terça-feira, 12 de maio de 2015

Inverno nos Pirineus - roteiro de 9 dias

Durante a nossa última viagem, como eu já havia falado neste post aqui, priorizamos a natureza e passamos 9 dias inteiros conhecendo muito bem a região dos Pirineus, uma grande cordilheira que divide a França da Espanha, atravessando ainda um terceiro país: o principado de Andorra.




Antes de mais nada, saiba que recomendamos os Pirineus em qualquer estação do ano, e podemos falar isso com propriedade justamente porque estivemos lá naquela que, segundo as informações oficiais, é a pior época para fazer turismo: o inverno, e mesmo assim nos surpreendemos com tanta beleza e diversidade. É verdade que 2015 não teve um inverno muito rigoroso, e que estivemos lá no final da temporada (início de março) - mas ainda havia muita neve e a estação fria dura até o final de abril. E atenção: o inverno é considerado ruim para fazer turismo - para esquiar, por razões óbvias, não tem época melhor!

Como eu considero que o nosso roteiro de carro, modéstia à parte, foi absolutamente perfeito para conhecer bem os Pirineus sem tornar a viagem maçante, vou compartilhar aqui para que ele possa ser copiado muitas e muitas vezes por quem tiver bastante tempo e disposição. Vamos lá então:



Simplificando muito, esse é o mapa do roteiro


 01/03 - Chegando nos Pirineus - Fiscal

Estávamos em San Sebastián, cidade no litoral norte da Espanha bem próxima à fronteira com a França. O dia amanheceu chovendo demais e nós ficamos apavorados com a possibilidade de haver muita chuva ou neve no caminho até Fiscal, nossa primeira parada da aventura nos Pirineus. Tomamos um bom café da manhã e encaramos com firmeza o desafio das 3h de viagem rumo às montanhas.

Felizmente, mal deixamos o norte da Espanha e a chuva cessou por todo o resto da viagem (Aleluia!) - e talvez até por isso tenhamos gostado tanto desses dias finais do nosso roteiro, quando nem uma gota d'água sequer caiu (e isso que era a estação mais chuvosa!).

Fiscal é uma cidade minúscula, com pouco mais de 300 habitantes, e dona de uma posição geográfica invejável. 2 motivos nos levaram a escolher Fiscal para passar 4 noites: a localização estratégica, no meio da maioria das grandes atrações dos Pirineus, e o preço barato inacreditável que pagamos pela nossa estadia, durante essas 4 noites, no espetacular Hostal Río Ara.

Esse hotel bem que merecia um post inteiro, falando só sobre as qualidades dele, mas para ser mais direto vou simplificar: o Hostal Río Ara ganhou, com um abismo de vantagem, o título de hotel com o melhor custo-benefício onde eu já me hospedei. Preparam-se para o choque: o preço da diária que pagamos foi 6,75 euros por pessoa, incluindo um quarto de casal excelente, com calefação, banheiro muito bom, internet no quarto, televisão, serviço de camareira diariamente, vista para a montanha e o que é melhor: um café da manhã repleto das melhores coisas que um hotel pode servir! Isso sem falar na simpatia dos donos, que nos deram todas as informações necessárias e foram muito atenciosos o tempo todo em que estivemos lá. Sim, e repito: tudo isso por apenas 6,75! Não consigo entender que lucro eles têm, pois se fôssemos tomar um café da manhã daquele nível na rua pagaríamos no mínimo uns 15 euros por pessoa. E mais essa: não pegamos nenhuma promoção de baixa temporada, o preço é esse mesmo em qualquer data que eu consultei no Booking. Você, que está pensando em economizar por um tempo, deveria passar pelo menos um mês dormindo e comendo do bom e do melhor de graça, em Fiscal.


O hotel, à beira do Río Ara


O salão do café da manhã/restaurante, com vista para o rio e a montanha

Agora que eu já fiz uma sucinta propaganda desse hotel, que na verdade merecia muito mais, vamos continuar falando do roteiro. Chegamos ao Hostal Río Ara no começo da tarde e, como era domingo, a cidade de 300 habitantes estava ainda mais parada do que o normal. Decidimos tirar a tarde para relaxar, já que não nos restava muito tempo para fazer grandes passeios ainda naquele dia. Caminhamos pela cidade e pelos vilarejos vizinhos (basta andar 100m e você está em um deles), tiramos fotos do bonito Río Ara, que atravessa Fiscal, e descansamos um pouco da rotina pesada (ser turista não é fácil!) que vínhamos encarando já há vários dias. 



