Cape Town (ou Cidade do Cabo) é a cidade mais meridional da África, segundo seus habitantes. Olhando o mapa com precisão, percebe-se que na verdade esse título é de outro cabo, o Cape Agulhas - sendo esse definitivamente o ponto divisor entre os oceanos Índico e Atlântico. Mas nunca solte essa informação sigilosa quando estiver viajando por Cape Town - prefira viver a ilusão deles, se não quiser despertar imediatamente a antipatia do povo!
Deixando de lado essa competição, vamos falar do que a cidade realmente tem e ninguém discorda: incrível beleza natural, infraestrutura turística, pessoas sorridentes de todos os tipos, intensa vida selvagem, muita oportunidade de emprego, cursos para todos os gostos e, o que é melhor, preços baratos! Por essas e por outras, Cape Town é um vício para os viajantes - todo mundo que sai de lá, já está pensando em voltar!
Comigo não foi diferente: estive lá em janeiro de 2012 e a vontade de voltar ainda é imensa, quase 4 anos depois. De todos os lugares para onde eu já fui, se eu tivesse que escolher só um para ir de novo, com certeza seria Cape Town!
Um dos meus grandes acertos na viagem que eu fiz ao sul da África (leia mais neste link) foi ter escolhido um roteiro que começasse por Cape Town. Por outro lado, um erro imperdoável foi ter separado apenas 3 dias inteiros para conhecer a cidade. Tinha tanto para fazer que eu acabei deixando de conhecer o próprio centro histórico, não tive tempo de dar uma mísera caminhada por lá!
Segue então o meu roteiro, e outras dicas de passeios e atrações em Cape Town (que poderiam facilmente preencher uns 7 ou 10 dias de viagem):
Dia 1
Chegada em Cape Town às 19h - táxi para o hotel, no bairro Sea Point (longe do centro, perto das praias).
Dia 2
Acordei cedo e fui para o ponto do ônibus turístico Hop On Hop Off (o mesmo que existe em quase toda cidade turística do mundo, onde você paga um valor pela passagem do dia e pode descer ou subir em qualquer parada, a qualquer hora). Em Cape Town, atualmente, há 4 linhas desse ônibus, mas quando eu fui havia apenas 2: a vermelha e a azul. Eu optei por fazer a linha vermelha nesse dia. Para saber mais, consultar preços e comprar tickets online, clique neste link.
Uma das paradas do ônibus - Castle of Good Hope |
Table Mountain vista do ônibus |
Depois de conhecer panoramicamente a cidade, saltei do ônibus em frente ao grande monumento natural que é o símbolo de Cape Town: a Table Mountain. O que a maioria dos turistas faz é subir de teleférico até o topo da montanha, tirar algumas fotos, tomar um café e descer outra vez. Mas eu sabia que era possível subir caminhando, e que essa trilha valia a pena pois possibilitava tirar fotos da paisagem ao longo da subida, e não só do topo - além da principal vantagem, claro: economizar com o teleférico! Porém, na noite anterior, no hotel, eu tinha sido informado de que era perigoso subir a Table Mountain a pé, pois no trajeto havia ladrões! Achei um pouco estranho, mas como eu não estava a fim de arriscar resolvi seguir o conselho e subir de teleférico.
Chegando lá, depois de descer do ônibus de turismo, fui caminhando meio perdido procurando achar a entrada do teleférico - fui caminhando, caminhando, seguindo a multidão... e quando eu vi, já estava no meio da trilha que subia a montanha! Olhei para os lados - paisagem aberta, caminho tranquilo, muitas pessoas em volta - e não consegui imaginar que nada de ruim pudesse me acontecer ali. Segui caminhando e de fato não me arrependi!
Dicas para a trilha da Table Mountain: (1) o caminho não é muito bem sinalizado, então quando houver uma bifurcação pergunte para alguém ao lado qual o caminho mais fácil (existem outros que envolvem até escalada); (2) leve MUITA água, pois a subida é cansativa e longa (de 2h a 4h, dependendo do ritmo); (3) use roupa confortável e muito protetor solar, no caminho quase não tem sombra.
No meio da trilha eu encontrei outros 2 brasileiros, que estavam na África do Sul estudando inglês (o número de pessoas que faz isso é enorme, só no avião onde eu fui tinha uns 50 estudantes!). Um deles não aguentou e teve que voltar e subir de teleférico, eu e o outro chegamos até o topo!
