sexta-feira, 17 de junho de 2016

Roteiro rápido por Guayaquil

No último post falei sobre a nossa visita traumática a Quito, capital do Equador. Agora vou contar sobre a nossa experiência em Guayaquil, a maior cidade do país e o seu grande polo econômico, que se desenvolveu ao redor de um porto.



Quando começamos a planejar o roteiro pelo Equador, Guayaquil não despertou muito o nosso interesse. Mas, como os voos para o arquipélago de Galápagos são mais baratos partindo de lá, decidimos aproveitar e passar um dia conhecendo a cidade.

Nos hospedamos na casa da nossa amiga Carito Segura, que conhecemos pelo Couchsurfing. Não temos nem palavras para descrever como fomos bem tratados por ela e sua família, que nos deram muito além de um teto para dormir: ganhamos refeições, caronas e ajuda em tudo o que precisamos.

A casa da Carito fica em um condomínio residencial, afastado do centro e do terminal rodoviário, porém (bem ao contrário de Quito) achamos o transporte público de Guayaquil excelente. Chegamos no final da manhã, vindos de ônibus de Riobamba (4h30 de viagem). Do terminal mesmo pegamos um ônibus (que não estava lotado e tinha bastante espaço até para as nossas malas) que nos deixou rapidamente na porta da casa da nossa anfitriã. 

Nosso plano (e o que eu recomendo fazer) foi conhecer, durante a tarde, as 2 grandes atrações de Guayaquil: o Malecón 2000 e o bairro Las Peñas. Para chegar até esses lugares usamos o metrô, que é barato (USD 0,25, se não me engano) e funciona com agilidade. O único problema para os turistas é que o pagamento do metrô é automático, com um cartão que você precisa passar numa catraca. Como você não terá o cartão, o jeito é pedir para outro passageiro passar o cartão dele, e pagar para essa pessoa o valor correspondente em dinheiro.



Malecón 2000

É um calçadão que fica na parte oeste da cidade, ao lado do rio Guayas. Trata-se de uma área revitalizada, espaçosa, muito segura e bem cuidada, cheia de centros comerciais, praças e mirantes para o rio. 






Recomendo que você comece o passeio na extremidade sul do Malecón, junto à esquina com a Avenida Jose Joaquin de Olmedo. Caminhe sem pressa os 2,5km de extensão até chegar ao final do calçadão - justamente onde começa uma enorme escadaria que levará você até a segunda atração:


Las Penãs

É o bairro mais turístico de Guayaquil. Las Peñas é composto por (muitas!) escadas, ruelas de paralelepípedos, flores e casas coloridas

É ainda mais policiado que o Malecón, e existem ruas proibidas para turistas, onde só os moradores podem caminhar! Não entendi o motivo, se é para o nosso bem ou para o bem deles...
 




Depois de muito subir as escadas (com diversas paradas para fotos no caminho), você chega ao ponto mais alto do morro, onde há um farol (entrada gratuita) e uma vista 360ºC das faces da cidade. O melhor horário para estar lá é justamente quando nós fomos: no final da tarde.











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Nós só encontramos 2 pontos negativos de Guayaquil

O primeiro é o calor quase insuportável - por isso recomendo, mais uma vez, que você deixe para caminhar na rua mais para o final da tarde. 

E o segundo foi uma situação bastante desagradável que passamos no aeroporto: ao fazer o check-in para viajar a Galápagos, resolveram nos cobrar uma taxa de embarque! Falamos que todas as taxas e impostos já estavam incluídos no preço da passagem, que compramos com a Lan (agora Latan), mas alegaram que era uma taxa nova, e que havíamos comprado a passagem antes de o aeroporto começar a cobrá-la. É ou não é um absurdo? Eles mesmos se contradizem: se compramos a passagem ANTES da criação da taxa, como podem querer nos cobrar? Enfim, pagamos porque senão não embarcaríamos.

Apesar dos problemas acima, a cidade nos passou uma boa impressão - e gostamos mais de Guayaquil do que das outras metrópoles que visitamos nessa viagem (Bogotá, Quito, Lima, La Paz e Santa Cruz de la Sierra). Tudo nos pareceu bem organizado, e Las Peñas e o Malecón 2000 dão de 10x0 no centro histórico de Quito enquanto atrações turísticas. 