À noite pegamos o carro e fomos jantar em Broto, a 20min de Fiscal, numa pizzaria (tudo a ver com o nome da cidade) não tão boa mas certamente muito barata e que valeu a pena: La Tea é o nome. A estrada entre Fiscal e Broto é de pista única, sinuosa e um poço de escuridão, mas com calma e perseverança qualquer motorista é capaz de vencê-la!



02/03 - Valle de Bujaruelo

Nesse dia fizemos nosso primeiro grande passeio pelos Pirineus. Saímos de manhã do hotel e fomos direto para aquele lugar onde todos os turistas devem passar: o centro de informações turísticas de Ordesa y Monte Perdido, que fica na cidade de Torla, a 25min de Fiscal. Explicamos quantos dias passaríamos na região e a atendente do centro nos indicou os melhores e mais seguros lugares para conhecer durante o inverno, época em que podem ocorrer perigosas avalanches. Esses lugares coincidiram com aqueles que eu já havia descoberto nas minhas pesquisas na internet, e eram o Valle de Bujaruelo, as Cascadas del Estrecho, o Cañon de Añísclo, as Gargantas de Escuaín e o Valle de Pineta.
 
Reservamos o dia 02/03 para a região de Bujaruelo (bem perto do centro de informações), um vale desabitado e grudado na fronteira francesa, onde nasce o famoso Río Ara. Em qualquer outra estação do ano, poderíamos seguir de carro até o final da estrada do vale, e de lá continuar o passeio a pé seguindo o leito do rio. Como estávamos no inverno, conseguimos dirigir só até certo ponto da estrada, e eram tantas as paradas para fotos que fazer tudo a pé daria praticamente no mesmo!






 

Quando a neve no chão começou a aumentar, estacionamos o carro no meio do nada e continuamos a pé, atravessando um bosque incrível.




Algum tempo depois chegamos ao grande descampado que é o vale, onde paramos para descansar na grama, fazer um piquenique e tirar muitas fotos da famosa ponte de San Nicolas de Bujaruelo




Recuperadas as energias, atravessamos a ponte e seguimos a margem direita do rio, caminhando por uma trilha com muita neve, pinheiros, pontezinhas de madeira, montanhas, água cristalina do rio... nada pode ser mais agradável que uma caminhada leve no Vale de Bujaruelo.




Como você pode ver, não estava tão frio


Voltamos para Fiscal no fim da tarde, e à noite jantamos no restaurante do nosso hotel, em retribuição à hospedagem gratuita que estávamos tendo. Não foi tão barato (8 euros por pessoa), mas também não era nada de mais e nos sentimos na obrigação moral de jantar ali pelo menos em uma das noites.



03/03 - Cañon de Añísclo / Valle de Pineta

Saímos de Fiscal após o café da manhã e fomos em direção a Escalona, cidade a leste de Fiscal (35min) que é a porta de entrada para o cânion (cañon, em espanhol) de Añísclo. Dirigimos pela estrada panorâmica que acompanha os grandes paredões ao lado do cânion. Essa rota liga Escalona a Sarvisé, cidade a norte de Fiscal (15min).

Não tivemos nenhum problema com neve ao longo de todo o caminho - o máximo que encontramos foram pedregulhos que haviam despencado das encostas, mas nada que apresentasse um perigo maior. No estacionamento que existe no meio da estrada, paramos e descemos para fazer a pé o Sendero del Agua, trilha circular de cerca de 1h de duração que passa por alguns pontos interessantes ao longo do trajeto. Nada de mais, eu não repetiria essa caminhada. O máximo que vimos foi esta cachoeira:




A grande atração do Cañon de Añisclo é, definitivamente, a sua estrada, com vista para o rio de água turquesa que corre lá embaixo. 




Voltamos a Escalona pelo mesmo caminho da ida, em vez de seguirmos na rota panorâmica para Sarvisé, pois tínhamos planos para a tarde de ainda permanecer naquela região.

Então comemos nosso almoço (lanches que fizemos com pão, queijo, etc) e nos dirigimos para a segunda e melhor parte do dia: o fantástico Valle de Pineta, outro lugar que é colado na fronteira da França e onde majoritariamente as pessoas falam o francês, ainda que na Espanha! Nesse vale não tivemos a necessidade de fazer caminhadas, pois toda a estrada estava em ótimas condições e sem neve no asfalto. Dirigimos meio sem destino, pela rua única, até que chegamos a um grande hotel, já no final do vale, onde a estrada termina e só nos resta voltar pelo mesmo caminho. Em menos de 2h conhecemos bem o lugar e tiramos todas as nossas fotos.

