul – o que
definitivamente não me interessou. Fora isso, os preços também não ajudam em
nada: esses pequenos grandes tours custam caro, e de fato não podia ser
diferente! Afinal, não são estudantes aventureiros o público-alvo dessas
agências, e sim aposentados que querem se hospedar em hoteis confortáveis e só
conhecer o lado fácil, turístico e cômodo da África (não estou criticando quem faz isso,
mas não era o que eu estava procurando!).
E foi aí, quando eu já pensei que
meus planos não iam dar muito certo, que milagrosamente cliquei num link e
encontrei a solução perfeita e que preenchia todas as minhas exigências! Essa
solução se chama Nomad Adventure Tours – uma agência sul-africana que opera
viagens de caminhão (!!!) por todo o continente, com roteiros em grupo que
variam de 2 dias a 2 meses de duração! Olhei os preços e me agradaram (e
muito!).
1. O MEIO DE TRANSPORTE
Como eu já falei, os grupos Nomad
se locomovem com um caminhão adaptado. Por fora, é um caminhão normal – por dentro,
é mais parecido com um ônibus de turismo. No caminhão em que eu fui (acho que
são todos do mesmo tamanho) havia 24 assentos – 4 na frente, de lado, e 2
fileiras de bancos duplos, com 5 bancos em cada uma. No centro, um corredor com
espaço suficiente e uma enorme caixa térmica onde se pode guardar alimentos e
bebidas que precisam ficar refrigeradas. Nos fundos, diversos armários com
muito espaço para guardar as malas – um armário para cada passageiro, que pode
fechá-lo com seu próprio cadeado. Também, acima dos bancos, há um bagageiro
para as mochilas.
Obs.: nas excursões Nomad, só é permitido levar malas não-rígidas (ou seja, leve um mochilão/sacolão).
2. O GRUPO
Os grupos de viagem da Nomad são
compostos de 1 motorista, 1 guia e (se eu não me engano) um máximo de 21
passageiros. Mas não se assuste: segundo o que o próprio guia me disse, é muito difícil atingirem
esse número tão elevado. No meu grupo, que foi de tamanho médio, havia 11
pessoas no começo – eu, 2 australianas, um casal de suíços que mora no Chile,
um casal de suecos, 3 alemãs (2 amigas e 1 viajando sozinha) e 1 holandesa. Na
metade da viagem, uma outra alemã se juntou ao grupo e, depois, uma das
australianas deixou o grupo. A Nomad é tão flexível que permite isso – você pode
contratar a excursão só pela metade, ou só até o ponto que desejar. Com esse
número de pessoas a viagem foi excelente – cada um tinha direito a usar um dos
bancos duplos do caminhão, de modo que todos tinham espaço de sobra para suas
mochilas e pertences de mão. Até dava para deitar nos bancos quando o trajeto era muito demorado!
3. A ACOMODAÇÃO
Em geral, existem duas opções de
acomodação nos grupos Nomad: a mais rústica e a mais confortável. Se você quer
pagar um pouco mais caro, pode ficar em pequenos alojamentos durante quase todo
o roteiro – exceto naqueles lugares em que não for possível. Mas a especialidade
da Nomad são mesmo os acampamentos, e foi assim que eu viajei. Ao final de cada dia,
o caminhão para em algum ponto e cada dupla monta a sua barraca (não é preciso
levar uma, a barraca já está incluída no preço da viagem). Cada barraca suporta
2 pessoas - por isso, se viajar sozinho, a chance de você dormir com um
estranho é bem grande. Mas no meu caso, como havia 11 pessoas no grupo, acabei
tendo a sorte de ficar sozinho (afinal, os únicos homens que viajavam no grupo
estavam com suas esposas). Em 2 pessoas, monta-se a barraca em menos de 5
minutos – mas não vou mentir: sozinho, essa tarefa é quase impossível! Nessa hora
é que eu sofria, sempre tinha que esperar alguma dupla terminar de montar a sua
para me ajudar com a minha. O guia e o motorista também ajudam, e no primeiro
acampamento eles ensinam passo a passo como fazer toda a montagem. Algumas
vezes dormimos em campings, com estrutura de chuveiros,
banheiros, restaurante, etc. Outras vezes, o acampamento é isolado de tudo e de
todos – e aí você vai precisar suportar a ideia de passar um dia sem tomar
banho!
4. A ALIMENTAÇÃO
As refeições do grupo já estão
incluídas no preço da viagem, e são todas preparadas pelo próprio guia. A parte
de baixo do caminhão se abre, e dali sai uma grande mesa. A comida é comprada
pelo guia ao longo da viagem, em supermercados, e é esquentada em fogueiras nos
acampamentos.
