segunda-feira, 15 de junho de 2020

Dicas sobre Teriberka, no norte da Rússia

No último post falei sobre nossas experiências na Rússia e dei algumas dicas sobre o país, com base nas 2 viagens que fizemos para lá.

Agora, eu estava fazendo um post com o nosso roteiro completo de 15 dias entre Murmansk e São Petersburgo, mas comecei a escrever sobre os dias que passamos em Teriberka e não parei nunca mais. Então, para não ficar muito cansativo, resolvi fazer este post específico só sobre esse vilarejo.




Decidimos colocar Teriberka no nosso roteiro porque estaríamos em Murmansk, e eu queria aproveitar para conhecer o Oceano Ártico também na Rússia (já tínhamos estado na costa norueguesa). Não lemos nenhum texto, nem recebemos indicação de ninguém para ir lá - simplesmente olhamos no mapa as praias possíveis de se chegar de carro, e nos pareceu que a única era Teriberka.

Acertamos em cheio! De todos os lugares que eu já conheci, sou capaz de dizer que Teriberka está pelo menos entre os 5 que eu mais gostei. Não adianta: quanto mais longe, mais isolado, mais difícil... mais eu gosto (não à toa, meu maior sonho é conhecer a ilha de Tristão da Cunha, o lugar habitado mais isolado do mundo).

E o pior é que não tem explicação - a maioria das pessoas que vêem fotos de Teriberka deve pensar que é um vilarejo pobre, horrível, ventoso, com casas caindo aos pedaços. E eu nem sei mesmo explicar por que eu gostei tanto - acho que foi só a sensação de estar lá, o ar selvagem, a atmosfera de isolamento, de olhar o mapa e pensar que eu estava lá... foi tão emocionante quanto chegar ao Nordkapp, que é o ponto mais ao norte da Europa continental mas é totalmente urbano e civilizado, um contraste imenso com Teriberka.



Como é Teriberka

É um vilarejo com 900 habitantes que fica na Península de Kola, no noroeste da Rússia, à beira do Oceano Ártico. Turístico no inverno (russos de outras partes vão lá para ver a aurora boreal), mas totalmente deserto nas outras estações, uma verdadeira cidade-fantasma. Não se vê turistas, e apenas uns poucos moradores nas ruas. Os mercados são dentro de casas fechadas, sem nenhuma placa na frente (você precisa adivinhar onde eles estão e bater na porta). Os hoteis ficam todos fechados, e restaurantes nem achamos nenhum.

Pelo que ficamos sabendo, um premiado filme de 2014 chamado "Leviathan" foi filmado em Teriberka. A partir daí, a cidade até passou a atrair os fãs do filme, mas na verdade a imagem passada foi a pior possível - a de um vilarejo miserável e depressivo no fim do mundo (o que não deixa de ser verdade). Leia mais sobre esse assunto neste link.







Como chegar lá

Teriberka é o lugar mais isolado onde eu já estive.

Você só pode chegar a Teriberka partindo de Murmansk, pois acredito que não tenha estradas para nenhum outro lugar. Pode ser que no inverno (e talvez até no verão, por ser uma praia), haja transporte público entre essas 2 cidades - mas no outono, quando estivemos lá, não havia essa opção. Então, se você não estiver de carro, o único jeito de chegar lá é contratando alguém para levar você ou pedindo carona na estrada, que foi o que fizemos. 

Se você olhar no mapa, vai ver que o trajeto Murmansk - Teriberka tem formato de L. A primeira parte (horizontal no mapa) é asfaltada, tem 93km e pode ser feita em pouco mais de 1h. Mas a segunda parte (vertical) é nada menos que a pior estrada que eu já vi na minha vida. São apenas 43km nesse trecho, mas a viagem leva cerca de 1h30min devido aos buracos e pedregulhos, que estão presentes do início ao fim. 

A boa notícia é que, via de regra, quanto pior a estrada, melhores as chances de conseguir carona. Passam muito poucos carros (ainda mais de manhã cedo), mas os primeiros que passaram nos levaram.


Vendo o amanhecer na estrada, esperando carona
O começo e a parte menos esburacada da estrada




Quantos dias ficar em Teriberka

Nosso plano inicial era ficar pelo menos umas 3 noites lá, para termos mais chance de ver a aurora boreal. Porém, como vimos que a previsão era só de tempo nublado dali pra frente, diminuímos o roteiro para 2 dias. Acho que foi o tempo ideal (mínimo) para conhecermos bem toda a região de Teriberka. Não recomendo que você faça apenas um bate-volta de Murmansk, pois vai ficar corrido.