Se você gostou de conhecer um pouco da maior cidade do Equador, não deixe de ler nossos outros posts sobre o país:
 
Quito - Equador

Otavalo - Equador
E aqui mais sobre destinos da América do Sul:

Peru - roteiro de 7 dias
Nariño (Colômbia)





 
 

















quarta-feira, 8 de junho de 2016

Como NÃO organizar seu roteiro por Quito



Durante a nossa viagem pelo Equador, em dezembro/15, não pudemos deixar de passar pela capital do país, Quito. Embora não seja a maior cidade equatoriana (perde para Guayaquil em área e população), Quito é a porta de entrada para quase todos os turistas no país, e também é um dos aeroportos de partida para as Ilhas Galápagos.

Embora nós não sejamos fãs de cidades grandes, tínhamos muita expectativa para conhecer Quito, e acreditávamos que seria a nossa metrópole favorita em toda a viagem pelo noroeste da América do Sul (conhecemos também Bogotá, Guayaquil, Lima e La Paz). Infelizmente, passou longe disso! Quito ganhou o título de maior decepção da viagem. 

A principal e certeira dica que eu dou para quem quer conhecer Quito é: durma pelo menos uma noite na cidade. Pode parecer uma recomendação óbvia, mas nós optamos por não dormir em Quito e essa escolha acabou nos trazendo muito transtorno e estresse. Eu explico o que aconteceu:


Como NÃO planejar o seu roteiro por Quito:

Quando roteirizamos o Equador, procuramos otimizar ao máximo o nosso tempo e percebemos (corretamente) que Quito não oferecia tantas atrações que pudessem preencher um dia inteiro do nosso itinerário. Então optamos por pegar um ônibus de Otavalo para Quito, de manhã, e no mesmo dia, no final da tarde, pegar um ônibus de Quito para ir dormir em Latacunga, nosso próximo destino. Segundo o google maps, parecia uma ideia super simples, e acho que muitos viajantes devem traçar esse mesmo plano.

Acontece o seguinte: todos os ônibus saídos de Otavalo chegam ao terminal norte de Quito, e todos os ônibus que vão a Latacunga partem do terminal sul. Esses 2 terminais ficam nos extremos da cidade, super distantes, e bem no meio do mapa é que fica o centro histórico de Quito, com todas as atrações que interessam aos turistas. Ou seja, não poderíamos deixar as malas em nenhum dos terminais, ou teríamos que atravessar toda a cidade outra vez para depois buscá-las.

Desembarcamos então no terminal norte. Um táxi até o centro custa USD 5, mas decidimos ir de "trole" (uma espécie de metrô) para economizar (passagem: USD 0,25 por pessoa). Talvez porque fosse domingo, o trole estava absurdamente lotado.

Chegando ao centro, com todas as malas, fomos direto à Plaza de la Independencia (a quadra principal), e nos dirigimos à oficina de informações turísticas. Esperávamos que, já que os 2 terminais de ônibus são tão distantes, pudéssemos deixar as malas em algum armário por ali enquanto visitávamos a cidade. Que ilusão! Os funcionários que nos atenderam nos olhavam como se fôssemos ETs carregando malas no centro histórico - como se todos os turistas fossem obrigados a dormir uma noite lá se quisessem visitar Quito.

Pegamos o mapa do centro e procuramos os hotéis mais próximos, para ver se conseguíamos deixar as malas em algum deles. Sem brincadeira, fomos em pelo menos 10 hotéis e hostels até que finalmente encontramos um que aceitou ficar com a nossa bagagem por algumas horas, cobrando USD 3. Eu não consigo imaginar por que motivo os hotéis têm tanto medo de guardar as coisas dos outros, pois me parece o dinheiro mais fácil do mundo.

