Em dezembro/15, nós fizemos uma viagem relativamente completa pela Colômbia: ficamos 18 dias no país e conhecemos mais do que a maioria dos brasileiros faria.
Nossos objetivos iniciais eram, como os de qualquer outro turista, visitar as grandes atrações do norte - Cartagena e o Parque Nacional Tayrona -, além da ilha paradisíaca de San Andrés, que pertence à Colômbia mas fica no meio do Mar do Caribe. Acontece que, durante o planejamento do itinerário, descobrimos um espetáculo da natureza que se chama Nariño, um dos departamentos (= estados, províncias) colombianos, localizado a sudoeste do país, próximo ao Equador. Com uma realidade bem mais selvagem, autêntica e completamente diversa de Bogotá e dos polos turísticos do norte, essa região imediatamente foi incluída no nosso roteiro - e acabou se tornando, de longe, o nosso lugar preferido na Colômbia.
Laguna Verde, no Vulcão Azufral |
Localização de Nariño - Fonte: www.samaniego-narino.gov.co |
Como chegar em Nariño
Pasto, a capital do departamento, possui um aeroporto - e de avião com certeza é a maneira mais fácil, rápida e indolor de chegar até lá, embora as passagens sejam caras.
De ônibus, partindo de Bogotá, são 20h de viagem até Pasto. Existem ônibus noturnos diariamente, de umas 3 empresas diferentes. A melhor é a Bolivariano - mas, ao que parece, está sempre lotada (tentamos comprar a passagem dia 11/12 e só havia vagas para janeiro!). No terminal em Bogotá, compramos pessoalmente a passagem no dia anterior à viagem, com a companhia Flota Magdalena - 110.000 pesos colombianos por pessoa (aproximadamente R$ 140). Não recomendamos essa empresa - foi a experiência mais terrível que tivemos na Colômbia. Motoristas extremamente estúpidos, ônibus sujo, sem nenhuma segurança (nem cinto!) e - acreditem! - como não havia espaço suficiente no bagageiro, todas as malas viajaram no corredor do ônibus, e para irmos ao banheiro tínhamos que pisar em cima delas. Isso fora a televisão e o rádio ligados no volume máximo a madrugada inteira, não deixando ninguém dormir. Por tudo isso recomendo fortemente que pelo menos 1 mês antes da data da sua viagem, compre a passagem com a Bolivariano pela internet - todos dizem que o serviço é excelente, e o preço estava em 127.000 pesos, uma diferença muito pequena em relação à Flota Magdalena.
Você também pode partir de Quito, no Equador - a viagem de ônibus não deve demorar mais que 10h.
Obviamente, o ideal é que você inclua Nariño em um roteiro como o nosso, que contemple tanto a Colômbia quanto o Equador.
Como é o povo de Nariño?
É ótimo! Confesso que chegamos lá extremamente irritados com todo mundo, porque depois de alguns dias na Colômbia continental nossa impressão do povo era a pior possível (na verdade depois vimos que podia ainda piorar, na Bolívia). Claro que com algumas exceções, as pessoas com quem cruzamos em Bogotá e arredores, Cartagena e Santa Marta foram mal-humoradas, barulhentas, grosseiras, tinham má vontade e, sobretudo, foram descaradamente desonestas. Chegando em Nariño parece que mudamos de país - ou melhor, de continente, de planeta.
Nos hospedamos por 2 noites em Pasto na casa do nosso amigo Manu Serrano, que conhecemos pelo Couchsurfing. Ele e sua família foram incríveis, muito receptivos e nos ajudaram em tudo o que foi possível. Também conhecemos outra família muito simpática durante uma trilha que fizemos, com quem temos contato até hoje, e acabamos até pegando uma carona na van deles. Fora isso, o povo nas ruas e os prestadores de serviços em geral (em restaurantes, supermercados, rodoviárias, táxis, ônibus, áreas protegidas, etc) não apenas são solícitos e amigáveis como também honestos - o que torna Nariño uma ilha de paz e alívio para os turistas estrangeiros na Colômbia.
Como é o clima em Nariño?
Também é ótimo! Durante o ano inteiro as temperaturas são amenas - quase sempre de 10ºC a 15ºC. Claro que, subindo alguma das muitas montanhas da região, fica bem mais frio.
E o que tem para fazer em Nariño?