Antes de embarcar, o meu maior medo era justamente dessa parte: não gostar da comida e não ter mais nada para comer! Inacreditavelmente, os jantares do guia eram ótimos (um milagre comer um prato quente delicioso no meio do deserto), e não deixou a desejar em nenhum dia. E se você pensa que eram coisas pré-prontas e simples, está muito enganado: refeições bem elaboradas, de 2 ou 3 pratos, e sempre acompanhando salada. Ao longo da nossa excursão comemos todo tipo de carne, arroz, batata, massa e tudo o que comeríamos em um restaurante normal. E eles ainda se preocupam tanto em agradar aos turistas que podem inclusive preparar pratos especiais para cada um, quando necessário. No meu grupo havia uma vegetariana, e todos os dias o guia cozinhava alguma coisa para ela que não incluísse carne - afinal, se não fizesse isso, ela passaria 20 dias comendo só salada. Eu, como não gosto de peixe, também ganhei uma refeição especial no dia em que foi necessário.
Isso tudo que eu estou falando se refere aos jantares. Quanto aos almoços, esses realmente são mais simples - até porque, na maior parte dos dias, almoçamos no meio da estrada, no deslocamento entre uma cidade e outra. De qualquer forma, não faltaram sanduíches cheios de manteiga, maionese, mostarda, queijo, presunto, alface, tomate, temperos e às vezes até salsicha e bacon. No café da manhã sempre tem café e leite, além de bolachas doces e sanduíches à vontade.
Antes de embarcar, o meu maior medo era justamente dessa parte: não gostar da comida e não ter mais nada para comer! Inacreditavelmente, os jantares do guia eram ótimos (um milagre comer um prato quente delicioso no meio do deserto), e não deixou a desejar em nenhum dia. E se você pensa que eram coisas pré-prontas e simples, está muito enganado: refeições bem elaboradas, de 2 ou 3 pratos, e sempre acompanhando salada. Ao longo da nossa excursão comemos todo tipo de carne, arroz, batata, massa e tudo o que comeríamos em um restaurante normal. E eles ainda se preocupam tanto em agradar aos turistas que podem inclusive preparar pratos especiais para cada um, quando necessário. No meu grupo havia uma vegetariana, e todos os dias o guia cozinhava alguma coisa para ela que não incluísse carne - afinal, se não fizesse isso, ela passaria 20 dias comendo só salada. Eu, como não gosto de peixe, também ganhei uma refeição especial no dia em que foi necessário.
Isso tudo que eu estou falando se refere aos jantares. Quanto aos almoços, esses realmente são mais simples - até porque, na maior parte dos dias, almoçamos no meio da estrada, no deslocamento entre uma cidade e outra. De qualquer forma, não faltaram sanduíches cheios de manteiga, maionese, mostarda, queijo, presunto, alface, tomate, temperos e às vezes até salsicha e bacon. No café da manhã sempre tem café e leite, além de bolachas doces e sanduíches à vontade.
Caminhão parado no acostamento da estrada para almoço |
Agora, o único ponto negativo quanto à comida: para aqueles que, como eu, estão comendo o tempo todo, o intervalo entre as refeições se torna grande demais. Como acordamos muito cedo quase sempre (por volta das 5h30 em média) o café da manhã é servido pelas 6h, o almoço não sai antes das 12h e o jantar só às 19h. Eu não aguento 6h sem comer, e a má notícia é que eu não encontrei em lugar nenhum na África esses típicos lanches que nós temos aqui (empadas, pão de queijo, pastel, um sanduíche de queijo ou qualquer outra coisa que mate a fome e não faça tão mal para a saúde). O jeito foi comer salgadinhos Elma Chips todo dia, um pacote de manhã e um de tarde – devo ter voltado da viagem com o estômago podre, mas ninguém merece passar fome!
Um ponto importante que você
precisa saber: depois das refeições, cada um lava a sua louça em 2 baldes de
água (um com sabão e outro com água para enxaguar) e depois seca.
5. OS PREÇOS
Por último, o principal: quanto
você vai pagar por essa aventura?
Os preços da Nomad não são nem um pouco caros, se você analisar o custo-benefício de todos os serviços que eles proporcionam. Eu contratei o pacote no site nomad.pt, uma espécie de filial da empresa sul-africana em que tudo é escrito em português. Durante a viagem, fiquei sabendo que meus colegas todos haviam reservado no site nomadtours.co.za, o site da Zâmbia, onde os preços são MUITO menores – praticamente a metade dos preços do site português! Fica essa dica valiosa para você: na hora de contratar o seu passeio, faça tudo por este site: nomadtours.co.za.
Os preços da Nomad não são nem um pouco caros, se você analisar o custo-benefício de todos os serviços que eles proporcionam. Eu contratei o pacote no site nomad.pt, uma espécie de filial da empresa sul-africana em que tudo é escrito em português. Durante a viagem, fiquei sabendo que meus colegas todos haviam reservado no site nomadtours.co.za, o site da Zâmbia, onde os preços são MUITO menores – praticamente a metade dos preços do site português! Fica essa dica valiosa para você: na hora de contratar o seu passeio, faça tudo por este site: nomadtours.co.za.