A visão lá de cima é sensacional, mas atenção: num passeio à Table Mountain, tudo o que você NÃO VÊ é a Table Mountain! Se quiser vê-la, o melhor jeito é ir a um mirante que fica meio afastado da cidade (eu só cheguei lá depois de iniciar a excursão com a Nomad, leia neste link).
Lá no topo, fizemos mais uma caminhada até alguns mirantes, e depois "almoçamos" (já passava das 15h) no restaurante - comida muito ruim e não muito barata, recomendo levar sanduíches na mochila!
Vida selvagem até no restaurante |
Resolvemos descer de teleférico, para poupar tempo, e eu e os outros 2 brasileiros combinamos de nos encontrar no Victoria & Alfred Waterfront, um porto que funciona como o "point" da cidade, onde todos se encontram para comer, beber ou só passear. Eu peguei de novo o ônibus de turismo, linha vermelha, e desci no Waterfront.
Pelo caminho passei por toda a orla de Cape Town, atravessando as praias de Camps Bay e Clifton - uma mais bonita que a outra, bem movimentadas, com um calçadão limpo, espaçoso e cheio de bebedouros pelo caminho. Do outro lado da avenida beira-mar, não faltam opções de restaurantes e lojas.
No Waterfront, comemos alguma coisa e passeamos por um centro comercial que tem ali perto. Depois disso já estava anoitecendo, e eu voltei para o hotel para descansar, pois o dia seguinte seria intenso!
Dia 3
Eu reservei para esse dia, no hotel mesmo, um tour pela região sul da cidade - que incluía, é claro, a super-atração chamada Cape of Good Hope - o Cabo da Boa Esperança, famoso por (não) separar os oceanos Índico e Atlântico e por (não) ser o ponto mais ao sul do continente africano.
Eu não lembro exatamente quanto essa excursão custou, mas lembro que foi barato para o que ela oferecia - transporte super confortável em van, paradas a qualquer hora para fotos e visitas a inúmeros pontos, com duração total de 9h. Ficou melhor ainda o custo-benefício quando eu descobri que o meu grande grupo era composto somente por mim e por mais um casal de suecos, o que me possibilitou ir no banco da frente junto com o motorista/guia, vendo a paisagem de camarote e ouvindo todo tipo de explicações e curiosidades sobre os locais visitados e a história sul-africana. Em resumo: ter feito esse tour foi um tiro certeiro e foi uma das coisas que mais valeram a pena durante a viagem toda! Saiu mais barato que a diária de um carro alugado e ainda tive todo o conforto numa viagem quase exclusiva, já que o casal de suecos mal falava, às vezes eu até esquecia que eles estavam no banco de trás.
Seguimos para Hout Bay, uma praia diferente das outras, com bastante vento, cheiro de peixe e bares onde se pode comer ainda mais barato que nos outros lugares! Nesse local, o guia perguntou se nós tínhamos interesse em fazer um passeio de barco de 45min de duração até a Seal Island - uma ilha que é uma grande colônia de focas. O casal super animado disse que não, que preferia ficar ali pela praia mesmo (fazendo o que???), mas eu falei que queria fazer, então eles tiveram que esperar todo o tempo do meu passeio sentados, sem fazer nada.
Também não lembro quanto custou o tour de barco, mas foi barato e valeu muito a pena - principalmente para mim, que gosto muito de ver animais selvagens em seu habitat (meio óbvio, para quem vai para a África!).
O barco chega bem perto das focas |
Prepare-se para se molhar muito! |
Essa chinesa abaixo me viu e pediu pra tirar uma foto comigo. Eu pensei que tinha entendido errado e peguei a câmera dela pra tirar uma foto dela, mas ela explicou que não, que queria que a amiga dela tirasse uma foto dela comigo!!! Aproveitei e pedi que tirasse uma com a minha câmera também - afinal eu tinha que registrar esse momento, não é todo dia que as minhas fãs me reconhecem (ou que eu sou vítima de uma pegadinha)!
Saindo de Hout Bay, fomos para Chapman's Peak, Scarborough (onde paramos numa loja ao ar livre de esculturas de animais) e Fish Hoek e Simon's Town, dois distritos de Cape Town que parecem cidadezinhas do interior da Holanda.