Existe muita coisa para fazer por lá - o lugar é um paraíso para trekkers e amantes da natureza. Por falta de tempo, nós só conhecemos as 3 principais atrações - embora você consiga preencher uma semana inteira de atividades em Nariño (e recomendamos que faça isso!).
1. Laguna Verde - Vulcão Azufral
Sem dúvida, esse passeio foi o ponto mais alto de toda a nossa viagem de quase 2 meses, excluindo apenas alguns lugares específicos de Galápagos.
O Vulcão Azufral fica na pequena cidade de Túquerres. Como não vimos nenhuma opção de hospedagem nesse vilarejo, o melhor jeito de conhecer o vulcão é fazendo um bate-volta cansativo desde Pasto. O transporte entre Pasto e Túquerres é feito muito facilmente de van - basta ir (bem cedo, de manhã) até o terminal em Pasto e comprar a passagem, que custa 8.000 pesos por pessoa (cerca de R$ 10). A viagem entre as 2 cidades dura 2h30min e passa por estradas incríveis cercadas de montanhas e colinas com muito verde - mas com tantas curvas, tirar fotos é uma tarefa difícil e as melhores imagens ficam só na memória.
Chegando em Túquerres, você pode ir até a entrada do vulcão de táxi ou de ônibus. Nós consultamos os preços e chegamos à conclusão de que, em 2 pessoas, o táxi seria bem pouca coisa mais caro - e optamos por ele para economizar tempo. Não esqueça de combinar com o seu taxista um horário para ele lhe buscar no vulcão - 5h são bem suficientes para ficar por lá. O preço do táxi, ida e volta, deve ser em torno de 35.000 a 45.000 pesos.
A entrada ao parque onde fica o vulcão é gratuita, mas tem um senhor que trabalha lá dando informações aos turistas e registrando a entrada e a saída de cada um. O caminho até as lagunas, partindo de onde o táxi lhe deixa, é único e muito fácil de ser percorrido (o único problema pode ser a altitude, se você tem problemas respiratórios). São aproximadamente 5km de subida até o ponto mais alto da trilha - o mirante da Laguna Verde, a mais de 4.000m sobre o nível do mar, de onde se pode avistar as lagunas (não sabemos qual é a "verde").
A família que conhecemos na trilha |
O mirante |
Depois disso você pode descer 1km até a borda das lagunas e caminhar um pouco lá embaixo. Existem vários caminhos para essa descida, uns mais vertiginosos e outros menos, mas todos levam ao mesmo lugar - basta descer!
Chegando perto das lagunas, você começa a sentir um cheiro muito forte do enxofre (azúfre = enxofre, em
espanhol), que é o que dá a coloração verde da água.
A neblina fica sempre indo e vindo - qualquer coisa é lucro a 4.000m |
O solo ao redor das lagunas é branco e cheio de formações geológicas diferentes |
Na beira da laguna a água brilha! |
A Laguna Negra, que fica ali perto também |
A volta é pelo mesmo caminho da ida.
Não esqueça de levar para a trilha muita água (obviamente, não tome a água das lagunas!), touca, luvas e um casaco quente - em alguns momentos, a subida é congelante!
2. Laguna La Cocha
Também um excelente bate-volta desde Pasto (1h de distância), a Laguna La Cocha é um lugar muito peculiar e diferente - e por isso nos chamou tanta atenção. A estranheza já começa no nome, pois Cocha na língua nativa significa "laguna", então o nome do lugar é Laguna Laguna. Trata-se de uma bela laguna (!!!) com uma ilha no meio, para onde se pode fazer um passeio de barco.
Mas até aí tudo bem: o que causa espanto e admiração é o entorno do lago, que parece uma miscelânea de características europeias com um leve toque colombiano. Há hotéis luxuosos e aconchegantes, de madeira, inspirados em chalés suíços. Contrastando com esse requinte, há também palafitas de madeira - que, apesar de notadamente pertencerem a famílias simples de pescadores ribeirinhos, são surpreendentemente impecáveis: bem cuidadas, arrumadas e caracterizadas de tal forma que me lembraram muito a Holanda - e, forçando a imaginação, até Veneza.