Hospedagem em Teriberka

Como era de se esperar, não encontramos nenhum anfitrião do Couchsurfing que pudesse nos receber em Teriberka. Também não vimos nenhum hotel aberto, nem qualquer outra forma de hospedagem. O jeito foi abordar algumas das pouquíssimas pessoas que passavam na rua e perguntar sobre isso. Nossa busca não durou muito - logo um homem nos ofereceu um apartamento por uma noite, por 1.500 rublos (cerca de 20 euros).

Essa hospedagem não podia ter sido melhor - era um apartamento enorme, com várias peças, super confortável. Ficava no prédio mais ao norte do vilarejo, em Nova Teriberka, com vista para o lago:





Roteiro de 2 dias


Dia 1 (24/09)

Para fazer o dia render, saímos de Murmansk antes das 6h e conseguimos chegar a Teriberka por volta das 9h30.

O vilarejo é dividido em 2 partes, separadas por uma ponte sobre um braço do oceano. A parte leste é a Velha Teriberka e a parte oeste é a Nova Teriberka. É muito longe ir a pé de uma a outra, mas dá para ir de carona tranquilamente.

Dedicamos o nosso primeiro dia a conhecer a Velha Teriberka e seu entorno. Além de passear um pouco pelo "centro", vendo e entrando nas casas abandonadas, fizemos uma caminhada pela estrada de chão que margeia a orla. Andamos 7km do "centro" para o leste, e voltamos pelo mesmo caminho. Estas são algumas das fotos que tiramos nesse dia:


Muitos prédios abandonados - dá pra entrar e passear dentro de todos eles




Gente surfando no Ártico, 0°C




Um cemitério na beira da praia






Também vimos (mas não conseguimos fotografar) uma cena inesquecível: um cachorro perseguindo uma lebre-ártica gigante, que felizmente conseguiu escapar.


Dia 2 (25/9)

Dedicamos esse dia a conhecer os arredores da Nova Teriberka. Partindo do nosso prédio pelas 9h30, margeamos o lago e seguimos pela trilha costeira, sentido oeste (a estrada de chão acaba logo e vira uma trilha). O caminho está todo marcado no aplicativo MapsMe. Não sei exatamente até onde fomos (a trilha seguia por muitos km ainda), mas calculo que pelo menos uns 8km só de ida (a volta é pelo mesmo caminho).

Esse passeio foi espetacular - veja algumas fotos:









Nessa trilha conhecemos a grande atração de Teriberka - uma cachoeira que deságua praticamente direto no oceano. Incrível!







Neste vídeo dá pra ver melhor como é a cachoeira:



Houve lugares da trilha em que vimos uma quantidade absurda de aves, mais até do que eu vi em Ushuaia ou mesmo em Galápagos. Pena que não levamos câmera nessa viagem, só o celular, por isso não deu pra dar zoom. Estas fotos dão uma ideia de uma das revoadas que vimos, mas não representa nem 10% do que era ao vivo:





Também vimos muitos lemingues, ratinhos típicos da tundra, que parecem deslizar pelas pedras. Há quase um mês eu estava procurando por eles nas nossas trilhas, e em Teriberka finalmente conseguimos ver (mas é impossível tirar fotos, eles são muito rápidos e pequenos).

Além disso, também ficamos sabendo que ali perto da cachoeira morava uma família de ursos, mas não os achamos. Os ursos não chegam a ser perigosos (só atacam caso se sintam muito ameaçados), mas nessa época de pré-hibernação eles têm que comer muito, então melhor evitar.

Terminamos o passeio pelas 15h, fomos para casa comer e fizemos nosso check-out.

No final da tarde, voltamos para Murmansk de carona. Mais uma vez, o difícil foi passar algum carro - mas esperamos cerca de 30min e o segundo que passou nos levou diretamente até Murmansk, pois praticamente não há outros vilarejos no caminho.

Encerramos assim o nosso roteiro de 2 dias por Teriberka.



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No próximo post, nosso roteiro de 15 dias entre Murmansk e São Petersburgo, com todas as atrações que conhecemos no caminho.

