quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Marrocos - dicas e informações gerais

Esse ano fomos conhecer o Marrocos, país que há muito tempo eu queria visitar. Passamos 25 dias por lá, viajando de carona, e foi uma das melhores experiências que já tivemos. Nesse post, algumas informações úteis para quem vai viajar para o Marrocos (de carona ou não):


Deserto do Saara, em Merzouga


 

Como chegar no Marrocos?

É muito fácil, já que a RyanAir, companhia aérea low-cost, tem voos baratíssimos de ida e volta da Europa (principalmente da Espanha, mas também de Portugal e Alemanha, entre outros países) para o Marrocos. Nós compramos nossa ida do Brasil direto para Casablanca com a Royal Air Maroc, e para continuar a viagem pela Europa compramos passagens de Rabat para Girona, na Espanha, por 10 euros cada. 

Na teoria, todo mundo sabe que na Ryanair só se pode levar uma mala de mão (55x40x20cm) e mais um item pequeno (35x20x20cm). Porém, até hoje, em todos os nossos 10 voos com essa companhia, nunca notamos uma rigidez maior - pelo contrário, nós sempre conseguimos levar nossas malas (dentro das dimensões), mais uma mochila média cada um, mais uns sacolões onde levamos os casacos grossos e às vezes até outras sacolas com comida. Então acho realmente muito desnecessário pagar para despachar malas (a não ser, é claro, que você viaje com uma mala maior do que o tamanho permitido).

Para não fazer muita propaganda da Ryanair, aviso que esse ano tivemos uma péssima experiência com essa companhia - eles cancelaram nosso voo sem mais nem menos, e só pudemos remarcar a passagem para o dia seguinte. Isso nos prejudicou muito, pois já havíamos reservado hotel (que obviamente não quiseram reembolsar) e tivemos que alterar o roteiro em cima da hora. Sem falar que entrar em contato com algum funcionário de lá (que possa resolver alguma coisa) é praticamente impossível. Mas, para quem quer arriscar e pagar realmente barato, continua sendo a melhor opção!


Gorge du Dadès

 
Como organizamos nosso roteiro pelo Marrocos?

Como não tínhamos muita informação sobre deslocamento no país, minha primeira ideia foi alugar um carro (nosso jeito preferido de viajar). Porém, teríamos que pegar o carro em Casablanca e devolver em Rabat, então nos cobrariam a taxa de "one-way", o que encareceria o aluguel. Por isso, decidimos planejar o roteiro como se fizéssemos tudo usando transporte público (ônibus, van ou grand-táxi). Porém, chegando lá, fomos tentando pedir carona, e isso acabou dando tão certo que fizemos praticamente a viagem toda só de carona, o que foi ridiculamente fácil. Bastava apontar o dedo que imediatamente algum carro parava para nos levar - às vezes paravam antes mesmo que pedíssemos, uma coisa realmente incrível e que não estávamos esperando. Nem o fato de carregarmos bagagem nos atrapalhou, eles sempre davam um jeito de nos encaixar no carro. E viciamos tanto que até distâncias curtas (300, 400m) nós fazíamos de carona - pra quê andar, se o primeiro carro sempre para e nos leva??

Isso acabou fazendo com que acelerássemos o nosso roteiro, pois chegamos em todos os lugares muito, mas MUITO mais rápido do que chegaríamos usando o transporte público (e com mais conforto também). E assim, com dias de sobra, pudemos incluir outras cidades que no começo não planejávamos visitar!


Casablanca



Como é o povo marroquino?

Antes de viajar, pesquisando na internet, eu tive a impressão de que não ia gostar do povo. Muita gente fala mal, diz que eles insistem demais oferecendo coisas aos turistas, são desonestos e tentam nos arrancar dinheiro a qualquer custo. Sinceramente, não posso discordar mais dessa opinião! Até teve gente chata, que nos ofereceu umas 3x o mesmo produto, mas algo muito, muito, infinitamente menos invasivo daquilo que experimentamos aqui na América do Sul, na Colômbia ou no Peru, por exemplo. 

O povo marroquino é de uma generosidade única: recebemos muita ajuda, não só nas caronas, mas em tudo. Não dá nem para contar nos dedos de quantas pessoas recebemos comida - nunca pedimos nada e nem passamos fome (muito pelo contrário!), mas, como estávamos viajando de carona, muitos paravam e compravam algo para comermos, e não adiantava recusar, eles insistiam mil vezes até que aceitássemos. Também não foram poucos que quiseram nos dar dinheiro (sim!!) - mas isso é claro que sempre conseguimos recusar, exceto por um, que depois de tantas negativas conseguiu nos pegar desprevenidos: deixou o dinheiro de surpresa e fugiu correndo para que não pudéssemos lhe devolver! Teve também quem mudasse toda a sua rota só para nos levar até onde queríamos, mesmo sob protesto. Teve ainda gente que nos deixou presentes, levou a restaurantes, levou para conhecer lugares que nem sonhávamos que existissem, nos convidou para dormir na sua casa... enfim, conhecemos todo tipo de pessoas, e todas nos surpreenderam demais pela bondade e disposição em ajudar. Acho que nem passa pela cabeça de 90% dos marroquinos (assim como pela nossa) ver alguém acenando na estrada e não parar. 