Finalmente, chegamos ao nosso objetivo: a península do Cabo, onde visitamos Cape Point e Cape of Good Hope. Cape Point é um complexo onde existe um farol e uma pequena trilha que leva a um mirante. De lá é possível observar todas as praias e baías ao redor.
Eu e o casal sueco no Chapman's Peak - O guia/motorista pediu que nós fingíssemos que estávamos conversando naturalmente para a foto sair mais espontânea! |
Uma abertura nas rochas para a estrada passar |
Scarborough |
Finalmente, chegamos ao nosso objetivo: a península do Cabo, onde visitamos Cape Point e Cape of Good Hope. Cape Point é um complexo onde existe um farol e uma pequena trilha que leva a um mirante. De lá é possível observar todas as praias e baías ao redor.
Babuínos na estrada da península |
Interrompendo o trânsito |
Vista do mirante |
A subida até o farol |
Foto clássica com a placa das distâncias |
Almoçamos no Two Oceans Restaurant, o único do local. Comida muito boa (eu pedi frango recheado com 4 queijos) e bom preço! Depois do almoço fomos com a van para Cape of Good Hope, onde vimos a famosa placa:
Começamos nosso caminho de volta, e dessa vez paramos em Boulders Beach, lar dos pinguins de Cape Town. Ao contrário do passeio que eu fiz em Ushuaia, nessa praia os pinguins ficam numa área isolada, e o máximo que os turistas podem fazer é tirar fotos de cima de uma passarela de madeira (a entrada é paga).
Depois disso ainda fizemos uma trilha costeira e ficamos um tempo na praia - mas não o suficiente, pois essa foi a praia mais bonita que eu vi na África.
Depois disso voltamos para o hotel, e só então pagamos a excursão!
Dia 4
De manhã eu peguei outra vez o ônibus de turismo, mas dessa vez o que fazia a linha azul. Como eu tinha combinado com os amigos brasileiros de passar a tarde nas praias de Camps Bay e Clifton, optei por não descer em nenhum dos demais pontos onde o ônibus parou de manhã. Conheci então toda a região sul de Cape Town, passando pelo famoso Jardim Botânico (Kirstenbosch Gardens), entre tantas outras atrações. Depois de fazer praticamente o trajeto completo do ônibus, desci em Hout Bay (a praia onde tem o passeio da ilha das focas) e aproveitei para almoçar um lanche por lá.
Depois de comer, peguei o ônibus outra vez e fui até Camps Bay, onde encontrei os amigos e dei uma boa caminhada pela praia, até a praia de Clifton.
Bem que eu tentei entrar no mar, mas a temperatura da água é um absurdo de tão fria! Dizem que as praias da costa oeste de Cape Town têm água gelada, enquanto que as do leste (como a Bouders Beach, a praia dos pinguins) tem água mais quente. Mas mesmo com todo aquele gelo (não dava nem pra aguentar botar os pés na água) havia dezenas de pessoas tomando banho!
Bem que eu tentei entrar no mar, mas a temperatura da água é um absurdo de tão fria! Dizem que as praias da costa oeste de Cape Town têm água gelada, enquanto que as do leste (como a Bouders Beach, a praia dos pinguins) tem água mais quente. Mas mesmo com todo aquele gelo (não dava nem pra aguentar botar os pés na água) havia dezenas de pessoas tomando banho!
Já no fim do dia dei mais uma caminhada, dessa vez no bairro de Sea Point, onde ficava o meu hotel.
Entardecer no calçadão de Sea Point |
Dia 5
Pela manhã encontrei o meu grupo de viagem da agência Nomad e já rumamos para o norte, em direção à cordilheira Cederberg (a quase 200km de Cape Town). Mas antes disso paramos naquele mirante da Table Mountain!
Minha última foto em Cape Town foi justamente o cartão-postal da cidade |
Esse foi o meu roteiro nesse período apertado de 3 dias inteiros, mas se você tiver mais tempo vale a pena dar um caminhada pelo centro histórico da cidade, além de conhecer a Robben Island (ilha onde Nelson Mandela ficou preso e hoje funciona como museu), visitar mais lugares na península sul (nesse caso teria que passar uma noite por lá), escalar a montanha Lyons Peak, passar um dia inteiro nas praias do leste (especialmente Boulders Beach), entrar no jardim botânico, passear pelas vinícolas, fazer um curso de inglês... enfim, Cape Town tem um leque quase infinito de opções para oferecer!
