Turismo sem Clichê: agosto 2021

Voltamos recentemente de uma viagem de 2 meses pelo norte/nordeste do Brasil, e um dos destinos que visitamos foi a Chapada das Mesas, no interior do Maranhão.

Neste post vou dar todas as dicas sobre essa região, que ainda está sendo descoberta pelo turismo mas já oferece atrações suficientes para preencher um roteiro de uma semana!

Carolina, a cidade-base

A cidade onde você deve se hospedar para conhecer todas as atrações da Chapada é Carolina/MA, que fica às margens do Rio Tocantins, na divisa MA/TO.

Para quem vai fazer uma viagem só para a Chapada, é bom comprar uma passagem de avião para Imperatriz/MA, e de lá chegar a Carolina por terra (3h de carro).

Como nós estávamos fazendo um roteiro por vários estados brasileiros, fomos por via terrestre de Palmas/TO até Carolina.

Travessia de balsa: Filadélfia/TO - Carolina/MA

Rio Tocantins, em Carolina

Carolina é uma cidade tranquila e relativamente bonita, ótima para passear à noite após um longo dia no meio da natureza.

Na cidade, há opções hospedagem para todos os gostos e bolsos. Nós ficamos no excelente Hotel Araçás (contato: 99 991161262), que tinha aberto há poucos dias quando chegamos - praticamente inauguramos o hotel! Foi uma hospedagem excelente, que atendeu bem às nossas necessidades e expectativas. O valor da diária pode variar bastante, mas quando estivemos lá estavam cobrando R$200 por suíte (não por pessoa) - a nossa tinha uma cama de casal e uma de solteiro. Achei um preço justo para a qualidade da acomodação, por isso recomendo bastante o Hotel Araçás.

Melhor época para viajar

A época seca vai de maio a setembro, mas para não correr riscos é melhor ir de junho a agosto.

Nós fomos na última semana de abril, uma época de transição, e pegamos apenas um dia de chuva - porém, foi o suficiente para deixar a água dos rios bem turva, como você vai ver nas fotos abaixo.

Como fazer os passeios

* Com agência de turismo

Há muitas agências que você pode contratar em Carolina. Nós fizemos alguns passeios com a agência Araçás (cuja sede fica no próprio Hotel Araçás) e outros com a Trip Chapada das Mesas. As 2 foram excelentes, pontuais, com ótimos guias e roteiros bem organizados. Seguem os contatos:

Agência Araçás - 99 991161262 / @aracasecoturismo

Agência Trip Chapada das Mesas - 99 981981860 / @tripchapada_das mesas

* Por conta própria

É possível alugar um carro (ou até se locomover de carona) e fazer de forma independente grande parte dos passeios, pagando o valor da entrada diretamente nos atrativos. Só tem 2 casos especiais:

- o passeio do Parque Nacional (Cachoeiras São Romão e Prata) não pode ser feito por conta própria. É obrigatório contratar uma agência para fazer esse tour.

- o passeio do Morro do Chapéu requer um carro 4x4, pois a estrada que dá acesso ao morro está em péssimas condições, além de ter várias bifurcações e nenhuma sinalização. Mas, se você alugar um carro 4x4, ou se conseguir chegar até a entrada da trilha de carona, é possível fazer o passeio sem um guia/agência.

Para fazer todos os outros passeios que vou enumerar neste post, não é obrigatória a contratação de agência e nem é necessário um veículo 4x4.

Quanto custa viajar pela Chapada das Mesas

Não vou mentir: fiquei impressionado com os preços da Chapada das Mesas, um destino ecoturístico no interior do Maranhão. Todos os passeios (mesmo sendo feitos por conta própria) custam caro, e absolutamente nada é de graça. Deve ser por isso que até os maranhenses conhecem a Europa antes de ir para a Chapada... No decorrer do post, eu coloco o preço de cada passeio (valores de abril/21).

Quanto a hospedagem e alimentação, os preços são normais em Carolina.

Atrativos da Chapada das Mesas

1. Complexo Turístico Pedra Caída

É um parque enorme cheio de atrações a serem visitadas. Fazendo um roteiro ligeiramente corrido, é possível conhecer tudo no mesmo dia - porém, se você gosta de fazer as coisas com mais calma, parar para almoçar no restaurante... daí recomendo separar 2 dias para conhecer a Pedra Caída. É possível dormir lá (eles têm uma pousada) ou fazer 2 bate-voltas de Carolina, que é o que eu sugiro.