Quando encerramos a viagem ao Marrocos e fomos para a Europa, sofremos bastante para nos acostumarmos de novo ao mundo real. 


Mirante na estrada entre Tinghir e Todra Gorge





Onde se hospedar no Marrocos?

Nós usamos o Couchsurfing em quase toda a viagem, ficando na casa dos moradores locais. Mais uma vez a sorte nos acompanhou e só tivemos ótimas experiências com pessoas acolhedoras e que se tornaram grandes amigos nossos. Éramos tratados tão bem que às vezes chegava a ser constrangedor!

Em 3 noites, ficamos em pousadas baratas - pagamos 8, 9 e 10 euros a diária do quarto de casal.

 
Chefchaouen, a cidade azul




Como se comunicar no Marrocos?

Todos os marroquinos falam árabe ou berber, e a maioria (principalmente os jovens) fala francês, que também é um idioma ensinado nas escolas. Eu falo francês, então para nós foi muito fácil a comunicação com os locais, e confesso que isso facilitou muito a nossa viagem de carona e também conseguir alguns anfitriões no Couchsurfing. Mas isso não significa que é impossível se virar só falando o inglês ou espanhol, ou mesmo português, afinal boa-vontade é o que não falta no povo.


Oukaimeden



É seguro viajar pelo Marrocos?

Me senti tão seguro quanto se estivesse na Europa, ou até mais. As leis marroquinas são rígidas, então os locais não ousam nem pensar em fazer qualquer mal contra os turistas. Ouvir um brasileiro dizer que tem medo de viajar para o Marrocos é um absurdo!

Muitas mulheres têm dúvida quanto à segurança quando viajam sozinhas. Isso eu realmente não posso garantir, pois viajamos em casal, mas francamente acho muito difícil que haja algum problema nesse sentido. Também não vivenciamos nenhuma situação de preconceito em relação à mulher - muito pelo contrário, a Adriana foi muito bem tratada por todos e em qualquer lugar, mesmo usando blusinha regata. Acredito que algumas pessoas mais tradicionais (ou sem-noção) possam se achar no direito de tentar alguma coisa com as turistas mulheres - mas nada de forma violenta, são mais cantadas do tipo "você é muito linda" ou "quer casar comigo?" (sim, acredite!). Então, se elas cortarem logo a iniciativa, muito provavelmente serão respeitadas. Como já falei, as leis são muito severas, e se um marroquino tocar numa turista com intenções sexuais não há dúvida de que ele estará bem encrencado.

Deserto do Saara



Qual a moeda do Marrocos?

O Dirham. 10,8Dhs = 1 euro (outubro/17). Para simplificar nas contas do dia-a-dia, só dividíamos tudo por 10 para saber o preço em euro.

Ifrane, a Suíça marroquina



Quando ir para o Marrocos?

A melhor época é com certeza o inverno, de dezembro a março - as temperaturas são amenas (mas nas regiões mais altas há frio e neve), o movimento de turistas é menor e os preços mais baixos. Nós fomos no outono e ainda pegamos muito calor em alguns lugares, principalmente no começo da viagem - na última semana, deu uma esfriada e até vestimos casacos. A maior temperatura que pegamos foi em Marrakech (quase 40ºC) e a menor foi durante a noite em Azrou e Ifrane (menos de 10ºC).

Estradas do Médio Atlas


O Marrocos é caro?

Nos preços, o Marrocos se assemelha muito aos países como Colômbia, Equador, Peru ou Bolívia. Para comer em restaurantes, é barato; já para comprar comida (tanto nos mercadinhos como nos supermercados grandes, que são mais raros), é mais caro que a Europa. A hospedagem é barata, passeios são relativamente baratos também, gasolina é barata (média de 0,90 euro/litro) e transporte público é razoável. Quem toma muita água (como nós) vai sofrer, pois em boa parte do país a água da torneira não é potável e uma garrafa de 1,5L custa em média 6 Dhs (0,60 euro, o triplo do preço na Europa).

Quanto nós gastamos? A incrível quantia de 300 euros para o casal - 150 por pessoa, nos 25 dias, incluindo tudo (menos passagens aéreas). Fizemos esse milagre porque gastamos muito pouco em deslocamento e hospedagem, então esse dinheiro foi praticamente só para comida - às vezes comprávamos no supermercado e fazíamos "em casa" e às vezes íamos a restaurantes baratos. E passamos sempre muito bem, com direito a chocolate todo dia!

Canyon Pattes de Singe



Veja mais detalhes no nosso roteiro e relato de viagem, no próximo post! 

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