Mas até aí tudo bem: o que causa espanto e admiração é o entorno do lago, que parece uma miscelânea de características europeias com um leve toque colombiano. Há hotéis luxuosos e aconchegantes, de madeira, inspirados em chalés suíços. Contrastando com esse requinte, há também palafitas de madeira - que, apesar de notadamente pertencerem a famílias simples de pescadores ribeirinhos, são surpreendentemente impecáveis: bem cuidadas, arrumadas e caracterizadas de tal forma que me lembraram muito a Holanda - e, forçando a imaginação, até Veneza.
O hotel suíço |
Foi uma pena que estávamos com pressa nesse dia e não conseguimos dar um passeio mais longo em La Cocha, lugar que com certeza merece um dia inteiro no seu itinerário!
Nós fomos de carro até lá, mas sei que existem ônibus diários e frequentes entre Pasto e La Cocha.
3. Las Lajas
Las Lajas é um santuário localizado perto da cidade de Ipiales, próximo à fronteira da Colômbia com o Equador. Ipiales fica a 2h de ônibus de Pasto - também é perfeitamente possível fazer um bate-volta. Mas, como trata-se de uma cidade grande, com muitos hoteis, você pode ficar uma noite por lá antes de seguir para o Equador, se esse for o seu plano de viagem.
Quando estiver no terminal de Ipiales, pegue um táxi compartilhado até Las Lajas - nos custou menos de 2.000 pesos por pessoa (só ida). Descendo na entrada do santuário, você precisa caminhar por uns 20min, por ruelas de pedra cheias de escadarias e lojas de souvenir, até chegar à igreja. Se quiser caminhar mais pelo complexo, que é imenso e tem infinitos caminhos em meio à natureza, reserve um turno inteiro do seu dia.
Quando estiver no terminal de Ipiales, pegue um táxi compartilhado até Las Lajas - nos custou menos de 2.000 pesos por pessoa (só ida). Descendo na entrada do santuário, você precisa caminhar por uns 20min, por ruelas de pedra cheias de escadarias e lojas de souvenir, até chegar à igreja. Se quiser caminhar mais pelo complexo, que é imenso e tem infinitos caminhos em meio à natureza, reserve um turno inteiro do seu dia.
É com certeza um lugar famoso e muito visitado por devotos do mundo inteiro, sendo possivelmente a maior referência em turismo religioso na América Latina. Mas se fosse só isso eu não me interessaria muito: o que me atraiu para lá foi o conjunto da obra - a paisagem incrível do santuário. Veja nas fotos abaixo:
A igreja fica sobre uma ponte |
O rio que corre lá embaixo |
Cachoeiras nos arredores |
Acho pouco provável (e recomendável) que você chegue em Las Lajas carregando toda a sua bagagem - mas, como isso aconteceu com a gente (porque chegamos de Pasto, e depois fomos direto para o Equador), aqui vai uma dica importante: numa das primeiras vendas, do lado esquerdo, logo perto da entrada do santuário, você pode deixar suas malas enquanto visita o complexo. O preço é negociável (claro!), e nós pagamos 3.000 pesos para deixar tudo.
Para chegar à fronteira do Equador desde Las Lajas, pegue um táxi: existe um ponto bem na entrada do parque, e o preço (se eu não me engano) é 20.000 pesos. Desça no posto colombiano, para carimbar a sua saída, e cruze a pé a ponte que divide os países.
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Galápagos - passeios gratuitos
Galápagos - passeios pagos
Olá. Em La Cocha há opções de hospedagem barata ou são no mais das vezes chalés caros como encontramos em Gramado, por exemplo? Quero pernoitar por lá, mas depende muito disso também.
ResponderExcluiroi lucas,La cocha parece meio limitado em hospedagem, não vi nenhum hostel, mas se tu nao achar lá, acha em alguma cidade proxima, colombia é um pais barato. Mas sinceramente nao vejo muita vantagem em dormir lá, pois de noite nao deve ter nada e tu consegue conhecer facilmente num bate-volta de pasto, como eu fiz ;)
ResponderExcluirmas da pra ficar lá umas 5h, eu fiquei só 1 ou 2h pq tava com pressa, queria ter ficado mais!
ExcluirOlá, Felipe!
ResponderExcluirQue sensacional tuas viagens.
Estava procurando sobre Colômbia, pretendo ir ano que vem e achei teu Blog.
Gostaria de saber onde é esse lugar incrível da foto de capa do blog? Parece uma caverna, compartilha com a gente!!
Abraços!