Como o nome já diz, o esquema para visitar esse lugar é complexo. Basicamente, você tem 2 opções:

* pagar um valor de entrada (R$70), que dá acesso à estrutura do lugar (restaurante, bares, piscinas, áreas de descanso, tirolesa e teleférico) e, separadamente, pagar por cada atividade do complexo (visitas a cachoeiras, etc).

* não pagar o valor da entrada, mas apenas o "acesso expresso" às atividades. Nesse caso, você não pode usar a estrutura do complexo, mas pode visitar os atrativos (por um valor maior do que você pagaria caso tivesse comprado a entrada).

Pessoalmente, eu achei esse sistema totalmente sem sentido - se a pessoa só pagou o acesso expresso mas quer comer no caríssimo restaurante, dando dinheiro fácil para o complexo, não pode! E o pior é a quantidade de gente que paga os R$70 da entrada só pra ter direito de comer no restaurante, kkkk... Enfim, a impressão que eu tive é que a Pedra Caída é um daqueles lugares que "se acham".

Recomendo acessar o site da Pedra Caída para fazer as contas e ver o que compensa para você. Qualquer das opções é caríssima, mas a mais barata seria o acesso expresso aos 4 conjuntos de cachoeiras, que juntos totalizam R$300 por pessoa (e não dão direito ao teleférico, à tirolesa e à trilha da pirâmide).

Nós só não fizemos o passeio da Cachoeira da Pedra Furada, pois estava fechada quando estivemos lá. Veja abaixo a lista dos passeios que fizemos:

*Cachoeira do Santuário

É a principal atração do complexo, e é um lugar realmente imperdível numa viagem à Chapada. Talvez por eu não estar esperando uma coisa dessa magnitude, a Cachoeira do Santuário me impressionou tanto que entrou pra lista dos meus lugares preferidos no Brasil.

A trilha de acesso começa por uma grande descida numa escadaria, passa por um cânion inundado (onde se caminha com água até o pescoço) e termina numa caverna, onde a cachoeira despenca com toda a força.

No local da cachoeira em si, só é possível tirar fotos com uma câmera à prova d'água - nós deixamos o celular numas pedras na trilha, um pouco antes de chegar à caverna, e só entramos com a Gopro. Como não sabemos mexer direito na Gopro, as fotos ficaram péssimas! As imagens abaixo são da trilha:

* Cachoeiras da Caverna e do Capelão

Essas 2 cachoeiras são conhecidas no mesmo passeio, e ambas são acessadas por trilhas bem curtas.

Uma jiboia no caminho para as cachoeiras!

E uma iguana também

Cachoeira da Caverna

Cachoeira do Capelão

* Cachoeiras do Garrote e da Porteira

Outras 2 cachoeiras que são conhecidas no mesmo passeio. Na minha opinião, essa atividade não vale muito a pena, pois nenhuma delas é muito bonita. Para falar a verdade, o que nós mais gostamos foi do Poço das Estrelas, um poço bem pequeno que fica na trilha entre as 2 cachoeiras.

Poço das Estrelas

* Pirâmide

No topo de um morro no Complexo, fica uma pirâmide de vidro esotérica. Para chegar lá e contemplar a vista, é preciso fazer uma trilha por passarelas ou pegar um teleférico. Quando estivemos lá o teleférico não estava funcionando, então tivemos que subir e descer a pé. Pelo que eu entendi, o passeio custa a mesma coisa se você usar o teleférico ou subir/descer caminhando (mais uma coisa que não dá pra entender...).

2. Cachoeiras Gêmeas do Itapecuru

São 2 cachoeiras que ficam uma ao lado da outra. A entrada ao parque custa R$40 e, por esse valor, eu não acho que seja um passeio que valha muito a pena. As quedas não são nada de mais e o banho não é prazeroso, pois o solo é irregular e cheio de pedras, e a água é bem escura, então não dá para ver nada. Eu tentei nadar até uma das cachoeiras, pois estava fundo, e do nada bati com toda a força numa pedra.

Enfim, é um lugar legal para ver 2 cachoeiras e tirar umas fotos - se vale os R$40 ou não, é com você...

3. Poço Azul e Encanto Azul

São 2 parques diferentes mas que ficam bem próximos um do outro, na cidade de Riachão (1h20min de Carolina), então aproveite para conhecer os 2 no mesmo dia.