Sem dúvida o Valle de Pineta foi um dos lugares mais bonitos que nós visitamos durante nossos 9 dias de passeios intensos nos Pirineus. Vale a pena conhecer! 










No final da tarde, voltamos para Fiscal via Cañón de Añísclo, dessa vez sim seguindo para Sarvisé pela estrada panorâmica, para completar o trajeto que tinha ficado inacabado de manhã.

Depois de tudo isso, e já exaustos, bateu aquela vontade de comer comida ótima gastando muito pouco: McDonalds! Desanimamos um pouco ao constatar, pela internet, que o Mc mais próximo ficava na cidade de Jaca, a oeste de Fiscal (35min). Mas a fome era tanta que encaramos a jornada, e de quebra conhecemos essa cidade muito interessante que nem estava nos nossos planos iniciais! Jaca (que não merecia esse nome) tem um centro histórico muito legal, com zonas para pedestres repletas de cafés e restaurantes, mas o grande atrativo mesmo é a Ciudadela - uma fortaleza construída no Século XVI. Como já era quase de madrugada, ela estava fechada, mas durante o dia pode-se fazer um passeio guiado pelo interior das muralhas, comprando o ingresso nas bilheterias da entrada.

Voltamos para Fiscal e chegamos lá depois da meia-noite - tinha sido um dia aproveitado literalmente até o fim!



04/03 - Cascadas del Estrecho / Gargantas de Escuaín / Lago de Aínsa

Para a nossa última manhã na região de Fiscal, reservamos o passeio mais clássico do Parque Nacional de Ordesa y Monte Perdido: a trilha do Circo de Soaso, que parte da Pradera de Ordesa, próxima à cidade de Torla (25min a norte de Fiscal).


Pradera de Ordesa


Dessa vez realmente sentimos a força da neve - o caminho inteiro estava tomado por ela, e ainda estava nevando mais e mais. Nossa ideia inicial era completar a grande trilha de 6h de duração - 3 para ir e 3 para voltar, cujo ápice é a grande cachoeira Cola de Caballo. Porém, com medo de que tanta neve pudesse causar uma avalanche, avançamos somente até a área 100% segura desse risco - correspondente a mais ou menos 1h ida e 1h volta. Ao longo desse caminho difícil, com alguma inclinação e muita neve fofa debaixo das botas, pudemos conhecer algumas cachoeiras:


 






Depois disso almoçamos nossos sanduíches e, como tínhamos tempo sobrando, decidimos embarcar na grande indiada dos Pirineus: uma viagem de 1h30 até Escuaín, uma cidade fantasma onde não encontramos um único habitante, apenas ruínas macabras e muitos, muitos gatos! A trilha das Gargantas de Escuaín é feita a pé, demora 30min e é circular. Ao longo do trajeto não se vê nada que valha a pena - realmente, pra ser bem sincero, só perdemos o nosso tempo. O mais fascinante do lugar foi a sensação de abandono e isolamento daquele povoado (despovoado) governado por gatos.




Mas nem tudo estava perdido - na volta de Escuaín para Fiscal, passamos pela cidade de Aínsa (por onde até já tínhamos passado no dia anterior) e por acaso espiamos pela janela do carro e enxergamos, ali perto, uma água absurdamente azul! Na mesma hora desviamos do nosso caminho e seguimos em direção ao Lago de Aínsa, uma atração surpreendente que com certeza ganhou o nosso dia. E o mais incrível é que em nenhum momento nos indicaram conhecer esse local, que estava ali, bem no caminho, debaixo do nosso nariz... 

Estacionamos o carro na rua mais próxima possível ao lago e seguimos a pé por um caminho cheio de árvores secas. Depois de uns 15min andando rápido, conseguimos alcançar o lago, certamente um dos mais bonitos que já conhecemos!














 Como já estava anoitecendo, voltamos para Fiscal e, preguiçosos, acabamos jantando de novo no restaurante do Hostal Río Ara - 8 euros por pessoa. E dessa vez, como se não bastasse toda a filantropia dos donos do hotel, ainda ganhamos um prato de comida inteiramente de graça - uma espécie de pão com queijo e tomate típico da região, que acabou sendo o nosso almoço do dia seguinte!