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Leia também:

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Roteiro de 98 dias - Turquia, Geórgia, Rússia, Armênia, Azerbaijão e Bulgária













segunda-feira, 1 de junho de 2020

A Rússia não é um país difícil

A Rússia é um dos meus países preferidos - tanto que nos últimos 2 anos estivemos lá. Na primeira vez conhecemos a região montanhosa da Ossétia do Norte, e na segunda visitamos o noroeste russo, fazendo um roteiro de 15 dias entre Murmansk e São Petersburgo


Dargavs, a cidade dos mortos


Quem viaja muito sabe bem que existem países "fáceis", aqueles que são para todo tipo de turista, e países "difíceis", que são apenas para aqueles mais aventureiros. Quase todo mundo acha que a Rússia é dos mais difíceis, porque o alfabeto é diferente e os russos não falam nenhuma palavra de inglês. A minha opinião é justamente o contrário: eu acho a Rússia um dos países mais fáceis do mundo para se fazer turismo, especialmente para quem viaja com baixo orçamento. Claro que o território russo é imenso e nós só conhecemos uma pequena parte, mas de qualquer forma essas são algumas das experiências que tivemos, nas nossas 2 viagens:


Requisitos para brasileiros

Ao contrário da maioria das nacionalidades, brasileiros não precisam de visto para estadias de até 90 dias na Rússia. Basta apresentar o passaporte e mais nada. O problema é que poucos (inclusive brasileiros e russos) sabem disso.

Acredito que se você chegar na Rússia de avião, especialmente por Moscou ou São Petersburgo, não terá absolutamente nenhum problema. Mas, nas nossas 2 viagens, nós apenas cruzamos fronteiras terrestres, o que gerou algum estresse (como já era de se esperar).


Cruzando fronteiras terrestres 

A Rússia tem dezenas ou centenas de fronteiras, mas nós só conhecemos 3 delas.

Em 2018, entramos e saímos da Rússia pela mesma fronteira: Stepantsminda (Geórgia) - Vladikavkaz. A nossa entrada foi bastante problemática, pois apenas um policial falava um inglês bem básico e não havia ninguém por ali para nos ajudar com a tradução. Eles falavam "visa", eu falava e gesticulava "Brazil no visa", mas claramente eles continuavam desconfiando de nós. Fizeram inúmeras ligações telefônicas e enfim descobriram que brasileiros de fato não precisam de visto. Ainda assim, nos chamaram numa salinha e ficamos ali por mais de meia hora, conversando com um policial que nos fazia perguntas sobre o Brasil e sobre a nossa viagem. Ele devia estar nos estranhando muito, pois não temos a aparência típica de brasileiros, e acho que deve ser um evento muito raro algum turista sul-americano cruzar aquela fronteira. Enfim, depois de algumas perguntas super capciosas como "is there sea in Brazil?" e "is Neymar from Brazil?" (sério!!), passamos no teste e nos liberaram.

Na saída da Rússia, por essa mesma fronteira, foi bem mais tranquilo. Só perguntaram onde fomos, onde ficamos e carimbaram o passaporte. 

Em 2019, entramos na Rússia pela fronteira Kirkenes (Noruega) - Murmansk. É uma zona extremamente militarizada, e nos 225km que percorremos entre as 2 cidades fomos parados pelo menos umas 5 vezes por policiais, que pediram para ver nossos passaportes. Apesar da enorme burocracia, todos trabalhavam com boa vontade e estavam bem informados, sabiam que brasileiros não precisam de visto para a Rússia.

E finalmente, saímos da Rússia pela fronteira Ivangorod - Narva (Estônia), e foi uma passagem bem tranquila, sem perguntas.



Como são os russos

Mais uma vez, para responder a essa pergunta teríamos que ter viajado MUITO mais pelo país. Mas, mesmo assim, vou falar o que achamos:

A barreira do idioma realmente existe, mas maior que ela é a boa vontade que vimos em quase todos os russos que conhecemos, nas 2 viagens. Quando vêem que você é turista e precisa de ajuda, ou apenas de alguma informação, param tudo o que estão fazendo para lhe ajudar, e não descansam até que o problema seja resolvido - nunca faltou paciência para ler nossas mensagens ou escrever textos no Google Tradutor.

Em Vladikavkaz, passamos uma semana fazendo compras sempre no mesmo supermercado, e a cada vez que entrávamos lá era uma festa - todo mundo já nos conhecia, da moça do pão ao segurança, nunca nos sentimos tão queridos num lugar. 

