Depois de um dia muito bem aproveitado na Isla Pinguinera, providenciamos nossa mudança de hotel. Deixamos sem dó o Hotel Antartida e fomos com nossas bagagens para o Hotel Mustapic, que havíamos reservado pela internet antes mesmo do início da viagem.
Fomos bem recebidos pela dona, Ana Emília, uma mulher muito animada que ficava o tempo todo conversando com a gente. A diária do Hotel Mustapic foi cerca de R$ 200 o quarto duplo - bem cara, mas na época que reservamos era das mais baratas. Como você já deve ter percebido após todos esses posts, Ushuaia é uma cidade muito cara de modo geral.
Para o dia seguinte, 19/2, havíamos reservado a excursão à Isla H com a companhia Tres Marias. Se você não lembra, já tínhamos tentado fazer esse passeio no dia 16 e no dia 17, e em ambas as ocasiões ele foi cancelado por causa do mau tempo. Dessa vez não foi diferente - chovia bastante logo pela manhã, e é claro que mais uma vez não conseguimos conhecer a ilha. Estávamos ficando preocupados, pois sairíamos de Ushuaia no dia 22/2, e já tínhamos marcado com nossos amigos de passar o próximo dia, 20/2, no Parque Nacional Tierra del Fuego. Nos restava, portanto, uma última alternativa para a excursão da Isla H: o dia 21/2, e foi para essa data que remarcamos o passeio.
Com chuva, como eu já mencionei, tudo fica sem graça em Ushuaia - já que a grande maioria das atrações depende do tempo bom. Meu amigo, em função disso, resolveu ficar pelo centro da cidade comprando presentes para sua família - mas EU não estava disposto a me entregar tão fácil!
Lembrei que nossos amigos que moram em Ushuaia tinham comentado sobre uma tal Laguna Esmeralda, que fica fora dos circuitos mais turísticos da cidade - ainda mais com chuva! Mas como não me restava mais nada para fazer, resolvi encarar esse desafio mesmo debaixo d'água.
No posto de informações turísticas, fui informado de que a Laguna Esmeralda está localizada em um lugar chamado Valle dos Lobos. Para chegar até lá, sem um carro, eu teria de pegar uma van em um ponto ali perto do porto. Fui até o local e fiquei sabendo que não havia mais NENHUM turista indo para o Valle dos Lobos - motivo pelo qual, se eu quisesse mesmo ir, teria de pagar um valor altíssimo pelo transporte de van. Não lembro exatamente quanto, mas era algo em torno de 200 pesos - uns R$ 60. Os preços de táxi seriam ainda mais caros e, caso eu não fosse conhecer a Laguna, não sabia de nenhuma outra opção de passeio em Ushuaia. Pensando assim, me vi obrigado a pagar o preço e não desperdiçar um dia tão precioso da minha viagem. E não me arrependi!
Meia hora depois, eu desembarcava sozinho no Valle dos Lobos, onde fui recebido por um senhor chamado (ou mais provavelmente apelidado) de "Gato Curuchet". Apesar do nome, ele cria cachorros huski para que, no inverno, os turistas possam fazer passeios de trenó puxados pelos bichos. Eu acho isso um verdadeiro absurdo, sou contra absolutamente qualquer tipo de trabalho animal - e para mim não tem essa história de que os cachorros são bem tratados, pois ser bem tratado é ser livre, e não ganhar comida e casa em troca de ficar amarrado e prestar serviço.
Enfim, voltando ao assunto: esse tal Gato Curuchet anotou meu nome em um caderno de registros para que, caso eu não voltasse da trilha, ele acionasse o socorro. Achei um pouco exagerado esse procedimento, já que só vi esse tipo de coisa em trilhas difíceis, coisa que definitivamente a da Laguna Esmeralda não é! Acho que fazem isso pela pequena possibilidade de o turista se perder, já que o caminho nem sempre é bem sinalizado. Por dedução você encontra a Laguna sem maiores problemas - mas para quem não está acostumado a se localizar, sugiro não fazer essa trilha sozinho.
O começo do trajeto é feito por um bosque, e você tem que ter cuidado para não tropeçar nas inúmeras raízes pronunciadas de árvores. Após uns 45min de caminhada rápida chega-se a um pântano, num terreno aberto que ao mesmo tempo é fascinante e assustador.
Seguindo
mais algum tempo pelo campo, você costeia um rio de águas transparentes
- que combinou perfeitamente com o cenário sombrio daquele dia de
chuva.
Por fim, começa uma subida leve ao lado de uma série de cachoeiras - paisagem que por si só já vale o passeio!
Conforme eu fui subindo, começou a nevar e a ficar cada vez mais frio. Ao final da trilha, apareceu subitamente a Laguna Esmeralda à minha frente, com as montanhas cobertas de gelo se erguendo ao redor.
É um panorama incrível, mas o melhor do passeio realmente é a própria beleza da trilha, e não tanto a Laguna em si.
A volta é feita exatamente pelo mesmo caminho da ida, e o total do percurso somou cerca de 3h30, contando as paradas para fotos e um descanso na beira da Laguna.
O que levar para esse passeio? Roupas para frio, touca, manta, luvas e - sobretudo - botas impermeáveis! Principalmente se estiver chovendo! A minha sorte foi que os nossos amigos de Ushuaia tinham me emprestado um calçado perfeito para esse tipo de trilha. Imagine caminhar de tênis, com chuva e no meio de um pântano??
É importante levar água também - mas saiba que você pode sempre abastecer no rio, na cachoeira ou na própria Laguna. Acredito que uma garrafinha seja suficiente. Comida não precisa, a não ser que você demore muito tempo. Para evitar de carregar peso na mochila, seria melhor tomar um bom café da manhã antes da caminhada, e almoçar depois.
Fui muito feliz na minha decisão de aproveitar um dia (mesmo chovendo) para conhecer a Laguna Esmeralda. Fiz isso completamente sozinho, não havia nenhum outro louco turista por lá, mas garanto que valeu muito a pena!
No próximo post, um passeio de carro pelo Parque Nacional Tierra del Fuego - um turismo COM clichê em Ushuaia!
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