05/03 - Piedrafita de Jaca / Pirineus franceses

Essa manhã foi difícil, tivemos que deixar o Hostal Río Ara com lágrimas nos olhos. Dali para frente tínhamos consciência de que tudo nos pareceria caro e ruim, mas o tempo era curto e precisávamos seguir viagem.

Saímos de Fiscal após o café da manhã e fomos para o vilarejo de Piedrafita de Jaca, 45min a noroeste. Ao dobrar à esquerda na estrada e subir uma lomba, entrando no povoado, já experimentamos um deleite para a vista: a paisagem de um lago verde cercado por montanhas cobertas de neve. Inadmissível passar por ali e não fazer esse desvio para Piedrafita, tirando muitas fotos desse mirante do lago.




Mas as atrações não param por aí - a cidade ainda guarda o Parque Faunístico Lacuniacha, uma espécie de zoológico dos animais típicos dos Pirineus. De regra, nós passamos longe de zoológicos, pois não achamos certo dar dinheiro para quem tira os bichos do seu habitat e os aprisiona para que os turistas possam vê-los. Mas esse zoológico não funciona bem assim - os animais que vivem ali são todos provenientes de outros parques que já existiam e foram fechados. Além disso, os espaços onde os bichos ficam são imensos, quilométricos, tão grandes que eles nem devem perceber que não estão em liberdade. Tanto é assim que a visita dos turistas dura, em média, 3h - esse é o tempo necessário para percorrer todo o espaço do parque, com apenas umas 15 áreas de animais. Calcule então o tamanho de cada área!
  Não tivemos muita sorte na nossa visita porque era inverno e muitos bichos estavam hibernando, inclusive o urso, que queríamos muito ter visto. De qualquer forma, seguem algumas fotos dos animais que apareceram para nós:














 
E nem só de animais sobrevive o lugar, existe também um belo mirante para as montanhas:







O ingresso do Lacuniacha custa 15 euros e é comprado na entrada do parque, que fica aberto o ano inteiro (ao contrário de muitos rumores de que fica fechado durante o inverno).

Depois de muito caminhar pela neve, saímos do parque faunístico, almoçamos e tomamos o rumo da França, com destino à cidade de Lourdes, onde passaríamos as 2 noites seguintes. Não escolhemos Lourdes pelo turismo religioso intenso da cidade, e sim porque era um local estratégico e mais barato de hospedagem para quem quer explorar um pouco dos Pirineus franceses.

No caminho até lá passamos por paisagens incríveis na estrada:








Desembarcamos em frente ao nosso hotel reservado, o Marial, muito bem localizado na Rue de la Grotte, rua onde fica a igreja e a gruta de Nossa Senhora de Lourdes. Passeamos um pouco pelas ruelas do centro, e tivemos uma impressão negativa da cidade - feia, com aparência suja, povo pouco receptivo e absolutamente nenhum atrativo a não ser de fato para o turismo religioso. Jantamos no McDonalds e deixamos para conhecer a igreja no dia seguinte, já que ela fecha para o público às 18h.


06/03 - Gavarnie / Lourdes

Esse foi um dos melhores dias de toda a viagem, mas futuramente acabou se tornando o nosso grande problema: todas as fotos desse dia foram perdidas!

Nós costumávamos tirar fotos tanto com a câmera quanto com o celular. Justamente nesse dia o celular resolveu simplesmente não ligar! Tiramos todas as fotos só com a câmera, e poucos dias depois estragou o cartão de memória - fomos duplamente azarados! Para recuperar as fotos do cartão teríamos que pagar mais de R$ 2.000, e chegamos à conclusão de que, por esse preço, vale mais a pena voltar a Gavarnie e tirar as fotos de novo, o que está nos nossos planos para um limite máximo de 10 anos!

Voltando ao roteiro então, saímos do hotel pelas 9h e chegamos em Gavarnie pelas 10h30. O trajeto em si não é longo (só 48km), mas a estrada é tão bonita que paramos o tempo todo para tirar as malditas fotos que nunca mais vamos ver! Chegando lá, o que nos chamou a atenção foi a grande quantidade de turistas - coisa que não tínhamos visto nos Pirineus espanhóis, onde estávamos sozinhos o tempo todo.