E aqui vão mais algumas dicas:
QUANDO IR?
Como quase qualquer lugar no mundo, Cape Town tem como suas melhores estações o outono e a primavera, pois os preços são mais baixos, tem menos gente, as temperaturas são amenas e os dias ensolarados. O inverno é bom para quem gosta de frio, mas daí exclua as praias do roteiro e prepare-se também para a chuva! Eu fui no verão, bem no começo de janeiro, pois era quando eu tinha as férias da faculdade - peguei 100% de sol (dizem que chove pouquíssimo no verão), mas em compensação as temperaturas estavam em quase 40ºC!
COMO CHEGAR?
Não há voos diretos do Brasil para Cape Town. O jeito mais fácil de chegar lá é voando South African Airlines (foi o que eu fiz) e fazendo conexão em Johannesburgo. Os voos para lá estão bem caros ultimamente, e quase não vejo promoção para esse destino. Mas uma dica valiosa e inédita (nunca vi em nenhum blog de viagem) é: vá de milhas para Cape Town! Até hoje, eu não encontrei um melhor custo-benefício para usar as milhas: com apenas 25.000 pontos Tam, você já compra um trecho de qualquer lugar do Brasil para Cape Town - sendo que em dinheiro você pagaria, via de regra, mais de R$ 4.000,00 (ida e volta). Para se ter uma ideia, o custo de uma passagem para Cape Town é normalmente o dobro de uma para a Europa, mas com milhas compra-se pela metade da pontuação para a Europa! Quem conseguiu juntar 50.000 milhas da Tam não precisa nem pensar duas vezes para escolher o destino! Aliás, quem não tem essas milhas pode aproveitar uma promoção e comprar milhas da Tam, com certeza vai pagar muito menos do que os R$ 4.000 que custaria a passagem.
QUAL A MOEDA?
O Rand, moeda sul-africana, que também é aceita na Namíbia (pelo menos era, 4 anos atrás). Atualmente, U$ 1 = 14 rands. Quando eu fui, em 2012, U$ 1 valia só 8 rands! Vale a pena levar dólares e trocar lá por rands (evite trocar no aeroporto, o câmbio é bem desfavorável).
QUAL O IDIOMA?
Praticamente todos na África do Sul são no mínimo bilíngues - isso porque o país possui 11 línguas oficiais, além de muitos outros dialetos locais! As principais são o inglês (falado por todos, com um sotaque pausado muito fácil de entender) e o africâner (derivado do holandês).
O QUE COMER?
Praticamente todos na África do Sul são no mínimo bilíngues - isso porque o país possui 11 línguas oficiais, além de muitos outros dialetos locais! As principais são o inglês (falado por todos, com um sotaque pausado muito fácil de entender) e o africâner (derivado do holandês).
O QUE COMER?
Uma questão bem particular! Para quem gosta de comida MUITO apimentada, a dica é: coma qualquer coisa, em qualquer restaurante. Se não gosta, a dica é: almoce e jante todos os dias na rede de fast-food Perfect Burger! Eles honram o nome e fazem um hamburguer realmente perfeito, que consegue praticamente o impossível: ser melhor ainda que o do Mc Donalds, pois tem mais queijo e um bacon bem torradinho!
DICA DE ROTEIRO PELA ÁFRICA DO SUL E ARREDORES:
Um itinerário que eu pretendo fazer quando voltar à África do Sul (espero que em breve!) é a famosa Garden Route, que liga Cape Town a Port Elizabeth, pelo litoral sul. Tem muita coisa para ver nesse caminho de aproximadamente 800km. Além disso a África do Sul ainda tem o Blyde River Canyon, o imenso Kruger National Park (ideal para safáris) e a grande cidade de Johannesburgo. Ali encravados estão também outros 2 países: Lesoto e Suazilândia. Esticando um pouco mais a viagem (com certeza vou fazer isso!), logo ao lado estão Madagascar e as Ilhas Maurício, além da menos conhecida Ilha da Reunião (território francês). Passando MUITO tempo viajando, não deixe de conhecer a Namíbia, a Botswana, a Zâmbia, o Zimbábue e Moçambique!
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