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O pacote que eu contratei era de 20
dias, e incluía África do Sul, Namíbia, Botswana e Zimbábue. Eu acabei indo 5
dias antes e voltando 5 dias depois, para fechar o mês que eu queria passar na
África.
A partir dos próximos posts vou contar um pouco sobre a Namíbia, país onde passamos mais tempo (10 dias) e sem dúvida o que mais me impressionou pela grande diversidade. Não perca!
A partir dos próximos posts vou contar um pouco sobre a Namíbia, país onde passamos mais tempo (10 dias) e sem dúvida o que mais me impressionou pela grande diversidade. Não perca!
ResponderExcluirfelipe, Parabéns! Adorei as tuas dicas, principalmente por se tratar de um continente desconhecido! Gostaria, se fosse possível, da conhecer quais foram as tuas sensações na chegadas destes lugares e se possível também de olhar mais fotos e comentários do ambiente fotografado. desde já muito obrigado pela paciência!
Oi Nara, muito obrigado!! A minha sensação foi ótima e sem nenhum choque cultural, pois cheguei à África pela Cidade do Cabo, que é praticamente uma Europa! Quando entrei na excursão, 5 dias depois, e fomos rumo ao norte, é que as coisas foram mudando, mas tão devagar que eu logo me acostumei. Para quem tem um pouco de medo da África uma boa dica é começar pela Cidade do Cabo e ir se aclimatando aos poucos antes de entrar nos países "mais africanos". Quanto às fotos, os próximos posts vão estar recheados delas (pena que a câmera que eu levei para a viagem não era de boa qualidade). bjs
ResponderExcluirFelipe, obrigado pelas postagens sobre a África. Decidi que será minha próxima viagem, e farei o mesmo tour Cape Town - Victoria Falls (talvez no sentido inverso, ainda não sei).
ResponderExcluirTenho algumas dúvidas, caso você possa responder eu ficaria muito grato:
1) SEGURANÇA: Você sentiu segurança em todos os passeios? Exemplo: é seguro acampar assim, em áreas abertas, e não ser atacado por animais? É seguro andar de caiaque ou até mesmo nadar nesses lugares que você percorreu sem se preocupar com crocodilos ou hipopótamos?
2) AR CONDICIONADO: Os caminhões da empresa Nomad possuem ar-condicionado?
3) CLIMA: Como é o clima de noite nesses lugares? É tão quente que é difícil dormir nas barracas?
4) VISTOS: Como você tirou os vistos para os países em que passou? Antecipadamente em embaixadas ou são visa-on-arrival?
5) COMPRAS: Se eu quiser, por exemplo, beber cerveja no fim do dia, eu terei onde comprar? (ainda que anteriormente) Existem vários mercados no percurso? Ou vocês basicamente vivem de água e alimentos que o tour oferece?
6) VOLTAR:? Acredito que você tenha ido para Joanesburgo depois do passeio, certo? Após Victoria Falls, você foi como para lá? Avião ou com o shuttle de dois dias oferecidos pela empresa?
Obrigado!
Oi Arthur!
ResponderExcluir1 - estando em uma área de parque de safari, por exemplo, como ficamos em Etosha, nunca há risco 0 de não ser atacado por animais, pq eles realmente estão ali em volta. Só que, pela experiencia q se tem, sabemos q muuuito dificilmente ele vai se aproximar de um grupo de pessoas num acampamento. Até 2012, quando eu fui, não houve nenhum caso de ataque de animais com a Nomad, entao eu considero bem seguro. O rafting em vicfalls é feito em uma área onde não tem crocodilos, mas é claro q, se tu cair do bote e pegar a correnteza do rio, vai achar um deles hehehe. mas esse rafting eu não recomendo MESMO, expliquei tudo nesse post: http://turismosemcliche.blogspot.com.br/2014/09/normal-0-21-false-false-false-pt-br-x.html
Nadar e andar de caiaque nos rios é tranquilo, em áreas onde não tem animais!
2 - nao tem ar, mas as janelas vao abertas e eu nao passei calor nenhuma vez
3 - não é quente a noite, até faz frio!
4 - vistos so precisa pro zimbabue, q paga na entrada do país. Se tu quiser ir a zambia (nao ta incluido no tour) tem q pagar na entrada tb.
5 - tem mercados no percurso na maioria dos dias
6 - o q é esse shuttle de 2 dias? voltar com o mesmo caminhao? eu fui de avião, comprei passagem vicfalls - porto alegre, com paradas em jnb e sp!
Qualquer outra duvida é só perguntar!!
abraço
tambem escrevi esse post, separado os outros: http://turismosemcliche.blogspot.com.br/2015/10/cape-town-dicas-e-roteiro.html
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