Seguimos a trilha do Cirque de Gavarnie, muito bem sinalizada e praticamente a única atividade que a cidade oferece, então TODOS os turistas estão ali e não tem como errar o caminho. Fizemos uma caminhada muito boa pela neve, com a belíssima paisagem dos paredões ao fundo. Segue uma imagem do google:




Mais uma vez, infelizmente, tivemos que seguir só até o ponto seguro das avalanches. Andando pela trilha completa, teríamos demorado cerca de 3h. A parte que pudemos fazer demorou pouco mais de 1h30, contando ida e volta, mas valeu tanto a pena que provavelmente voltaríamos lá de qualquer jeito algum dia, mesmo que as fotos fossem recuperadas! Enquanto esse dia não chega, Gavarnie segue gravada só nas nossas memórias.

No caminho de volta para Lourdes, paramos em Luz-Saint-Sauveur, uma cidadezinha típica de montanha onde passeamos um pouco e compramos nosso almoço em um supermercado Carrefour.

Chegamos em Lourdes no meio da tarde e o celular voltou a funcionar, então tiramos algumas fotos com ele. Fomos conhecer a igreja e a gruta onde supostamente Nossa Senhora de Lourdes apareceu para uma menina no final do século XIX. Essa área da cidade estava uma confusão, pois tudo estava em obras. A foto da igreja foi com o celular, e segue abaixo, mas a da gruta infelizmente foi tirada com a câmera e já era!




Também aproveitamos para passear pelos canais e conhecer o cemitério da cidade. 

 Jantamos num restaurante vietnamita ruim e não tão barato.

Nossa impressão do dia anterior se manteve, não fazemos nenhuma questão de voltar a Lourdes!


07/03 - Valle de Arán

Depois do café da manhã tomamos nosso caminho de volta para a Espanha, deixando para trás os Pirineus franceses. Aqui sou obrigado a fazer um parênteses: depois de 1 mês dirigindo na Espanha, onde os motoristas são espertos, ágeis e o trânsito flui, dirigir 2 dias na França foi um desafio e um verdadeiro teste à paciência humana! Todos dirigem muito devagar, abaixo do limite permitido de velocidade, e fazem de tudo para prejudicar a ultrapassagem! Como se não bastasse, nos poucos casos em que eu dava um jeito de passar, ainda era xingado! Nesse sentido foi um alívio muito grande retornar à Espanha.

Passado o desabafo, vamos ao roteiro. Nosso destino esse dia era o Parque Nacional de Aiguestortes y Estany de Sant Maurici (com esse nome, só podia dar errado!). Escrevi com detalhes sobre esse dia frustrante no último post - roubada nº 6). Em resumo, tudo o que planejamos fazer deu errado, mas nem por isso deixamos de aproveitar as montanhas e tirar fotos muito bonitas da região do Valle de Arán, onde nos isolamos do mundo no Refugi del Fornet.









08/03 - Andorra

Visitar o minúsculo principado de Andorra (área: 468 km²) significou não apenas adicionar mais um país na minha lista, mas também conhecer a "capital dos Pirineus", como ele mesmo se intitula. No verão, Andorra oferece inúmeras opções de trilhas pelas montanhas, bosques e lagos. No inverno, em razão da altitude, tudo isso fica coberto por neve e não se pode fazer praticamente nada a não ser comprar e esquiar.

Saímos bem cedo do Refugi del Fornet e chegamos em Andorra após quase 3h de viagem de carro (claro que contando com algumas paradas para fotos na estrada). Entramos no país pelo sul e fomos direto para o hotel que tínhamos reservado - Hotel Font (**), na cidade de La Massana, o mais barato do país inteiro - mas ainda assim caro se comparado ao valor que vínhamos pagando. Custou 36 euros a diária para o casal. Como esse hotel não tem recepção (na verdade é igual a um prédio de apartamentos), o hóspede está autorizado a usufruir de toda a infraestrutura do seu hotel parceiro, o Magic Ski (****), que fica a menos uma quadra do Hotel Font. A recepção 24h, o excelente café da manhã (incluído na diária) e toda a comodidade dos ambientes do Hotel Magic Ski, que fazem jus às 4 estrelas, tornam muito bom o custo-benefício de se hospedar no "primo pobre" Font, já que a regra numa viagem é (ou deveria ser) usar o quarto somente para dormir.

Em Andorra, é óbvio, tudo é perto. No nosso primeiro dia no país conhecemos a capital, Andorra La Vella, uma cidade bem moderna e diferente da grande maioria das capitais europeias, onde imperam as antiguidades. A rua principal é recheada de free-shops (que em qualquer lugar do mundo são iguais) e outras lojas em geral. Entramos para dar uma olhada nos preços e nada era muito mais barato do que nos supermercados da Espanha. 