Depois dessa epopeia já estávamos de saco cheio com tanto perrengue e perda de tempo, irritados com a desorganização da capital de um país que praticamente proíbe os turistas de conhecerem a cidade num pit-stop. Somado a isso tinha o fato de que ficamos um tempão carregando malas e mochilas no meio de ruas lotadas, sob um sol escaldante - eu tinha lido em algum lugar que em Quito fazia sempre 20ºC, mas isso é MENTIRA, no dia em que fomos lá estava uns 30 no mínimo

Todo esse desabafo foi para garantir que você não faça como nós! Escolha o caminho mais fácil: perca um dia do seu roteiro, mas durma uma noite em Quito - o mais próximo possível da praça central.

Apesar da nossa indisposição para gostar da cidade, nos esforçamos para aproveitar ao máximo o tempo que nos restou. Seguimos o mapa turístico e conhecemos todas as atrações do centro, que realmente não são nada de mais. Em 4h conseguimos visitar tudo (porém sem entrar em nenhum museu) e ainda tivemos tempo para almoçar.

O único ponto turístico onde não estivemos foi o marco da Linha do Equador, que fica muito distante do centro. Nos disseram que um táxi até lá, ida e volta, custaria aproximadamente USD 30, valor que jamais pagaríamos para pisar em um paralelo.

Dando um tempo nas reclamações, acho importante fazer um elogio: as ruas do centro de Quito são bem policiadas, e todos dizem que são seguras.



Praça e Igreja de São Francisco 




 Plaza de la Independencia



Igreja de Santo Domingo




  
El Panecillo (estátua ao fundo)
A estátua sobre a colina é um mirante de Quito - um dos pontos mais altos da capital


Basílica del Voto Nacional 
(Catedral Gótica)





Plaza del Teatro (Teatro Sucre)



Outro ponto que visitamos, mas do qual não encontrei as nossas fotos, foi a Calle La Ronda.

De tarde, a ida para o terminal sul (Quitumbe) foi mais um pesadelo: nós, com as malas, fomos literalmente esmagados dentro do trole. Esperamos na parada que nos indicaram, e teoricamente se formou uma fila de passageiros atrás de nós. O trole passou a primeira vez, apinhado de gente, e quando a porta se abriu os que estavam dentro gritaram: "lotado"! Mesmo assim, gente que estava atrás de nós na fila simplesmente pulou para dentro, empurrando todo mundo. A cena animalesca se repetiu mais 2 ou 3 vezes - o trole sempre passava cheio, e já estava ficando tarde e a nossa paciência curta. Concluímos que o metrô equatoriano funciona assim mesmo, e para chegar ao terminal tivemos que fazer a mesma coisa: quando o trole parou, mesmo sob os gritos de protesto de quem estava lá dentro, entramos com mala e tudo e ficamos ali esmagados, tentando abstrair a situação. Para complicar, o trajeto até o terminal sul não é direto - tivemos que descer em uma outra parada e pegar um ônibus até o terminal. No total, desde o centro até o terminal Quitumbe, levamos 1h30 - num domingo!

Por tudo isso, acho que Quito não está preparada para receber turistas, e é uma das poucas cidades do mundo aonde eu não faço questão de voltar. 

Claro que, se você chegar lá de avião, ficar hospedado bem no centro e só se locomover de táxi, sua impressão certamente será bem melhor que a nossa. Mas para quem vai só passar o dia, com o orçamento apertado e dependendo do transporte público, só posso desejar boa sorte, fé e coragem!

E o pior é que, se eu não estou enganado, você nem vai conseguir ser radical e excluir Quito do seu roteiro, pois não existe ônibus direto entre Otavalo (a principal cidade a norte) e Latacunga (a principal a sul). 




Como eu disse no começo do post, colocamos muita expectativa sobre Quito, e acabamos caindo do cavalo. Com a outra cidade grande do Equador, Guayaquil, aconteceu curiosamente o contrário: nem fazíamos questão de conhecê-la, mas fomos porque os voos para Galápagos são mais baratos saindo de lá. E assim como tudo deu errado em Quito, tudo deu certo em Guayaquil, e terminamos a viagem concluindo ironicamente que, de todas as metrópoles que conhecemos, foi dela que mais gostamos! 

É no próximo post, não perca!

Para ler nossos outros posts sobre o Equador, clique nos links:

Otavalo - Equador

Peru - roteiro de 7 dias 
Nariño (Colômbia)



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