Também nessa cidade, entramos num mercadinho que não aceitava cartão de crédito, e estávamos escolhendo bem o que íamos levar pois tínhamos trocado muito pouco dinheiro. A Adriana mostrou o dinheiro para a dona do mercado e falou "chuchut" (não sei como se escreve em russo, mas significa "pouquinho"). A mulher achou isso tão engraçado que teve um acesso de riso e começou a pegar um monte de coisas do mercado e nos dar de graça!!! Recusamos várias vezes mas não adiantou, ela não aceitou nem o pouco dinheiro que tínhamos.

Outra vez, estávamos passeando num parque e passamos por uma quadra onde alguns amigos estavam jogando vôlei. Paramos para olhar o jogo e em questão de segundos já nos levaram para dentro da quadra para jogarmos junto. Acabamos passando o dia inteiro lá com eles, comendo, bebendo e jogando vôlei.




São Petersburgo foi a única exceção - não que não gostamos do povo, mas não sentimos a mesma receptividade das outras cidades por onde passamos. Mas isso porque eu acho que São Petersburgo tem bem mais cara de Europa do que de Rússia...



Como se locomover na Rússia

O sistema público de transporte na Rússia me pareceu bom - muitos trens e ônibus partem de muitos lugares a toda hora, e com preços super acessíveis. Dentro das cidades maiores, há metrô ou vans que ligam todos os cantos e passam a toda hora - não sei se nós tivemos sorte, mas tanto em Murmansk como em Vladikavkaz não precisamos esperar nem 1 minuto por elas.

Para viagens longas, também está presente na Rússia o Blablacar, que é super barato mas não é algo que eu recomende. Já usamos (ou tentamos usar) esse aplicativo muitas vezes, e são raras as vezes em que tudo dá 100% certo (sem atraso, sem cancelamento em cima da hora...). Para quem tem bastante tempo sobrando, vale arriscar.

A gasolina na Rússia é bem barata, as principais estradas são ótimas e não passamos por nenhum pedágio.

Mas a forma mais eficaz e rápida de se transportar na Rússia é de graça: pedir carona na estrada. Não vou dizer que as caronas eram sempre instantâneas (como em países árabes ou no nordeste do Brasil, por exemplo) - mas, de modo geral, conseguimos muito facilmente chegar a todos os lugares que queríamos.


Hospedagem

Acredito que hotéis são muito baratos em todo o país - pois em São Petersburgo, que é considerada a cidade mais cara, havia no Booking opções a partir de 2 euros por noite, por pessoa! 

Nós sempre preferimos usar o Couchsurfing nas nossas viagens, e a Rússia é de longe um dos países mais fáceis para se encontrar um anfitrião. Por ser um país relativamente fechado (eles dificultam a entrada de europeus), o turismo em cidades do interior é uma intensa novidade. Todos querem nos receber, saber mais sobre nós, ouvir (ou ler no Google Tradutor) as nossas histórias... 

Em 2018 dormimos 7 noites na casa de 3 irmãos em Vladikavkaz. Nenhum dos 3 falava uma palavra de inglês, e mesmo assim, na base do Google Tradutor, eles foram algumas das pessoas com quem fizemos uma conexão mais profunda em uma viagem até hoje. Durante a semana inteira conversamos sobre todos os assuntos, demos muita risada, eles nos levaram de carro para conhecer toda a região da Ossétia do Norte, fizemos longas trilhas, cozinhamos juntos todas as refeições... Poucas vezes nos sentimos tão à vontade num lugar. Foi uma experiência completa, tanto que até hoje conversamos com eles pela internet.


Road trip pelas montanhas da Ossétia


Em Murmansk fomos recebidos por um casal de meia-idade que, quando os filhos saíram de casa, começaram a hospedar viajantes nos quartos que ficaram vagos. São daquelas pessoas que a gente nem acredita que existem! Além de cozinharem para nós todas as noites, faziam questão de nos dar uma marmita para comermos de almoço, durante os nossos passeios. Trabalhavam 12h por dia (das 7h às 19h) e chegavam em casa com uma felicidade inexplicável. Quando falei que queríamos ir a Teriberka (que fica a quase 3h de Murmansk por uma estrada terrível), chegaram a sugerir na maior naturalidade que poderiam nos levar até lá de madrugada, antes do trabalho, e nos buscar depois, para que não precisássemos ir de carona! Ou seja, eles queriam dirigir 12h no escuro, por uma estrada toda esburacada, além de trabalhar outras 12h. Inacreditável! (Claro que não aceitamos de jeito nenhum, e fomos a Teriberka pedindo carona).