O único preço que nos chamou mesmo a atenção foi o da gasolina, consideravelmente mais barato do que na Espanha e na França. Abasteça em Andorra!

Depois de um curto passeio pela zona de compras de Andorra La Vella, seguimos para o Llac d'Engolasters, um lago muito bonito dentro de um grande parque que os andorranos (ou andorrenses) usam para passear com seus cachorros em dias de sol. Tivemos sorte de ver a metade do lago congelada, o que rendeu boas fotos e deixou a paisagem bem diferente.










Após uma caminhada pelo parque, almoçamos em Andorra La Vella e fomos para Arinsal, a principal estação de esqui do país. Perguntamos quanto custava para subir a montanha no teleférico, e nos surpreendemos muito quando nos deixaram fazer isso de graça! Pensamos que era alguma campanha do Dia da Mulher, mas no dia seguinte voltamos e fizemos a mesma coisa, outra vez sem pagar nada!






Depois disso fomos para El Serrat, outra estação de esqui, essa um pouco mais distante. Nada de especial - mas foi justamente lá que estragou o nosso cartão de memória da câmera, acabando com todas as fotos que tínhamos tirado desde o dia 06/03. Pelo menos ficamos com todas as fotos do celular, praticamente as mesmas que estavam na câmera.

Já era final de tarde, e voltamos para Andorra La Vella onde jantamos no McDonalds, para não perder o costume! Nem era nossa intenção repetir mais uma vez esse cardápio, mas de longe era a opção mais barata, além de ser um local onde comemos com toda a segurança, sem nenhum medo de pedir e não gostar. Esse, para mim, é o grande segredo do Mc: manter rigorosamente o mesmo padrão no mundo inteiro, assim você nunca terá uma surpresa desagradável comendo lá.

Voltamos para La Massana (a 10min de Andorra La Vella) e dormimos no nosso hotel.


09/03 - Andorra

Como no dia anterior nós conseguimos fazer mais coisas do que o planejado, o dia 09 acabou ficando meio parado. Aproveitamos para conhecer o centro histórico de Andorra La Vella, um tanto afastado da zona de compras (30min a pé). Em seguida atravessamos o país inteiro e fomos para Pas de la Casa, a última e mais oriental cidade de Andorra, junto à fronteira francesa. Visitamos mais uma estação de esqui, tiramos muitas fotos com as montanhas e tentamos subir no teleférico de graça, o que dessa vez não foi possível!







Voltamos para Andorra La Vella e almoçamos em um restaurante diferente, barato e muito interessante, que vende pratos prontos dentro de uma geladeira. Você escolhe seu prato, paga, esquenta num microondas e come ali mesmo. Nós 2 comemos muito bem (até mais do que devíamos) pagando apenas 8 euros (4 por pessoa). Infelizmente não lembramos o nome do lugar, mas ficava numa esquina e era bem perto da rua principal.

À tarde voltamos à estação de esqui Arinsal, pois já que era de graça resolvemos aproveitar e subir outra vez no teleférico! Fomos também em outra estação ali perto, Pal, mas também não conseguimos subir sem pagar. Pouco antes de anoitecer ainda voltamos ao Llac d'Engolasters e demos mais uma caminhada pelo parque. 




À noite fomos conhecer o shopping center de Andorra La Vella, o Illa Carlemany, e pretendíamos ficar por lá para jantar. 




Uma decepção, pois havia somente 1 (!!) restaurante no shopping, e ainda era caro e de fast-food. Acabamos fechando a noite com chave de ouro outra vez no McDonalds!!

Obs.: não passamos os 40 dias de viagem jantando no Mc! Na maioria dos hoteis e albergues onde ficamos havia cozinha, e nós comprávamos comida pré-pronta nos supermercados e esquentávamos "em casa".


10/02 - Saindo dos Pirineus

Com muita tristeza e vontade de voltar, deixamos as montanhas para trás e de manhã seguimos viagem rumo a Montserrat, na Espanha, mas isso já é assunto para outro post. Por enquanto ficamos por aqui!

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ATENÇÃO: como já diz o título do post, este é um itinerário especialmente montado para o inverno. Indo para os Pirineus em qualquer outra estação eu recomendaria passar mais dias, provavelmente até o dobro do tempo. Existem muitas trilhas que podem ser feitas, tanto na Espanha como na França ou em Andorra, que levam a um lugar mais bonito que o outro! 









Nos próximos posts continue nos acompanhando nessa viagem!