Fotos da estrada Riachão - Carolina:

*Poço Azul

O Poço Azul é um parque mais complexo, com bastante estrutura (restaurante, bares, piscina...) e diversas atrações naturais, sendo a principal delas um poço com água cristalina. Porém, muito cuidado: quando chove, esse poço fica turvo, com cor barrenta. Foi o que aconteceu quando estivemos lá: no dia anterior tinha chovido muito, e isso acabou deixando o Poço Azul marrom por uns 5 dias. Esse fenômeno de mudança total de cor é uma coisa que eu nunca tinha visto... de um dos lugares mais lindos do Brasil, ele pode se tornar um esgotão em questão de minutos!

O Poço Azul

A entrada ao parque do Poço Azul custa R$60, mas quando a água está turva eles avisam na entrada e, se a pessoa ainda assim quiser conhecer o complexo, paga só R$30. Eu achei que valeu a pena entrar no parque, pois além do poço há uma gruta e várias cachoeiras interessantes, com destaque para a Cachoeira de Santa Bárbara, que é espetacular mesmo com cor de barro!

Ao todo, passamos umas 2h percorrendo todas as trilhas do parque, e depois uns 30min relaxando na piscina. Se a água estivesse clara, acho que precisaríamos de no mínimo umas 4h dentro do parque, para aproveitar bem.

* Encanto Azul

O Encanto Azul também consiste num poço de água cristalina, porém o esquema é bem diferente.

Pra começar, o Encanto Azul não sofre com o fenômeno da mudança de cor - ele é sempre azul, faça chuva ou faça sol.

E, ao contrário do Poço Azul, aqui não há quase nada de estrutura nem muitas atrações - é apenas um poço mesmo, as únicas atividades são banho e fotos. Por outro lado, não há dúvida de que é um lugar muito, mas muito mais bonito do que qualquer atrativo do parque concorrente. Tudo bem que nós não conhecemos o Poço Azul cristalino das fotos, mas mesmo assim dá pra afirmar com certeza que o Encanto, pelo menos para nós, é mais interessante. Isso porque, enquanto o Poço Azul fica num lugar mais "aberto", o Encanto Azul fica no fundo de um vale, cercado por cavernas, rochedos e florestas. É bem mais natural e parece que estamos num cenário de filme!

O ingresso ao Encanto Azul custa R$30, e para chegar até o local do poço é preciso descer uma grande escadaria - não é muito recomendável para quem tem dificuldade de locomoção.

Nós passamos mais de 2h no Encanto Azul, aproveitando bastante, mas é possível ficar menos tempo.

4. Tour do Parque Nacional

Apesar de a gente dizer que todas essas outras atrações fazem parte da Chapada, na verdade o único passeio que é feito de fato dentro do Parque Nacional Chapada das Mesas é este.

O tour chamado "Parque Nacional" contempla 2 cachoeiras (São Romão e Prata) e dura quase o dia todo (nós saímos pelas 8h30 de Carolina e retornamos pelas 15h30).

Por envolver entrada na área protegida do Parque Nacional, este é o único tour que não pode ser feito por conta própria. Mesmo se você tiver um carro alugado, só poderá entrar no Parque com o acompanhamento de um guia local, em um veículo 4x4.

O preço médio do passeio é R$180 por pessoa, mas tudo é negociável de acordo com o tamanho e as necessidades do grupo.

O almoço é servido no receptivo de uma das cachoeiras, e é pago à parte. As entradas a cada cachoeira (se eu não me engano, R$15 cada uma) também não estão incluídas no valor do passeio.

A parada na Cachoeira do Prata é mais rápida, apenas para contemplação:

O ponto alto do dia é a visita à Cachoeira de São Romão, que tem uma força incrível. O guia nos acompanha até as rochas atrás da cachoeira, onde tiramos as fotos mais clássicas.

Depois, é possível alugar caiaques e passear bastante pelo rio, em frente à cachoeira.

5. Morro do Chapéu

Este é outro passeio clássico da Chapada das Mesas. Eu gostei de ter feito, mas confesso que não achei imperdível e não voltaria a fazê-lo numa próxima viagem para lá.

É uma trilha até o topo de um morro que tem o cume largo e plano, em forma de chapéu. Apesar de a trilha não ser muito longa, a elevação é grande e o caminho é 100% de subida íngreme, sempre por mata fechada, sem beleza cênica nenhuma. Não é uma trilha prazerosa nem contemplativa.

Lá de cima, claro que a vista é super bonita - porém, acho que não é nada muito característico da região... Não é muito diferente do que você subir um morro aqui mesmo no RS ou em SC, por exemplo. A vista é principalmente para campos verdes com fazendas.