Teriberka, uma praia do Oceano Ártico



Simplicidade

Não sei bem explicar, mas a Rússia me lembra um pouco o Brasil no modo como as pessoas vivem. 

É curioso como os europeus falam muito da burocracia russa, e concordo com eles. Parece que fazer qualquer tipo de negócio, qualquer procedimento oficial, por mais simples que seja, é difícil, custoso e demorado na Rússia. 

Só que, por outro lado, assim como acontece no Brasil, as coisas do dia-a-dia são simples, flexíveis, tudo é possível, eles parecem descomplicados e felizes. Bem ao contrário da Europa! 

Muitas vezes em nossas viagens, por exemplo, estamos visitando um lugar só por algumas horas, no meio do caminho entre uma cidade de pernoite e a outra, e estamos com toda a nossa bagagem.  Ou chegamos numa cidade cedo demais, e nosso anfitrião ainda não está em casa, e precisamos encontrar um lugar onde deixar as malas enquanto saímos para passear. Parece uma coisa tão simples, mas em grande parte da Europa isso é uma tarefa quase impossível. 

Antes de chegarmos na Rússia havíamos passado 1 mês viajando pela Escandinávia, e em cada lugar (café, loja, restaurante, posto de gasolina) onde perguntávamos se podíamos deixar nossas malas por 1h que fosse, éramos vistos com espanto, temor e indignação, como se fôssemos terroristas que pedem para deixar uma bomba. 

Na Rússia, ninguém sequer cogitou negar o nosso pedido. Em Murmansk, por exemplo, entramos num super hotel 5 estrelas, o melhor da cidade, e pedimos na maior cara-de-pau para guardar nossas malas por algumas horas, mesmo que não fôssemos hóspedes. Não só aceitaram, como nos trataram tão bem quanto a um hóspede. Em Vladikavkaz, também deixamos no melhor hotel da cidade. Em Kem, a mulher que estava nos dando carona se ofereceu (pelo Google Tradutor) para ficar com as malas até que nossa anfitriã chegasse em casa. Esses pequenos gestos são capazes de tornar a nossa viagem tão mais fácil...


Ozero Malyy Vud"yavr


Supermercados

Sempre frequentamos muito os supermercados nas nossas viagens, pois via de regra compramos comida para cozinhar em casa. Os supermercados russos não são tão bons e baratos quanto alguns europeus (Lidl, Mercadona, Kaufland...), mas nada custa muito caro também. Os preços são mais ou menos como os do Brasil.



McDonald's

A Rússia é o país campeão de McDonald's mais barato (pelo menos entre todos que eu já conheci). Um lanche farto saía pelo equivalente a R$9 por pessoa.



Polícia

A única coisa que nos estressou um pouco na viagem pela Rússia foi um pequeno incômodo com a polícia.

Estávamos pedindo carona numa estrada quase deserta entre Rabocheostrovsk e Kem, e apareceu um carro da polícia. Ficamos meio na dúvida, mas uma vez na Turquia já tínhamos pedido carona para uma viatura policial e tínhamos conseguido, então decidimos estender a mão. Eles pararam o carro e, mesmo sem que falassem inglês, entendemos que queriam ver os nossos passaportes. Nós estávamos sem eles naquele momento, pois tínhamos deixado na casa do nosso anfitrião em Kem, que ficava a apenas 15min de lá. Que confusão para explicar isso com mímica, pois os policiais não eram inteligentes. No final ligamos para o coitado do nosso anfitrião, que estava trabalhando, e colocamos ele na linha com os policiais. Ele então explicou sobre o Couchsurfing, o que não sei se nos ajudou ou prejudicou, pois os policiais não sabiam o que era isso e acharam muito suspeito 2 brasileiros fazerem turismo naquelas cidades no meio do nada, em baixa temporada, se hospedando na casa de um desconhecido. Só sei que eles nos colocaram dentro do carro, com caras de poucos amigos, e nos levaram até a nossa casa em Kem. Mostramos os passaportes, que eles olharam atentamente folha a folha, e depois nos devolveram e nos liberaram, ainda chocados com a nossa escolha de destino turístico. Enfim, perdemos quase 1h do nosso dia, mas conseguimos a carona e valeu a aventura.

Vladikavkaz

Vladikavkaz

Dargavs


Essas foram algumas das impressões que tivemos nas nossas 2 primeiras (de muitas!) viagens pela Rússia.

No próximo post, nosso roteiro de 15 dias entre Murmansk e São Petersburgo, com dicas de todos os lugares que visitamos.

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