Por isso, acho que se a pessoa não é muito acostumada a caminhar, não vale a pena subir o Morro do Chapéu. Ela vai sofrer demais na trilha para ter pouca recompensa.

Morro do Chapéu visto de perto...

... e de longe

No topo

A subida ao Morro do Chapéu geralmente é feita com um passeio de agência, mas também pode ser feita por conta própria. Nesse caso, lembre-se de que, para chegar ao começo da trilha, é preciso de um veículo 4x4. Além disso, no caminho há bifurcações e nenhuma sinalização, então estude bem o mapa antes de ir.

Como o nosso grupo era de trilheiros bem experientes, começamos a subida pelas 8h e por volta das 12h já tínhamos descido. Isso que passamos horas lá em cima, lanchando e tirando fotos... Mas, normalmente, se recomenda separar um dia inteiro para este passeio, até porque a maioria das pessoas se esgota fisicamente depois dessa trilha, e não consegue fazer mais nada pelo resto do dia.

Não suba o Morro do Chapéu com chuva - toda a região da Chapada das Mesas é famosa por sua alta atividade de raios. Um guia local morreu atingido por um raio no topo do Morro do Chapéu, 3 anos atrás.

6. Portal da Chapada e Mirante da Chapada

São 2 trilhas relativamente curtas e bem próximas uma da outra. O começo de ambas fica na beira da estrada Carolina - Pedra Caída. O acesso a cada trilha custa R$10.

Por incrível que pareça, essas 2 trilhas tão simples e acessíveis foram alguns dos lugares que eu mais gostei de visitar na Chapada das Mesas. Na minha opinião, elas nem se comparam com a exaustiva trilha do Morro do Chapéu: essas 2 são muito agradáveis, pois a cada passo você vê a paisagem de um outro ângulo. E o principal: o panorama é aquele que não nos deixa esquecer por um segundo que estamos no meio do Brasil, na divisa do Maranhão com o Tocantins, num "desertão" com formações abruptas, de topo plano, cortadas por uma estradinha lá embaixo. Isso sim é Chapada das Mesas de verdade!

Sem falar que, por serem lugares altos e abertos, o Portal e o Mirante são ótimos para avistar pássaros.

Mirante da Chapada:

Portal da Chapada:

Vista para o Morro do Chapéu

Muitos mocós na trilha do Portal

7. Cachoeira do Dodô

Uma cachoeira pequena, cuja entrada custa R$10. Não é nada imperdível, mas devido ao preço baixo vale a pena visitar se estiver no seu caminho ou se você tiver tempo sobrando.

Quantos dias passar na Chapada das Mesas

Para fazer valer a viagem até lá, eu considero que o mínimo são 3 dias inteiros, conhecendo as atrações mais imperdíveis:

Dia 1 - Complexo Pedra Caída

Dia 2 - Poço Azul e Encanto Azul - se você for muito rápido, incluir no mesmo dia as Cachoeiras Gêmeas

Dia 3 - Tour do Parque Nacional

E pelo menos mais meio dia para fazer as trilhas curtas do Portal e do Mirante da Chapada. Mas se você só tem 3 dias mesmo, tente encaixar pelo menos a trilha do Portal, na volta do Tour do Parque Nacional.

Nós viajamos sem saber exatamente quantos dias ficaríamos na Chapada, já que fomos no final da época de chuvas e, nessa região, dia de chuva é dia perdido. Acabamos ficando 7 noites (6 dias inteiros), e foi o tempo ideal para fazer tudo com bastante calma, repetir os passeios que mais gostamos (fomos 2x na Cachoeira do Santuário e no Portal da Chapada) e ainda tivemos uma tarde de descanso forçado devido à chuva.

Veja o nosso roteiro:

25/4 - Chegada a Carolina no fim da tarde

26/4 - Complexo Pedra Caída (Cachoeiras da Caverna, do Capelão e Santuário), Cachoeira do Dodô e trilha do Portal da Chapada

27/4 - Cachoeiras Gêmeas do Itapecuru e muita chuva à tarde

28/4 - Encanto Azul e Poço Azul

29/4 - Tour do Parque Nacional (Cachoeiras São Romão e Prata) e trilha do Mirante da Chapada

30/4 - Complexo Pedra Caída (trilha da Pirâmide e Cachoeiras do Santuário, Porteira e Garrote)

1/5 - Morro do Chapéu, Balneário Aldeia do Leão e trilha do Portal da Chapada

2/5 - Saída de Carolina de manhã

Veja aqui o nosso roteiro de 2 meses por TO/MA/CE/PI.

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